O novo Moto G100 mostra que essa linha de celulares, lançada com o propósito de ser mais acessível, acabou evoluindo o suficiente para brigar com modelos mais poderosos. Com uma tela de maior taxa de atualização e ótimas especificações, o dispositivo chegou há pouco tempo no Brasil e tem ganhado cada vez mais destaque.

Apesar de ser um intermediário robusto, ele possui hardware para brigar com celulares mais potentes e caros. A ideia é oferecer um grande apanhado de funções aprimoradas, mas sem pesar tanto no bolso do consumidor. Neste review, contamos os principais destaques do novo Moto G100, lançado por R$ 4 mil.

Design

Se formos categorizar o Moto G100, ele seria o modelo de ponta dessa linha intermediária da Motorola. Até agora, além dele, já foram lançados no Brasil os modelos Moto G10, G20, G30 e G60. E, para trazer boas características, ele também traz alguns cortes, como no design.

Seu corpo é em plástico e ele é um aparelho grande, pesando pouco mais de 200 gramas. Mas ele possui um módulo de câmera na traseira que não fica muito saltado do corpo e traz um conector “P2” (3,5 mm) para fones de ouvido, além de um botão que aciona o Google Assistente. O atalho fica no lado esquerdo do celular e pode ser conveniente para alguns. No direito, há os botões de volume e o “liga/desliga”, que também funciona como leitor de impressões digitais.

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O leitor de digitais do Moto G100 é rápido e não apresentou problemas durante os nossos testes. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital

Não existem detalhes extravagantes em relação ao visual. As cores disponíveis são luminous sky (branco) e ocean, que mistura azul e roxo em um aspecto metálico. O aspecto geral dele é mais esticado, logo, se encaixa melhor nas mãos. Os cantos mais arredondados também ajudam na ergonomia. Por outro lado, diferente de outros celulares de ponta, não há nenhum tipo de certificação contra água no G100.

Tela

A tela LCD IPS do Moto G100 tem o considerável tamanho de 6,7 polegadas. Suas características incluem a resolução Full HD+ (2520 x 1080 pixels), taxa de atualização de 90 Hz e compatibilidade com HDR10. É uma tela com boa definição, brilho alto e de cores vibrantes, mas ainda perde para a tecnologia AMOLED em pontos como saturação e contraste.

Na maioria dos jogos, os “furinhos” da tela (para as câmeras) não atrapalharam os botões virtuais. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital

Aqui, vale um paralelo com o desempenho, sobre o qual falaremos mais adiante. Se por um lado a Motorola trouxe um chipset de ponta para o celular, a tela é, de fato, intermediária. Isso não significa que seja ruim, pelo contrário, mas ela não compete com aparelhos mais caros.

Por exemplo, há bordas mais nítidas no G100, especialmente na parte inferior. Ele também traz dois furos no canto superior esquerdo da tela para as câmeras, que não ocupam muito espaço, mas que não são exatamente pequenos. No fim, ele entrega uma boa experiência de tela e deve agradar à maioria dos usuários.

Desempenho e software

Facilmente, esse é o Moto G com melhor desempenho de toda a nova geração. Ele traz o novo Snapdragon 870 (3,2 GHz), que é uma versão aprimorada do Snapdragon 865+, chipset de ponta da Qualcomm em 2020. Sua ficha técnica ainda inclui 256 GB de armazenamento (cerca de 237 GB livres) e 12 GB de RAM, assim como o Samsung Galaxy S21 Ultra 5G.

Apesar dos cortes em outros pontos, como na câmera ou no design, o desempenho dele é muito bom. É equiparável a celulares de ponta do mercado, em grande parte por causa do chipset e da quantidade de RAM.

O Moto G100 aceita cartões microSD de até 1 TB em um slot híbrido, que também pode ser usado para dois chips de operadora. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital

Com o G100, não tivemos nenhum tipo de problema com lentidão, demora para abrir apps ou travamentos. Ele é veloz e a taxa maior de atualização da tela ajuda nessa impressão, já que torna as animações mais fluidas. Com jogos, por exemplo, o dispositivo manda muito bem e consegue ter bom desempenho com títulos exigentes.

Uma boa novidade está no modo Ready For. Usando um cabo USB-C para HDMI, ele se conecta à TVs ou monitores para se transformar numa central de jogos (e que funciona muito bem). Ele ainda traz um modo com interface de desktop que também pode transformar o celular em um trackpad; amplia as funções de TVs e pode ser usado para videochamadas.

É uma boa implementação, que inclusive possui um conector USB-C para carregar o celular enquanto o modo estiver ligado.

No software, a Motorola destaca o “Android puro” com poucas mudanças no Android 11. É uma interface básica, mas com os recursos de sempre da marca – como gestos e atalhos para abrir a câmera, ativar o flash LED e afins. O problema é que a Motorola só garante uma atualização do Android e duas de segurança, o que é bem pouco para um aparelho “de ponta”.

Bateria

A bateria do Moto G100 possui 5.000 mAh de capacidade, capaz de segurar uma carga por pouco mais de um dia em uso regular. Durante os nossos testes, o celular foi usado apenas com o modo de 90 Hz de atualização ligado. Esse é um bom resultado de autonomia, e em uso intenso é possível manter o dispositivo ligado por um dia inteiro sem muita dificuldade.

