As ilhas Seychelles, que proporcionalmente é a nação mais vacinada do mundo, com cerca de 60% de sua população imunizada contra a Covid-19, está enfrentando um novo surto da doença. O aumento nos casos no pequeno país africano levanta uma série de questionamentos em relação à eficácia da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinopharm, que foi administrada na maior parte dos habitantes do país. 

De acordo com o Ministério da Saúde do arquipélago, mais de 2.400 pessoas foram diagnosticadas com a Covid-19 até a última sexta-feira (7). Isso significa que os casos mais que dobraram em relação à semana anterior, que teve menos de 1.100 casos. Entre os infectados, 37% havia recebido duas doses de vacina, mas o governo não detalhou qual dos imunizantes. 

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Entre os imunizados em Seychelles, 57% receberam a vacina do laboratório chinês, o restante, cerca de 3%, recebeu o imunizante da AstraZeneca/Oxford com fabricação na Índia. Após o aumento dos casos, o arquipélago impôs uma série de restrições, como fechamento de escolas, cancelamento de eventos esportivos e a proibição de reuniões de famílias que não moram juntas. 

Apesar do aumento no número de casos, a maior parte das infecções é da forma leve da doença, disse a diretora de imunizações da Organização Mundial da Saúde, Kate O’Brien, ao The Wall Street Journal. “A vacina Sinopharm realmente requer duas doses. E alguns dos casos que estão sendo relatados estão ocorrendo logo após uma única dose ou logo após uma segunda dose”. 

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Na pior hora

O aumento repentino do número de casos em Seychelles coloca em xeque a real eficácia do imunizante produzido pela estatal chinesa. Além disso, a vacina da Sinopharm foi recomendada pela OMS para uso emergencial na última sexta-feira (7), o que libera o uso do imunizante em escala global.

OMS tem "confiança muito baixa" em dados sobre efeitos colaterais da vacina chinesa da Sinopharm
Vacina da Sinopharm foi aprovada pela OMS para uso emergencial na última sexta-feira (7) Imagem: Steve Heap (Shutterstock)

O órgão anunciou a decisão após semanas de deliberação, o intuito é ajudar a acelerar o processo de imunização em países pobres ou em desenvolvimento. Essas nações têm sofrido com a escassez de doses, cenário que foi agravado com a paralisação das exportações da Índia após em razão do surto de Covid-19 enfrentado pelo país asiático

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Apesar de ainda não terem feito o sequenciamento genético do vírus circulante em Seychelles, acredita-se que a razão pode ser a variante B.1.352. Essa cepa, que foi descoberta na África do Sul, foi encontrada no arquipélago em fevereiro. Estudos envolvendo a vacina da AstraZeneca mostraram que ela é menos eficaz contra essa variante. 

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