Morreu nesta quinta-feira (12) o ator brasileiro Tarcísio Meira. Ele estava desde o dia 6 de agosto internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, por conta de complicações vindas da Covid-19.
Por que Tarcísio e a esposa, a atriz Glória Menezes, mesmo imunizados, sofreram com o SARS-CoV-2? O infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Simões, explicou ao Olhar Digital.
Eterno galã da dramaturgia nacional, o artista é dos mais reconhecidos nomes da atuação no País, e conta com currículo de mais de 60 trabalhos na televisão, entre novelas, seriados, minisséries, teleteatros e telefilmes.
Numa longeva carreira de sucesso que começou em 1961, na extinta TV Tupi, ele também participou de 22 longas-metragens, dirigidos por cineastas como Glauber Rocha, Walter Hugo Khouri, Anselmo Duarte e Bruno Barreto, além da presença em 31 peças de teatro.
Nascido em São Paulo, no dia 5 de outubro de 1935, Tarcísio Magalhães Sobrinho optou por adotar o sobrenome da sua mãe, Meira, para a carreira artística. Isso por conta de uma superstição do ator pelo número 13: todas as letras somadas dão 13 e, na época, ele vivia no 13º andar de um prédio. Antes de se tornar um artista, pensou em seguir a carreira diplomática, mas ao reprovar na prova do Instituto Rio Branco, em 1957, trocou a carreira de servidor pela de ator.
Então, resolveu iniciar a carreira no teatro, ainda no fim dos anos 1950. A estreia na TV aconteceu em 1961, em ‘Grande Teatro Tupi’, programa de teleteatro da extinta emissora. No mesmo ano, ele atuou pela primeira vez ao lado de Glória Menezes, com quem casaria no ano seguinte, dando início a uma longeva parceria na ficção e na vida real. Em 1964, nasceu o filho do casal, o também ator Tarcísio Filho.
Um ano antes, no entanto, o ator ganhou notoriedade nacional ao ser o protagonista da primeira novela diária do país, ‘2-5499 Ocupado‘, transmitida pela TV Excelsior. Cinco primaveras depois, os dois desembarcaram na TV Globo e firmaram a imagem de casal “queridinho” do País ao estrelarem a novela ‘Sangue e Areia’. Em 1970, na pele do icônico João em ‘Irmãos Coragem’, Meira se tornou o símbolo do galã nacional.
O sucesso continuou em ‘Escalada‘ (1975) e ‘Saramandaia’ (1976), porém o ator decidiu no início dos anos 1980 se desvencilhar da imagem de “bom moço” da TV e abraçou de vez papéis que o contemplavam como uma figura de “macho alfa destemido”, seja na comédia dos cinemas ou até mesmo interpretando homossexuais. Dessa época, os destaques ficam para o filme ‘O Beijo no Asfalto’ (1981), de Bruno Barreto, baseado na peça de Nelson Rodrigues, no qual interpretava um homem que beijava na boca o personagem de Ney Latorraca; sua interpretação do hilários Felipe em ‘Guerra dos Sexos’ (1983), de Silvio de Abreu; a figura forte de Rodrigo Cambará na série ‘O Tempo e o Vento’ (1985) e o vilão Renato, em ‘Roda de Fogo’ (1986).
Entre novelas, séries, filmes e teleteatros, Meira marcos a história da produção audiovisual nacional em mais de 60 trabalhos. Entre outros títulos mais marcantes estão ainda ‘Roque Santeiro’ (1985), ‘Araponga’ (1990), ‘Fera Ferida’ (1993), ‘O Rei do Gado’ (1996), ‘Torre de Babel’ (1998), ‘Hilda Furacão’ (1998), ‘O Beijo do Vampiro’ (2002), ‘A Favorita’ (2008), ‘Insensato Coração’ (2011) e ‘Velho Chico’ (2016). O último trabalho de notoriedade ator foi a novela ‘Orgulho e Paixão’ (2018), onde interpretava um industrial inglês.
E por marcar a indústria nacional com tantas obras, Meira foi devidamente reconhecido. O artista garantiu vários prêmios ao longo de toda a carreira, incluindo dois APCA como “Melhor Ator” (em 1976 e 2001), um Troféu Oscarito no Festival de Gramado (em 2005) e, mais recentemente, em 2016, quanto ganhou o reconhecidíssimo Prêmio Shell de Teatro por sua interpretação na peça ‘O Camareiro’.
Em 2020, após 53 anos de contrato exclusivo com a TV Globo, Tanto Meira quanto Menezes não tiveram os acordos renovados com a emissora. “Eu acho que a Globo está tomando novos e diferentes rumos, o que é muito bom, ótimo. Agora, para nós, mais velhos, o novo é sempre um desafio. O nosso contrato terminou, e contrato que termina… Termina”, afirmou o ator em entrevista ao programa “Conversa com Bial”, no ano passado.
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