Cientistas descobriram uma estrela gigante vermelha, localizada a 16 mil anos-luz da Terra, que parece ser da segunda geração de estrelas. Enquanto o nosso universo foi criado a partir do Big Bang há cerca de 14 bilhões de anos, a SPLUS J2104-0049, como foi chamada a nova estrela, se formou há no mínimo 13,7 bilhões de anos. Em se tratando do universo, essas datas são relativamente próximas uma da outra.

Com dados obtidos pelo Southern Photometric Local Surveu (S-PLUS), no Observatório Cerro Tololo, no Chile, os astrônomos fizeram investigações por meio da fotometria, técnica que mede a intensidade da luz e que possibilita a descoberta de objetos antigos como uma nova estrela.

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Além disso, uma análise da composição química indicou que a SPLUS J2104-0049 parece conter elementos de uma única outra estrela da primeira geração. Se isso se comprovar uma realidade, é um grande passo para entendermos melhor sobre a primeira geração de estrelas no universo, que até o momento não foram descobertas.

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A nova estrela SPLUS J210428-004934 é semelhante à gigante vermelha L2 Puppis
A nova estrela SPLUS J210428-004934 é semelhante à gigante vermelha L2 Puppis. Foto: ESO/Digitized Sky Survey 2

O que sabemos sobre a nova estrela

Por meio da fotometria, os pesquisadores puderam observar que a SPLUS J2104-0049 é uma estrela ultra-pobre em metal (ou UMP, ultra-metal-poor). Isso significa que ela possui baixíssima quantidade de elementos como carbono, ferro, oxigênio, magnésio e lítio, detectados por meio da análise do espectro de luz emitido pela estrela, que contém as impressões digitais químicas dos elementos que estão presentes.

Antes da primeira geração de estrelas se formar, não havia elementos pesados no universo – ele era feito principalmente de hélio e hidrogênio. Os elementos mais pesados surgiram do processo de fusão termonuclear nos núcleos dessas estrelas.

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Com a morte (e explosão) das estrelas dessa primeira geração, esses elementos começaram a se espalhar pelo universo – isso significa que as novas estrelas possuem mais metais do que as anteriores. Portanto, por ser da segunda geração, a SPLUS J2104-0049 possui poucos metais – apenas aqueles que vieram de uma estrela da primeira geração.

Um fato curioso observado pelos cientistas é que a SPLUS J2104-0049 possui a menor quantidade de carbono já vista até então em uma estrela UMP. Esse tipo de informação pode ajudar na compreensão sobre o surgimento e a evolução das primeiras estrelas do universo.

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Pesquisadores encontram resquícios de supernova que ocorreu há 1.700 anos
A nova estrela pode ter se formado a partir de uma nuvem de elementos deixada por uma supernova de uma estrela de primeira geração. Foto: Zakharchuk/Shutterstock

Para entender como a SPLUS J2104-0049 pode ter se formado, os pesquisadores aplicaram um modelo teórico utilizando os dados que possuem e algumas suposições. Com isso, eles acreditam que a nova estrela possa ter surgido a partir de uma nuvem de elementos deixada por uma supernova de alta energia de uma única estrela de primeira geração, com uma massa de aproximadamente 29,5 vezes a do Sol.

No entanto, serão necessárias novas pesquisas e análises para que seja possível entender as características e origens da SPLUS J2104-0049. Os astrônomos pretendem continuar procurando novas estrelas semelhantes a esta em nosso universo.

Via: Science Alert