O cenário, à primeira vista, não parece dos mais originais: o mundo devastado por uma doença misteriosa que dizimou parte da humanidade e os sobreviventes disputam espaço. Essa premissa faz parte de ‘Sweet Tooth’, HQ que inspirou a série de mesmo nome da Netflix, que estreia sexta-feira (4). No entanto, essa descrição é apenas uma pequena parte da história escrita e desenhada por Jeff Lemire, publicada entre 2009 e 2013 pela DC Comics.
O protagonista é Gus, um garoto de nove anos que é um híbrido de humano e cervo. Assim como ele, outras crianças nasceram com características de animais na mesma época em que teve início uma pandemia que subitamente matou pessoas em todo o globo. Alvo de preconceito e de cobiça, esses meio-humanos são, para alguns, os responsáveis pela pandemia, sendo também caçados como troféus.
Gus vive isolado em uma floresta e, pouco tempo após a morte do seu pai, acaba emboscado por uma dupla de caçadores. O garoto, então, é salvo por Jeppard, um viajante solitário que passava pelo local. Forte e violento, o homem mata a dupla que perseguia a criança e se oferece para levar Gus até um local chamado Santuário, onde estariam outros indivíduos híbridos.
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Um dos mistérios iniciais da trama é se o nascimento dessas crianças com características animais tem relação com a pandemia e se elas representariam uma espécie evoluída, inume à doença que tem dizimado os humanos. E todas as mulheres que ficaram grávidas após esse surto tiveram crianças híbridas.
Outra dúvida que persegue os leitores nos números iniciais da HQ é se Jeppard é mesmo alguém confiável, já que é um personagem moralmente ambíguo e extremamente violento.
Aliás, a violência, em suas inúmeras formas, é uma das marcas da série em quadrinhos. Toda a jornada dos personagens principais – e também dos coadjuvantes – é acompanhada por eventos brutais. Gus e outras crianças são caçadas por cientistas inescrupulosos que desejam realizar experimentos. Jeppard é um homem bruto que perdeu a esposa em circunstâncias relacionadas à pandemia.
A publicação
De carona no lançamento da série da Netflix, ‘Sweet Tooth’ ganhou uma republicação no Brasil, em uma coleção de três volumes reunindo as 40 edições originais. Publicado pela Panini, o primeiro número já está disponível nas livrarias.
Recentemente, o título ganhou uma continuação, uma minissérie em seis edições chamada ‘Sweet Tooth: The Return’, uma espécie de reimaginação da série original, ambientada 300 anos após os eventos de ‘Sweet Tooth’. Essa sequência segue inédita no Brasil.
O autor
O canadense Jeff Lemire é um dos autores mais celebrados das HQs da atualidade e que despontou justamente com a publicação de ‘Sweet Tooth’ pelo extinto selo Vertigo, da DC Comics. Essa linha de quadrinhos, hoje intitulada Black Label, ficou conhecida por trazer títulos com temáticas mais adultas e inusitadas, como ‘Preacher’, ‘Sandman’ e ‘Y, o Último Homem’.
Embora tenha trabalhado regularmente escrevendo para editoras como Marvel, em títulos como ‘Thanos’ e ‘Cavaleiro da Lua’, e DC, nas revistas ‘Arqueiro Verde’ e ‘Superboy’, Lemire ganhou prestígio pelos trabalhos autorais. Porém, mesmo ao escrever obras do gênero super-herói, o autor costuma desenvolver tramas mais intimistas e emotivas. Temas como família e paternidade podem ser vistas em algumas de suas obras mais famosas, como ‘Black Hammer’, ‘O Soldador Subaquático’ e ‘Sweet Tooth’.
Confira o trailer da adaptação da Netflix:
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