A startup chilena NotCo, que produz alimentos como maionese e sorvete à base de plantas, recebeu aporte de US$ 235 milhões liderado pela Tiger Global, empresa norte-americana de investimentos. Com o financiamento, a foodtech chegou ao status de unicórnio, como são conhecidas as startups avaliadas em US$ 1 bilhão, antes do previsto.
A empresa esperava receber o aporte entre o final deste ano e início de 2022, mas os planos foram antecipados e a NotCo alcançou neste mês uma avaliação de US$ 1,5 bilhão.
Outros grandes nomes que participaram da rodada de investimentos série D de forma individual foram Lewis Hamilton, heptacampeão de Fórmula 1; e Roger Federer, tenista recordista de títulos Grand Slam com vinte vitórias; além de Jack Dorsey, CEO do Twitter e da Square.
Em 2019, Jeff Bezos, fundador da Amazon e um dos homens mais ricos do mundo, participou de uma rodada de investimentos de US$ 30 milhões por meio de seu family office, o Bezos Expeditions.
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À base de plantas
Para produzir seus alimentos, a NotCo utiliza um sistema de inteligência artificial apelidado de Giuseppe, capaz de “traduzir” as receitas tradicionais, com ingredientes de origem animal, para equivalentes vegetais. Assim, a startup combina diferentes produtos para recriar sabor, consistência, aroma e textura dos alimentos originais.
Esse mercado se abriu em grande parte devido aos esforços das pioneiras americanas Impossible Foods e Beyond Meat, e segue em expansão. A startup espanhola Novameat, é outro exemplo de startup do ramo que, no início deste ano, anunciou que está produzindo uma nova carne de proteína vegetal com o uso de uma tecnologia exclusiva de impressão em 3D.
Planos de expansão
O investimento recebido acompanham a entrada da NotCo em três novos países: Canadá, Colômbia e México. Além destes, a startup planeja expandir suas operações para países da Europa e Ásia. Atualmente, a foodtech tem operação no próprio Chile, e também Argentina, Brasil, Colômbia e Estados Unidos.
No mercado brasileiro, a NotCo pretende ir além de São Paulo, onde está desde março de 2019. A empresa deve chegar ao Rio de Janeiro ainda em agosto, e tem outras cidades em mente, como Belo Horizonte, Florianópolis, Porto Alegre e Salvador.
“O principal objetivo é retirar os animais da equação”, afirmou Ciro Tourinho, diretor da NotCo no Brasil, em entrevista ao Estadão.
De acordo com o executivo, o investimento será injetado para a expansão geográfica da empresa, não apenas para outros territórios, mas também dentro dos países onde a startup já opera atualmente.
“No Brasil, nossa operação é focada no estado de São Paulo e, a gente sabe, o Brasil não é só São Paulo. O aporte também serve para financiarmos o crescimento para outros estados”, completou.
Além da expansão para novos países e cidades, a foodtech quer ampliar também a gama de produtos. Recentemente, a NotCo lançou uma carne moída vegetal no Chile, que deve chegar em breve ao Brasil. Uma outra novidade, que chegará em agosto ao mercado brasileiro, é o Not Milkinho, bebida achocolatada para crianças.
Tourinho comenta que um dos principais desafios da empresa é realizar a produção do que eles conseguem dentro do laboratório-cozinha, mas colocar os produtos em escala industrial. Mas ele afirma que o trabalho está sendo feito e que “várias fórmulas estão quase prontas para o mercado”.
Outro desafio que a NotCo tem na produção e quer endereçar com o aporte recebido está relacionado ao valor dos produtos. Atualmente, a maior parte da matéria-prima utilizada na produção é importada e isso reflete diretamente no preço final, que ainda é mais elevado que os alimentos tradicionais: um leite da NotCo, por exemplo, custa a partir de R$ 14,99.
A expectativa é usar o investimento para ampliar a quantidade de matéria-prima produzida localmente nos países em que está presente.