Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Se você foi aluno do antigo primário (hoje chamado de Ensino Fundamental) até a década de 90 (e nos primeiros anos de 2000) certamente emendaria Plutão nessa lista decoradinha de planetas do sistema solar. O corpo celeste deixou de ser reconhecido como planeta em 2006, mas até hoje ainda tem uma “legião de fãs” inconformados.

Talvez possa consolar algumas dessas pessoas saber que, sim, é provável que o sistema solar tenha mesmo nove planetas. Mas, não, o “extra” não se trata de Plutão. 

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Anos após rebaixamento de Plutão, será que temos um novo nono planeta no sistema solar? Imagem: Withan Tor – Shutterstock

Podemos dizer que o hipotético Planeta 9, atualmente, não está “nem lá nem cá”. Ou seja, podendo estar localizado à espreita na borda do sistema solar, esse “novo mundo” é alvo de especulações há alguns anos, que tentam descobrir três coisas, basicamente: primeiro, se ele realmente existe; segundo, se pode ser considerado mesmo um planeta e, por último, claro, se faz parte da nossa turma.

De onde surgiu a ideia de um possível Planeta 9?

Segundo o site Phys, a evidência para o Planeta 9 viria de sua relação gravitacional com outros corpos. Se o planeta existe, sua gravidade deve afetar as órbitas de outros planetas. 

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Possível órbita do Planeta Nove. Crédito: CalTech / R. Ferida (IPAC)

Portanto, se algo parece estar puxando um planeta, basta um pouco de matemática para encontrar a fonte. Foi assim que Netuno, por exemplo, foi descoberto, quando John Couch Adams e Urbain Le Verrier notaram que Urano parecia ser puxado por um planeta invisível.

No caso do Planeta 9, não temos nenhum efeito gravitacional em um planeta. O que vemos é um estranho agrupamento de pequenos corpos gelados no sistema solar externo, conhecidos como objetos do cinturão de Kuiper (KBOs). 

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Se não houvesse planeta além do cinturão de Kuiper, seria esperado que as órbitas dos KBOs fossem orientadas aleatoriamente dentro do plano orbital do sistema solar. Mas, em vez disso, vemos muitas órbitas agrupadas na mesma orientação. É possível que isso seja apenas devido ao acaso, mas é bastante improvável.

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Em 2016, estudiosos analisaram a distribuição estatística de KBOs e concluíram que o agrupamento foi causado por um planeta externo não detectado. Com base em seus cálculos, o tal mundo teria uma massa de cinco Terras e estaria cerca de 10 vezes mais distante do Sol do que Netuno. 

A pesquisa chegou a calcular uma ampla região do céu onde o possível planeta estaria. Mas isso não deu em nada, levando muitos a concluir que o planeta não existe. 

Estranheza orbital não prova que um planeta existe

Houve quem tenha argumentado que o Planeta 9 existe, mas não podemos vê-lo porque ele seria, na verdade, um buraco negro primordial.

Agora, um novo estudo reexamina a obra original à luz de algumas das críticas que recebeu. Uma delas é que os corpos do sistema solar externo são difíceis de encontrar, então os procuramos onde for conveniente. 

O efeito de agrupamento visto pelos cientistas pode ser apenas devido a dados tendenciosos. Levando em consideração o viés observacional, os autores do estudo atual descobriram que o agrupamento ainda é estatisticamente incomum. 

De acordo com eles, há apenas 0,4% de chance de ser um acaso. Quando a provável órbita do Planeta 9 foi recalculada, eles foram capazes de compreender melhor para onde olhar.

Afinal, se existe, o Planeta 9 está ou não no sistema solar?

Um aspecto interessante do estudo é que a nova órbita calculada coloca o planeta 9 mais perto do sol do que se pensava originalmente. Isso é estranho, porque se estiver mais perto, já deveria ter sido encontrado. 

Os autores argumentam que as observações até agora descartaram as opções mais próximas para o Planeta 9, o que ajuda a restringir ainda mais sua possível localização. Se o planeta existe, deve ser detectado pelo Observatório Vera Rubin em um futuro próximo.

Mas, é preciso ter calma: esse estudo não é conclusivo e muitos astrônomos ainda argumentam que o Planeta 9 não existe. No entanto, parece que não teremos que discutir sobre isso por muito mais tempo. Isso porque os estudiosos garantem que, das duas, uma: ou ele será descoberto em breve ou as observações irão descartá-lo como uma explicação para o efeito de agrupamento de KBOs.

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