O maior evento de extinção em massa registrado na Terra ocorreu há 252 milhões de anos, quando uma série de erupções vulcânicas mudou drasticamente o clima do nosso planeta, causando a extinção das espécies e marcando o início da chamada “Era dos Dinossauros“. Um novo estudo apresentado na PNAS, publicação oficial da Academia de Ciências dos Estados Unidos, descobriu que as extinções ocorreram mais rápido nos oceanos. Já a vida na terra sofreu por um período mais prolongado.

Pia Viglietti, pesquisadora de pós-doutorado no Field Museum de Chicago e principal autora do estudo, relatou que uma razão para a discrepância pode ser que os oceanos, até certo ponto, absorveram mudanças químicas e se estabilizaram, algo que também ocorre na crise climática atual, na qual os oceanos absorvem, por exemplo, dióxido de carbono sem causar grandes impactos.

Contudo, isso pode mudar de forma repentina. “De repente, ocorrem falhas no ecossistema, como a acidificação dos oceanos”. O que, segundo a pesquisadora, pode ter acontecido no final do período Permiano (último da era Paleozoica, que inclui o intervalo entre 299 e 251 milhões de anos), quando mais de 85% das espécies marinhas foram extintas.

Oceano e céu azul
Período de extinção em massa ocorreu mais rápido nos oceanos.
Imagem: Satit Sewtiw/Shutterstock

Para saber o que aconteceu no mesmo período em terra firme, os cientistas examinaram fósseis de 588 animais que viveram na África do Sul na extinção do Permiano. Em seguida, eles criaram um banco de dados e separaram os fósseis por idade, agrupando-os em intervalos de 300 mil anos. Essa abordagem, permitiu quantificar o aparecimento e o desaparecimento das espécies, além de analisar o panorama da vida com o passar do tempo. “Nossa abordagem unificou os dados e diz, ok, dentro deste intervalo temos essas espécies, mas à medida que vamos adiante, temos essas outras”, informou Viglietti.

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Para descobrir padrões de extinção com base nos fósseis, os pesquisadores também recorreram à estatística. Roger Benson, professor de paleobiologia da Universidade de Oxford e um dos co-autores do estudo,
declarou que o trabalho envolveu até escrever algoritmos de computador para “extrair qualquer sinal de extinção dos dados”.

Lystrosaurus resistiu à tormenta

Lystrosaurus
O Lystrosaurus foi um herbívoro que variava do tamanho de um cão a uma vaca.
Imagem: Kostyantyn Ivanyshen/Shutterstock

Uma espécie que ajudou a revelar os padrões de extinção foi o Lystrosaurus, que prosperou durante uma época em que a maioria das outras formas de vida estava lutando. Segundo Viglietti, o Lystrosaurus sempre foi retratado como o animal que floresce após a extinção e assume o controle. Os estudiosos trabalham com duas hipóteses aqui: a de que ele “assumiu o controle” depois que os outros animais foram extintos, ou se o ambiente, que estava mudando, foi o fator que causou a extinção das outras espécies. “Nosso melhor palpite é o último”, confirmou a pesquisadora.

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A extinção do Permiano também fornece dados sobre os eventos que a Terra está passando atualmente devido à mudança climática. “As mudanças ambientais que estamos causando estão chegando ao ponto em que não há realmente nada na história da humanidade que seja comparável”, declarou Ken Angielczyk, autor sênior do artigo e curador de paleontologia de vertebrados no Field Museum. “O registro fóssil pode nos dar uma ideia de como são as crises massivas de biodiversidade e como elas ocorrem.”

Por fim, Viglietii reforça que demora muito tempo para se recuperar de uma extinção em massa. “Quando perdemos a diversidade, isso não vai se recuperar em nosso tempo de vida, é algo que vai levar centenas de milhares de anos, ou até milhões. Estudos como este mostram em que a nossa sociedade precisa se concentrar”, finalizou a pesquisadora.

Fonte: PNAS