A desigualdade de salários entre executivos e funcionários dos Estados Unidos cresceu no ano passado. Segundo o relatório anual Executive Paywatch da AFL-CIO, os CEOs das principais empresas listadas no índice S&P 500 receberam, em média, 299 vezes mais do que os seus funcionários.

De acordo com o levantamento, a remuneração média dos colaboradores (sem incluir os cargos de supervisão) destas empresas foi de aproximadamente US$ 43,5 mil em 2020, o que representa um aumento anual de US$ 957 na última década e de 1% em relação ao ano anterior.

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O problema é que a alta dos salários dos CEOs foi muito superior: no ano passado, os executivos receberam, em média, US$ 15 milhões durante 2020 inteiro. Isso não só representou um aumento de mais de US$ 700 mil (5%) em relação aos ganhos de 2019 como marcou um crescimento de US$ 260 mil a.a nos últimos 10 anos.

“Isso [a disparidade de salários] é consistente com o que temos visto ano após ano”, afirmou Liz Schuler, secretária-tesoureira da AFL-CIO. “Desigualdade, o desequilíbrio em nossa economia, fica claro por este relatório já que a remuneração dos CEOs e da classe trabalhadora continua a ser um grande problema neste país”, completou.

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Ilustração representando diferença de salários
Diferença de salários entre CEOs e funcionários tem crescido nos últimos anos. Foto: Andrey_Popov/Shutterstock

Ainda de acordo com o relatório, Chad Richison, da Paycom, foi o executivo mais bem remunerado no ano passado, acumulando cerca de US$ 200 milhões em salários, prêmios e ações. A lista dos executivos mais bem pagos ainda incluem CEOs da General Electric, T-Mobile, Nike, Microsoft, Netflix, entre outras.

A maior disparidade entre salários, no entanto, foi vista na empresa Aptiv: estima-se que o CEO da companhia, Kevin Clark, tenha recebido mais de US$ 31 milhões em 2020, enquanto a média mensal de remuneração de seus funcionários era de US$ 5,9 mil. Para efeitos comparativos, os ganhos de Clark foram 5.294 vezes maiores do que dos colaboradores.

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Problema de longa data

A discussão de disparidade de salários entre executivos e colaboradores médios tem crescido desde a recessão de 2008, quando as autoridades federais americanas exigiram que as empresas divulgassem publicamente esses dados.

Em um primeiro momento, com o surgimento da pandemia de Covid-19 no ano passado, esperava-se que essa diferença iria cair. Pelo menos no discurso, as empresas colocaram os funcionários como principal ator para atravessar o momento de crise — e de fato foram —, que ainda respinga em diversos países.

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Além disso, os CEOs de diversas companhias anunciaram cortes de suas remunerações e, em algumas ocasiões, abriram mão de seus salários. Mas nem mesmo essas medidas foram capazes de diminuir a desigualdade. Isso porque os salários são apenas frações dos ganhos totais de um executivo — que também inclui premiações, bônus e ações.

Ilustração da economia dos Estados Unidos
Disparidade de remunerações significa uma péssima notícia para a recuperação econômica dos Estados Unidos. Foto: WEIBEL Christophe/Shutterstock

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Futuro

E se o presente é complicado, o futuro é incerto. Embora os EUA tenham gerado 850 mil novos empregos no mês passado, cerca de 6,2 milhões afirmam que não trabalharam ou trabalharam menos pelos impactos da pandemia.

Para piorar, a inflação cresceu 0,9% em junho e atingiu a maior alta em um mês nos últimos 13 anos. E como o próprio relatório mostrou, a disparidade de salários faz com que o trabalhador médio tenha muito mais dificuldade na hora de consumir, fator importante para uma economia em recuperação.

E como consequência, os bancos de Wall Street tem relatado lucro na casa dos bilhões. Os dados do levantamento da AFL-CIO podem indicar ótimos resultados para grande parte dos CEOs. Em contrapartida, a notícia é péssima para o trabalhador médio dos EUA e, consequentemente, para a economia do país.

Fonte: CNN

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