Um novo mapa detalhado da matéria escura presente no espaço sugere que o universo é mais plano e mais espalhado do que teorias anteriores consideravam. A pesquisa cobriu cerca de um quarto do céu do Hemisfério Sul e pode enfraquecer a teoria geral da relatividade de Albert Einstein.
As evidências encontradas têm potencial para forçar uma alteração na compreensão do cosmos. “Se essa disparidade for verdadeira, talvez Einstein estivesse errado”, afirmou o pesquisador da École Normale Supérieure, Niall Jeffrey, que trabalhou no mapa, em entrevista à BBC.
Leia mais:
- Nasa vai lançar ao espaço tardígrados e lulas que brilham no escuro
- Astrônomo revela imagem inédita do centro da Via Láctea
- Smithsonian restaura primeiro traje de astronauta americano para exposição
“Você pode pensar que isso é uma coisa ruim, que talvez a física esteja quebrada. Mas para um físico, é extremamente emocionante. Isso significa que podemos descobrir algo novo sobre a forma como o universo realmente é”, emendou o cientista.
Acredita-se que 80% de tudo que é encontrado no universo é formado por matéria escura. O que segue como um grande mistério, já que ainda não se sabe de que é feito ou como ela interage exatamente com outros tipos de matéria espalhados pelo cosmos.
A certeza é de que a matéria escura distorce a luz que emana das estrelas distantes. Quanto maior essa distorção, maior é a concentração de matéria escura presente, creem os cientistas.
Assim, chega-se ao novo mapa. O esquema foi criado por uma equipe internacional de pesquisadores da Dark Energy Survey Collaboration. Ele é o maior e mais detalhado já feito até hoje e usou dados coletados pelo telescópio Victor M. Blanco, no Chile.
A equipe mapeou cerca de 100 milhões de galáxias e, no mapa, é possível ver que algumas delas integram superestruturas muito maiores. As áreas mais brilhantes são justamente as mais densas de matéria escura, nos superaglomerados.
![](https://img.odcdn.com.br/wp-content/uploads/2022/11/118666326_widepic.jpg)
Já as regiões pretas são como “vazios” cósmicos. Os pesquisadores acreditam que, nessas áreas, nossas leis atuais da física podem não se aplicar. Os resultados são, para Niall Jeffrey, um momento novo e empolgante na compreensão do universo.
Segundo ele, o mapa revela “vastas novas faixas que mostram muito mais da estrutura [da matéria escura]”. “Pela primeira vez, podemos ver o universo de uma maneira diferente”, emendou o pesquisador.
Com as teorias apresentadas por Albert Einstein, astrônomos foram capazes de prever como a matéria se espalhou pelos mais de 13 bilhões de anos do universo, após o Big Bang. Mas as observações feitas pela equipe do Dark Energy Survey reduz o percentual de acerto dessas previsões.
“Passei minha vida trabalhando nessa teoria e meu coração me diz que não quero que ela desmorone. Mas meu cérebro me diz que as medições estavam corretas e temos que olhar para a possibilidade de uma nova física”, disse o professor Carlos Frenk, da Durham University, em entrevista também à BBC.
Mesmo com a redução na exatidão da teoria da Einstein, o professor garante que não é hora de descartá-la completamente. “A grande questão é se a teoria de Einstein é perfeita. Parece passar em todos os testes, mas com alguns desvios aqui e ali. Talvez a astrofísica das galáxias precise apenas de alguns ajustes”, concluiu Frenk.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!