Nesta quinta-feira (8), a batalha entre Apple e Epic Games ganhou mais um capítulo. A empresa de Cupertino apresentou documentos que apontam quais serão os argumentos que ela vai apresentar na disputa antitruste, que debate o funcionamento e as políticas de cobrança da App Store para desenvolvedores.

Para a Apple, segundo o resumo de argumentação legal, a Epic Games teria iniciado a batalha de forma desleal, com a desenvolvedora de jogos tendo orquestrado uma campanha de relações públicas – com a hashtag #FreeFortnite – em prol do seu sistema de pagamentos proprietário.

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Do ponto de vista da Apple, a Epic está tentando mudar a forma como a App Store é administrada.

Imagem mostra o ícone do aplicativo para o game Fortnite
Fortnite é um dos principais jogos da Epic Games e, com ele, a empresa teria obtido US$ 700 milhões nos anos que ficou disponível na App Store. Crédito: Konstantin Savusia/Shutterstock

A Apple apresenta o argumento de que os valores praticados por ela dentro da App Store não fogem aos padrões do mercado de plataformas de aplicativos mobile e, portanto, não seriam anticompetitivos.

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Na visão da empresa de Cupertino, as taxas são justas se considerados os valores que os desenvolvedores tem em retorno ao usar a plataforma da empresa para distribuir suas criações.

Antes de ser banida da App Store, a Epic Games teria conseguido fazer mais de US$ 700 milhões em receita com clientes iOS durante os dois anos em que o Fortnite esteve disponível na loja, afirma a Apple.

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“A Epic se beneficiou muito de relação contratual com a Apple”, disse a petição da Apple enviada ao tribunal. “A Epic usou SDKs proprietários da Apple e milhares de APIs proprietários para desenvolver jogos para usuários iOS.”

Caso a Epic Games saia vencedora no processo, tanto consumidores quanto outros desenvolvedores serão impactados negativamente, continuou a Apple.

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Vale lembrar que o CEO da Epic, Tim Sweeney já chegou a negar que a briga é por uma mudança nos valores das comissões. Ele declarou à Reuters que a empresa “não está pedindo a nenhum tribunal ou regulador para alterar esses 30% para algum outro número, apenas para restaurar a concorrência no iOS”.

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Em sua argumentação, por sua vez, a Epic alega que a Apple prejudica abusa do controle que tem sobre o iOS e “condiciona o acesso dos desenvolvedores aos bilhões de usuários iOS em restrições contratuais que engessam o controle da Apple sobre toda a distribuição de aplicativos iOS”, diz os arquivos da Epic.

A empresa afirma que o processo de revisão de aplicativos da Apple é “superficial” e “produz resultados ruins”.

O julgamento continua marcado para 3 de maio, mas sem júri. Entre as testemunhas estão listados os CEOs de ambas as empresas: Tim Cook, da Apple, e Tim Sweeney, da Epic.

Batalha está apenas no início

O conflito entre Apple e Epic Games existe há meses e teve início em agosto de 2020, quando a empresa de Cupertino chegou a suspender a conta de desenvolvedor da Epic Games na App Store.

À época, a gigante da tecnologia alegou que a desenvolvedora tentou evitar a taxa de 30% cobrada por ela ao criar seu próprio sistema de pagamento por meio de atualizações de um dos principais jogos da empresa, o Fortnite – algo que a Apple encarou como clara violação às regras de cobrança da sua plataforma de aplicativos.

A Epic Games, por sua vez, encarou o banimento como uma retaliação e violação às leis antitruste, entrando posteriormente com um processo contra a Apple e, inclusive, chegou a levar o caso à União Europeia.

Segundo a desenvolvedora de jogos, a Apple estaria usando “seu controle sob o ecossistema iOS para se beneficiar, enquanto bloqueia concorrentes”.

Via: Bloomberg