Um navio em chamas na costa do Sri Lanka, no sul da ásia, está liberando toneladas de uma espécie de “neve plástica”, potencialmente tóxica. De acordo com autoridades do país, o incêndio a bordo do MV X-Press Peark, que começou há cerca de uma semana, foi finalmente controlado no último fim de semana. Porém, os efeitos do desastre marítimo estão longe de terminar, já que bilhões de flocos de plástico estão caindo em praias que ficam até 120 km do local do acidente.

Para tentar diminuir o problema, marinheiros locais estão varrendo os destroços das praias, enquanto isso, cientistas estão tentando determinar qual será a distância percorrida pelos destroços, quais serão os danos causados por eles e, por fim, quais impactos eles podem gerar na vida marinha.

Pelo menos três embarcações foram usadas para tentar apagar o incêndio. Crédito: Eranga Jayawardena/Associated Press

“É um desastre ambiental”, disse a bióloga marinha do Sri Lanka Asha de Vos ao The Washington Post. Segundo ela, as correntes marítimas podem eventualmente levar os flocos de plástico para o outro lado da ilha, o que pode matar a vida selvagem e danificar ecossistemas sensíveis.

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Segundo a empresa que opera o navio, a X-press Feeders, o incêndio foi percebido pela tripulação do navio em 20 de maio. O fogo começou no porão de carga da embarcação, que tem bandeira de Singapura, enquanto ela estava ancorada próxima ao porto de Colombo, o maior e mais movimentado do país. Eles tentaram apagar o fogo liberando dióxido de carbono no porão, mas o fogo cresceu e o navio acabou explodindo em 22 de maio.

A tripulação, composta por 25 pessoas, foi evacuada pela marinha do Sri Lanka, que tentou, por cerca de uma semana, suprimir o incêndio. As forças contaram com ajuda da Guarda Costeira da Índia e rebocadores de combate a incêndios pertencentes a uma empresa holandesa. Imagens infravermelhas do navio capturadas no fim de semana mostraram que o fogo estava quase apagado.

Causas do acidente

De acordo com o CEO da X-Press Feeders, Tim Hartnoll, um vazamento de ácido mal embalado, que era transportado pelo navio, foi a causa do incêndio. Segundo o executivo, a tripulação detectou o vazamento enquanto estava no Mar da Arábia. Inicialmente, o navio dirigiu-se ao porto indiano de Hazira e ao porto de Hamad, no Qatar, para tentar descarregar o contêiner com vazamento, mas os pedidos foram negados.

“O conselho dado foi que não havia instalações especializadas ou especialistas imediatamente disponíveis para lidar com o vazamento de ácido”, disse a empresa em comunicado. “Foi um caso de síndrome de ‘não no meu quintal’”, disse Hartnoll em entrevista ao portal especializado em notícias náuticas, Splash.

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Além do material ácido, o navio também carregava 78 toneladas de flocos plásticos, que, rapidamente, começaram a cair no oceano e aparecer na costa do país asiático. Em seguida, as areias amarelas características das praias do Sri Lanka ficaram cobertas por pequenos grãos. “Foi uma loucura”, disse de Vos. “Era basicamente neve plástica em nossas praias, essas minúsculas bolinhas brancas e pilhas delas”.

Caranguejo caminha em meio aos flocos de plástico em uma praia do Sri Lanka. Crédito: Eranga Jayawardena/Associated Press

Após o aparecimento de alguns peixes mortos em praias, o governo local proibiu a pesca ao longo de 80 quilômetros de costa. Isso pode representar um golpe significativo para o país, já que esta atividade corresponde a cerca de 2% do PIB cingalês. As autoridades também alertaram as pessoas para que não toquem nos destroços do navio porque eles podem estar contaminados com produtos químicos nocivos.

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