Um foguete Falcon 9, da SpaceX, fez seu oitavo lançamento ao levar 52 satélites Starlink, um satélite Capella Synthetic Aperture Radar (SAR) e um nanosatélite Tyvak-0130 para o espaço neste sábado (15).

Antes, o primeiro estágio (B1058) havia lançado os astronautas Bob Behnken e Doug Hurley, da Nasa, para a Estação Espacial Internacional, além das missões ANASIS-II, CRS-21, Transporter-1 e três missões Starlink.

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Foguete Falcon 9. Créditos: SpaceX
Foguete Falcon 9. Créditos: SpaceX

O Falcon 9 decolou da plataforma 39A no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, nos Estados Unidos, marcando o 15º lançamento da SpaceX em 2021.

Assista como foi:

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O primeiro estágio do foguete de 70 metros de altura retornou à Terra nove minutos após a decolagem e pousou no droneship (navio drone) “Of Course I Still Love You” (É claro que eu ainda te amo, em português) no Oceano Atlântico. Este foi o oitavo pouso bem-sucedido do primeiro estágio do foguete.

Gráfico mostra como o primeiro estágio pousou no drone após o lançamento. 
Créditos: SpaceX
Gráfico mostra como o primeiro estágio pousou no drone após o lançamento.
Créditos: SpaceX

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Saiba tudo sobre o projeto Starlink

Elon Musk já revolucionou a indústria automobilística, com a Tesla, e a aeroespacial, com a SpaceX. Agora seus olhos estão voltados às telecomunicações com o projeto Starlink, que visa oferecer acesso rápido à internet em qualquer lugar do planeta.

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É um plano ambicioso, que exige a produção, lançamento e operação de satélites em uma escala nunca tentada e em um curto tempo. Mas também é um plano que está rapidamente se tornando realidade, com mais de 80% da quantidade de satélites necessária para cobertura global já em operação.

Venha conosco, e saiba mais sobre este projeto que pode mudar a forma como nos comunicamos.

Starlink é o nome de um projeto da SpaceX para oferecer acesso rápido à internet em qualquer lugar do mundo através de satélites. Ao contrário dos serviços atuais de Internet via satélite, que cobrem em regiões específicas, o objetivo da Starlink é oferecer cobertura global, saturando uma órbita baixa com satélites suficientes para servir a cada canto do planeta.

ReproduçãoIlustração da constelação Starlink ao redor da Terra. Fonte: SpaceX

Quantos satélites serão usados?

A SpaceX tem aprovação da FCC (agência de telecomunicações dos EUA, similar à nossa Anatel) para operar 12 mil satélites. Eles serão agrupados em camadas (“shells”, em inglês) ao redor do planeta, e segundo a CEO da empresa, Gwynne Shotwell, serão necessários 1.680 satélites na primeira camada para oferecer cobertura global.

Atualmente a Starlink já tem 1.672 satélites em operação a uma altitude de 550 km. Após completar a primeira camada a SpaceX planeja outras, a 384 km e 1.200 km de altitude.

A empresa já demonstrou que não pretende se contentar com “apenas” 12 mil satélites, e já pediu autorização para lançar mais 30 mil, num total de 42 mil satélites em órbita.

Para você ter uma ideia da escala, já descontando os satélites da Starlink, atualmente há cerca de outros 2.300 em órbita. Ou seja, a empresa espera operar quase vinte vezes mais satélites do que o total que existe atualmente ao redor de nosso planeta.

ReproduçãoConjunto de 60 satélites Starlink prestes a serem colocados em órbita. Fonte: SpaceX.

A SpaceX lança 60 satélites por vez a bordo de um foguete Falcon 9. A quantidade é limitada apenas pelo espaço na carenagem que os protege no nariz do foguete. A empresa já indicou que estuda formas de lançar mais satélites a cada missão, seja com novos modelos de carenagem, com mais espaço ou com lançamentos a bordo do Falcon Heavy, foguete mais potente que o Falcon 9.

É verdade que dá para ver os satélites a olho nu?

Sim, é verdade. Especialmente nos dias logo após o lançamento, quando eles ainda estão em uma órbita mais baixa e seus painéis refletem mais a luz do sol. Eles aparecem no céu como um cordão de estrelas se movendo rapidamente, geralmente por volta do pôr do sol ou ao amanhecer.

ReproduçãoSatélites Starlink se parecem com pontos se movendo rapidamente pelo céu, e muitas vezes são confundidos com OVNIs. Fonte: Chris Aotearoa

Por causa disso astrônomos protestaram contra o projeto, alegando que ele poderia impedir observações astronômicas em solo. Em resposta, Musk afirmou que futuros satélites teriam uma espécie de “viseira” para reduzir sua luminosidade.

57 destes satélites, apelidados pela SpaceX de “VisorSats”, foram lançados no início de janeiro de 2021. Observações realizadas pela SpaceX afirmam que eles tem apenas 31% do brilho dos modelos originais.

