Se hoje a profissão “promoter” é bem conceituada no Brasil, é graças a Alicinha Cavalcanti, que durante mais de três décadas foi uma das maiores realizadoras de eventos do país. Conhecida como a “rainha da lista VIP”, Alicinha morreu nesta segunda-feira (2), após seis anos de luta contra uma doença rara: a Afasia Progressiva Primária (APP).
Também chamada de afasia progressiva não-fluente, essa síndrome neurodegenerativa acomete a parte frontotemporal do cérebro, motivo pelo qual figura entre as demências frontotemporais (DFT), grupo onde se incluem também a Demência Semântica e a Doença de Pick.
Seus primeiros sinais surgem entre 45 e 65 anos, e sua evolução leva à perda da capacidade de fala ou manifesta alterações da articulação das palavras.
“A característica de uma doença degenerativa é que a tendência é sempre de piora, com ou sem tratamento”, declarou o neurocirurgião Danillo Vilela, mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) ao site Viva Bem, do Portal Uol.
Segundo Vilela, não existe cura para APP e nenhum medicamento específico. Os medicamentos servem apenas para controlar os sintomas, e atuam junto a atividades de reabilitação, como fisioterapia e fonoaudiologia.
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Assim como qualquer paciente com APP, Alicinha não morreu da doença, já que ninguém morre de um quadro de demência. A questão é que a evolução da síndrome traz complicações. “Com a progressão do quadro demencial, a pessoa vai perdendo a capacidade de autocuidado. Ela precisa da sonda de alimentação, fica acamada e tudo isso aumenta risco de processo de infecção e, consequentemente, do comprometimento de alguns órgãos”, explica o médico.
A doença pode causar alterações que não se restringem apenas a parte da linguagem, como a memória e funções executivas, provocando uma neurodegeneração que, no final, leva à morte do paciente.
Alicinha Cavalcanti também tinha Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)
De acordo com a Folha de S.Paulo, além da APP, a promoter tinha o diagnóstico de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença também degenerativa, mas que afeta a região da medula espinhal, causando um grande comprometimento físico.
Segundo Vilela, “com o tempo, na ELA, a pessoa também vai perdendo a capacidade de falar e também apresenta dificuldades para engolir”.
Diferentemente da APP, a ELA tem um remédio específico que auxilia no tratamento, embora tenha valor de alto custo. O medicamento não cura, mas ajuda a retardar a progressão da doença.
De acordo com a comunidade médica, as causas para ambas as doenças são desconhecidas.
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