A Apple promoveu uma série de mudanças na segurança de suas fábricas, a fim de impedir vazamentos de informações sobre iPhones e outros produtos ainda não lançados. As medidas tomadas são bem variadas, indo desde apresentação de histórico criminal limpo para funcionários terceirizados, até o monitoramento ativo de posições de cada colaborador dentro da fábrica.
Desde que o iPhone foi anunciado em 2007, a Apple sempre foi reconhecida por guardar seus segredos com um rigor extremo. Isso mudou com aparelhos já não tão recentes, como do iPhone 4 em diante – todos, objetos de vazamentos bem certeiros que acabam tirando a surpresa dos eventos de revelação dos produtos. Segundo um documento oficial obtido pelo The Information, a empresa quer mudar isso.
Leia mais:
- Novo iPhone faz fábrica da Apple trabalhar 24h por dia na China
- Apple pode bloquear apps que não cumprirem novas regras de privacidade
- Entenda a polêmica por trás do novo recurso de privacidade da Apple
A primeira medida adotada pela Apple refere-se à coleta de informações biométricas de parceiros no chão de fábrica. Impressões digitais e escaneamentos faciais feitos por funcionários da Apple agora estão proibidos, mas essa regra não se estende para trabalhadores da linha de produção – estes, ainda terão que submeter digitais e rostos para registro e confirmação de identidade.
Um segundo parâmetro cita a verificação de antecedentes criminais. Todos os funcionários terceirizados agora deverão apresentar um certificado de que nunca tiveram problemas com a lei, ou não terão mais acesso a partes das fábricas onde produtos não divulgados estejam sendo discutidos ou montados.

O software dos computadores das fábricas também está sendo alterado, adquirindo a capacidade de monitorar o tempo médio gasto por um funcionário em uma determinada posição antes de seguir para a outra etapa da montagem. Se esse tempo for acima ou abaixo da média por qualquer razão, um alarme notificará o gerente de área para averiguação.
Finalmente, os seguranças de algumas das fábricas deverão manter consigo um registro de acesso onde vão catalogar a movimentação de funcionários entre uma área e outra. Eles também deverão exigir de visitantes uma identificação governamental, e fazer com que as câmeras de cancelas e estacionamentos capturem todos os lados de um veículo que entrar ou sair do local. Também é citado que a destruição de aparelhos descartados seja capturada em vídeo, que será armazenado pela própria Apple por pelo menos 180 dias.
Nova política viola os direitos humanos?
Evidentemente, a Apple pode se reservar ao direito de ampliar as medidas de segurança sobre seus produtos a fim de protegê-los de divulgações não planejadas.
Medidas do tipo, provavelmente, teriam impedido o vazamento do iPhone 4 há tantos anos: na ocasião, um funcionário estava com um protótipo quase finalizado do smartphone em um bar. Por um descuido, ele acabou deixando o aparelho no local, que acabou parando nas mãos de um jornalista Gizmodo nos EUA. Mas esse vacilo veio de um funcionário da própria Apple, e não de um colaborador terceirizado.
A situação, porém, poderia ter um timing melhor: recentes manifestações da Apple mostram que a empresa vinha adotando um discurso amigável aos direitos humanos e de privacidade de seus usuários. Os apps da App Store agora são obrigados a identificar expressamente quais dados do consumidor eles coletam, além da empresa de Cupertino forçar desenvolvedores a pedir pela permissão dos usuários para o monitoramento ativo em caso de apps para o iPhone ou iPad.
As medidas listadas acima, porém, mostram que a empresa está disposta a revogar suas próprias diretrizes em nome da proteção de produtos. A Apple não detalhou se as novas práticas valem, por exemplo, para seus funcionários internos. Sem falar que o armazenamento de informações, dados biométricos e vídeos também toca na proteção à privacidade, algo que a Apple afirma proteger com todas as forças.
Mantendo-se fiel à sua política interna, a Apple não comentou as informações divulgadas.
Fonte: The Information