Se você quiser tentar ver os satélites da Starlink no céu, pode usar apps como o Heavens Above (para Android) ou Sky Live (para iOS) para saber quando eles estarão passando sobre sua região e para onde olhar.

Qual será a velocidade de acesso?

A rede Starlink foi projetada para oferecer velocidades de download de até 1 gigabit (128 megabytes) por segundo. Obviamente a velocidade, na prática, vai depender de fatores como a quantidade de satélites em órbita, do número de clientes conectados à rede, etc.

Originalmente, usuários da versão beta do serviço tinham velocidade de download na casa dos 150 megabits por segundo (Mb/s).  Em fevereiro, Elon Musk prometeu “dobrar” a velocidade, e rapidamente cumpriu sua promessa.

No início de março de 2021 usuários da versão beta do serviço reportaram um “grande salto” em sua velocidade de download, que em alguns casos chegou a quase 400 megabits por segundo. Entretanto, o ganho de velocidade veio à custa de maior instabilidade na conexão à rede

ReproduçãoSpaceX garante que as conexões via Starlink serão rápidas o bastante para jogos online. Fonte: Pixabay

Mais importante do que a velocidade de acesso é a latência, ou tempo que os dados demoram para viajar do satélite até você. Em uma conexão tradicional via satélite, ela pode chegar a 500 ou 600 milissegundos, o que pode inviabilizar usos como videoconferência ou jogos online. Isso porque os satélites ficam em órbita geoestacionária, a 35 mil km da superfície do planeta.

A Starlink planeja resolver o problema colocando seus satélites muito mais próximos do planeta, numa altitude entre 340 e 1.200 km. O objetivo é ter uma latência de menos de 20 milissegundos, não muito diferente de uma conexão de banda larga doméstica atual.

Quanto vai custar?

A SpaceX ainda não iniciou oficialmente suas operações, mas interessados já podem se inscrever no site da empresa para acesso à rede em caráter beta. A mensalidade custa US$ 99 (R$ 550) mensais, mais US$ 499 (cerca de R$ 2.800) pela compra do equipamento de acesso (antena, tripé e roteador).

Pode parecer alto para quem está acostumado com o preço de conexões de banda larga via cabo ou fibra óptica nas grandes cidades, mas lembre-se que o foco da SpaceX é inicialmente nas regiões rurais e áreas de difícil acesso, onde geralmente há apenas um provedor de serviço com baixa velocidade e preço alto.

Os preços da Starlink colocam o serviço em uma posição competitiva em relação a concorrentes como a ViaSat (de US$ 30 a US$ 150 mensais por conexões de 12 Mbps a 100 Mbps) e HughesNet, que cobra de US$ 60 a US$ 150 mensais por conexões de 25 Mbps.

Que equipamento vai ser necessário?

A conexão com a rede é feita através de terminais em solo, aos quais seus aparelhos serão conectados. Da mesma forma como um computador ou smartphone se conecta a um roteador para poder acessar a internet.

Estes terminais podem ser instalados em qualquer local, desde que tenham visibilidade do céu. São compostos por uma pequena antena parabólica, “do tamanho de uma caixa de pizza média” e um roteador pré-configurado.

Antena da Starlink é “do tamanho da caixa de uma pizza média”. Crédito: darkpenguin/Reddit

A instalação é simples: basta montar tripé com a antena e conectá-la a uma fonte de energia e ao roteador. Ela “procura” os satélites mais próximos e se orienta automaticamente.

Teremos Starlink no Brasil

Tudo indica que sim. No final de 2020 a SpaceX registrou duas empresas em nosso país para controlar uma operação local. Uma é a Starlink Brazil Serviços de Internet Ltda. (CNPJ 40.154.884/0001-53), que foi registrada em 18 de dezembro passado com capital social de R$ 800 mil (pouco menos de US$ 150 mil). A atividade principal é “telecomunicações por satélite”.

Os sócios e administradores são listados como Vitor James Urner e a Starlink Brazil Holding Ltda. Esta é a segunda empresa (CNPJ 39.523.686/0001-30 – 39523686000130), registrada em 22 de outubro e também com capital social de R$ 800 mil.

Resta saber quando o serviço estará oficialmente disponível. Atualmente o beta está atendendo apenas a consumidores dos EUA, Reino Unido e Canadá, mas usuários de qualquer parte do mundo podem se registrar.

Pedido de acesso à Starlink com um endereço no Brasil, mostrando a promessa de disponibilidade no final deste ano.

Quando testamos com um endereço em Curitiba, vimos uma mensagem dizendo que a Starlink espera oferecer cobertura na região “no final de 2021”. Mas um aviso no site informa que uma reserva “não é garantia de serviço”, e que pedidos podem demorar “seis meses ou mais para serem atendidos”.

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