Conforme recentes estatísticas sanitárias, 2 bilhões de pessoas ao redor do mundo estão contagiadas por uma infecção pandêmica transmitida por aerossóis. E, apesar de já existir uma vacina para o combate dessa doença, muitas pessoas ainda morrem em decorrência dela. Você já deve saber do que se trata, porém, se o palpite foi Covid-19, ele está errado. São inúmeras as diferenças entre a tuberculose – uma doença bacteriana – e a infecção provocada pelo novo coronavírus. Contudo, suas afinidades podem trazer esclarecimentos para que uma pandemia ajude a combater a outra.

Tanto a tuberculose quanto a Covid-19 são doenças infecciosas, transmitidas pelo contato entre as pessoas, principalmente por aerossóis – eliminados no ar quando um indivíduo infectado tosse, fala ou libera partículas de saliva. Além disso, ambas as patologias afetam os pulmões com maior gravidade.

Desse modo, algumas das orientações para o combate ao coronavírus, como usar máscaras e evitar o contato próximo com as pessoas, também funcionam para prevenir a propagação da tuberculose. No entanto, existem algumas distâncias importantes entre elas que merecem ser sinalizadas para indicar que as respostas de saúde pública devem ser diferentes.

Segundo a Medical Xpress, a tuberculose é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, enquanto que a Covid-19 advém do SARS-CoV-2, um vírus parasitário. Esses microrganismos são bem diferentes, mas é comum que as pessoas estabeleçam relação entre eles em inúmeras situações.

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Tuberculose. Imagem: Shutterstock
A tuberculose é uma doença bacteriana, enquanto a Covid-19 é uma infecção viral. Apesar das diferenças, existem semelhanças entre essas doenças, que afetam principalmente o pulmão. As afinidades levaram os cientistas a pesquisar se a vacina BCG pode proteger contra o coronavírus.

Tuberculose e Covid-19: semelhanças e diferenças

A primeira distinção entre a tuberculose e a Covid-19 está no grau de transmissibilidade. Enquanto o coronavírus (especialmente cepas como a Delta) é transmitido após contato breve, as cartilhas sobre a tuberculose sugerem que, como regra geral, o indivíduo precisa estar em contato próximo com uma pessoa infectada pela bactéria por pelo menos oito horas para precisar fazer um teste. Isso significa que os pacientes têm maior probabilidade de espalhar a infecção dentro de casa ou no trabalho apenas fazendo compras em um supermercado, por exemplo.

O período de incubação da tuberculose também é mais lento, isto é, o tempo entre a exposição e os primeiros sintomas. A infecção bacteriana pode permanecer latente no corpo por vários dias, meses ou até mesmo anos antes que a pessoa adoeça. Em contrapartida, quase todos os pacientes sintomáticos acometidos pelo novo coronavírus foram infectadas em dias próximos, ou no máximo, nas últimas duas semanas.

Dessa forma, não há como pedir aos contatos de tuberculose que se isolem em casa, pois não é possível prever quando ficarão doentes. A boa notícia – e também uma outra oposição em relação a Covid – é que as pessoas com tuberculose latente não podem transmitir enquanto não desenvolverem os sintomas.

Além do mais, a incerteza sobre o tempo que leva entre alguém ser infectado e adoecer com tuberculose pode não ser um problema se a pessoa souber que teve contato com algum doente. Isso porque existem tratamentos de prevenção que ajudam a frear o desenvolvimento da doença ativa. Essas terapias, baseadas em antibióticos, podem reduzir em grande escala o risco de adoecimento dos contatos.

Para a Covid-19, contudo, ainda não existe uma forma preventiva de impedir o desenvolvimento da doença além da constante vigilância – vacinação, uso de máscara, rastreamento de contatos, etc. Alguns tratamentos precoces foram apontados, mas até agora nenhum demonstrou ser eficaz de maneira convincente.

Por fim, talvez a maior desigualdade entre essas pandemias esteja na variedade de vacinas eficazes contra Covid-19, enquanto que para a tuberculose só existe uma, com mais de 100 anos de idade: a BCG (abreviação de Bacille Calmette-Guerin).

Ao contrário das vacinas contra o coronavírus, a mecanismo da BCG advém de bactérias vivas, mas enfraquecidas. Portanto, ela não pode ser administrada com segurança para pessoas com condições de supressão imunológica, como o HIV, por exemplo. Isso significa que seu uso é limitado em algumas pessoas que mais precisam de proteção. Além disso, o imunizante é mais efetivo em crianças do que em adultos.

A vacina contra a tuberculose pode proteger contra a Covid-19?

A Medical Xpress indica que pesquisadores do Murdoch Children’s Research Institute de Melbourne, na Austrália, estão estudando se a BCG pode apresentar eficácia no combate ao coronavírus. A investigação parte de pesquisas anteriores que mostraram que a vacina melhora as respostas imunológicas a outras condições do corpo, como infecções virais. O estudo, porém, encontra-se em andamento, com o apoio de cerca de 7 mil profissionais de saúde.

Quer a BCG acabe ou não por prevenir a Covid-19, a opinião de grande parte dos especialistas é unânime quanto a necessidade de atualização desse imunizante ou de buscar mecanismos mais seguros para frear a “pandemia esquecida” de tuberculose, que ainda faz muitas vítimas ao redor do mundo.

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