Nesta quarta-feira (26) é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo, segundo especialistas. A data é um marco do Maio Verde, campanha que tem como objetivo chamar a atenção da população para essa perigosa doença ocular.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 64 milhões de pessoas em todo o globo apresentam alguma forma de deficiência visual ocasionada pelo glaucoma. Desse número, quase 7 milhões sofrem com dificuldade de visão, que pode ser moderada, grave ou total (cegueira). Segundo projeção da OMS, em 2040, serão mais de 111 milhões de pessoas acometidas pela doença no mundo.

Brasil tem mais de 2 milhões de casos de glaucoma atualmente

Segundo a revista Encontro Saúde, uma pesquisa coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2019, indica que mais de 6,5 milhões de indivíduos têm algum problema visual, dentre os quais 600 mil são cegos. 

O levantamento aponta que os casos de glaucoma no país ultrapassam a marca de 1 milhão atualmente. Mas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), o número já passa de 2 milhões. A doença é a segunda maior causa de cegueira irreversível no mundo, atrás da catarata. 

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Campanha #Deolhonoglaucoma é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Glaucoma para conscientizar sobre a doença. Imagem: Divulgação SBG

Fatores de risco que levam ao glaucoma

Há alguns fatores de risco que podem levar à doença: idade avançada, hipertensão ocular, miopia elevada (acima dos 6 graus), hereditariedade e até etnia (é mais frequente entre negros e asiáticos). “Os pacientes que estão em algum desses grupos precisam tomar cuidado e fazer a investigação ainda mais a fundo”, indica a oftalmologista Erika Yumi Tomioka Umbelino.

Especialistas alertam que em 80% dos casos o glaucoma não provoca sintomas no início, e o paciente só começa a perceber algum problema quando mais da metade de seu campo visual já foi comprometido.

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Isso torna ainda mais necessárias as visitas anuais ao oftalmologista, de modo a possibilitar que o glaucoma seja detectado no começo. “Quanto mais cedo começar o tratamento, menos lesões vão ocorrer no nervo ótico, e menor será a probabilidade da pessoa ficar cega. Um tratamento precoce e adequado vai permitir uma visão para toda a vida”, recomenda a oftalmologista Dannielle Curi Samaha Garcia. “A baixa da visão é gradativa, progressiva e normalmente periférica. Então, o paciente não percebe. Por isso, é uma doença silenciosa. Realizar um exame oftalmológico bem feito é primordial”.

Glaucoma pode ser congênito

Entre os vários tipos de glaucoma, o denominado congênito é hereditário e pode ter início logo após o nascimento. Essa é a forma mais rara da doença, manifestada geralmente por volta dos três a quatro anos de idade.

Quando descoberta, a patologia deve ser tratada imediatamente. Essa forma da doença, geralmente, causa fotofobia, lacrimejamento e aumento do tamanho do globo ocular. 

Já o glaucoma secundário pode ser causado por traumas, inflamação ou tumor intraocular.

O diagnóstico precoce ajuda a tratar a doença desde o início, evitando consequências mais graves. Imagem: Duvulgação SBG

Doença não tem cura, mas pode ser controlada

O glaucoma é uma enfermidade que não tem cura, mas é possível prevenir e controlar a doença. O tratamento é inicialmente clínico e medicamentoso, com uso de colírios hipotensores para diminuir a pressão intraocular. 

Em casos resistentes ao tratamento clínico, indica-se a SLT (sigla em inglês para trabeculoplastia seletiva a laser, em tradução livre). Para casos extremos, recorre-se à cirurgia. Algumas vezes, deve ser feita a associação entre os dois tratamentos. “Em relação aos procedimentos cirúrgicos, são divididos em cirurgias tradicionais e microcirurgias, que são as mais modernas indicadas para o glaucoma atualmente”, explica Erika.

De acordo com a oftalmologista, o diagnóstico é obtido com exames de fundo de olho, além de uma avaliação criteriosa do nervo óptico, aferição da pressão intraocular e detecção de alterações no campo visual. “De acordo com a gravidade do glaucoma, o paciente diagnosticado com a doença é acompanhado com novos exames a cada seis meses ou anualmente, para observarmos a sua evolução. Se a pressão dentro do olho for controlada, há menos chance de o paciente evoluir para a perda do campo de visão ou cegueira. A grande questão é a dificuldade em se perceber sinais, já que não coça, não dói, não lacrimeja, não arde, o que faz com que o indivíduo não procure um profissional para a prevenção”, explica.

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