Quando testamos o celular com jogos e séries por streaming, tivemos uma ligeira variação na descarga. Com ‘League of Legends: Wild Rift’, por exemplo, a média foi de -16% por hora. Já com conteúdos da Netflix e Prime Video, a descarga foi de -13% por hora.

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Testamos também o tempo de descarga com o modo Ready For para jogos, e ele foi de -18% por hora. Isso significa que o modo, é claro, pode exigir mais da bateria, então é bom usá-lo com o celular carregando – ou a jogatina pode ser interrompida.

Já o tempo de carregamento não é ultrarrápido. O G100 traz um carregador de 20 watts na caixa que preenche uma carga completa em duas horas. Mesmo com carregadores mais rápidos do que o que vem na caixa, o tempo de carregamento ficou nessa mesma média:

  • 5 minutos: 6%
  • 10 minutos: 12%
  • 15 minutos: 20%
  • 30 minutos: 35%
  • 45 minutos: 50%
  • 1 hora: 62%
  • Carga completa: 1h57

Câmeras

No total, o Moto G100 possui cinco sensores de câmera. Na traseira, são três lentes e um sensor ToF de luz, que consegue identificar a distância entre objetos e ajuda no foco. A lente principal é acompanhada de um sensor de 64 MP (f/1.7, 79º). Também há uma grande-angular com sensor de 16 MP (f/2.2, 117º), e outro sensor de 2 MP (f/2.4, 83º) para efeitos de profundidade.

As fotos clicadas com o G100 têm boa qualidade, especialmente se o usuário estiver em ambientes com boa iluminação. Há uma boa relação de contraste, a exposição é calibrada e também há nitidez, com baixo nível de ruído.

Isso também se aplica à câmera grande-angular, embora ela tenha desempenho inferior por não conseguir captar tanta luz quanto o sensor principal. Em tempo, ela também apresenta mais ruído e uma leve distorção nos cantos das imagens.

Câmera principal do Moto G100 faz fotografias com nitidez e cores vibrantes. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital
Em mesma cena, fotografia com câmera de angulo aberto no Moto G100 amplia o espaço de captura e, em boa luz, não perde muita qualidade. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital
Fotografias macro do Moto G100 são feitas com a lente de ângulo aberto, que é “híbrida”. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital

A Motorola também trouxe bons ajustes para cenários e fotografias noturnas. O celular registra um bom nível de detalhes, tem bom alcance dinâmico e não “estoura” as áreas mais claras das imagens, apesar do ruído aparente. Não é um desempenho comparável a, mais uma vez, celulares de ponta, mas pode ser agradável.

Fotografias em locais de baixa iluminação com o Moto G100 tendem a ficar mais escuras. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital
Câmera de ângulo aberto do Moto G100 também deixa áreas mais escuras em cenários de baixa luz. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital
Fotografias com modo noturno do Moto G100 ficam mais claras, mas com ruído aparente. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital

O aparelho também traz alguns recursos extras de câmera. Por exemplo, há uma função para gravar vídeos em 6K (30 fps) ou 4K (30 fps ou 60 fps) com a câmera principal, e outra para gravar com a câmera macro. Também há um modo profissional de fotografia e o Ultra-Res, que faz imagens de 64 MP. Normalmente, elas são renderizadas em 12 MP e já trazem bons ajustes e preservação de detalhes.

Também existe um “segundo flash” na traseira do Moto G100, que é habilitado apenas em fotografias macro. Ele fica no aro da câmera e ajuda nos closes. As imagens não são exatamente excelentes, mas com certeza são melhores do que em sensores de 2 MP ou 5 MP.

Foto capturada com a câmera frontal (principal) do Moto G100. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital
Foto capturada com a câmera frontal de angulo aberto (secundária) do Moto G100. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital

Já na frontal, ele traz duas câmeras: uma com sensor de 16 MP (f/2.2, 73º) e outra com sensor de 8 MP (f/2.4, 118º), com lente grande-angular. Assim, ele consegue fazer selfies mais fechadas e outras mais amplas, captando mais espaço de um cenário. A lente principal faz boas fotos a nível intermediário, e a grande-angular pode quebrar um galho. Entretanto, o modo noturno não está disponível neste sensor, o que certamente poderia ajudar a melhorar a nitidez.

Vale a pena?

Apesar de não ser exatamente um celular premium, o Moto G100 é um dos aparelhos mais interessantes da atualidade. Ele tem um design mais comum, tela com tecnologia LCD de alta taxa de atualização e boa definição, além de câmeras e bateria que não decepcionam.

O fato é que o aparelho é o modelo dessa geração que menos se aproxima da ideia original da linha Moto G. Ele leva quase tudo a um alto nível, como a adoção do 5G, e traz ótimo desempenho. Mas é uma pena que a política de atualizações se concentre em um período curto.

Pelo preço de R$ 3.999, que não é exatamente baixo, o dispositivo traz configuração mais avançada que o Galaxy A52 ou A72 e pode ser uma ótima opção para quem busca um intermediário avançado para jogar – ou com bom desempenho geral. Atualmente, nesta faixa, o G100 conseguiu um lugar com bastante destaque até mesmo entre os rivais de fabricantes chinesas.