O programa espacial da China quer estabelecer a nação asiática como uma potência também fora da Terra: já falamos aqui no Olhar Digital sobre o objetivo de construir uma mega estrutura com quilômetros de extensão, além de um calendário de lançamentos bem rápidos. Mas os objetivos são bem maiores que isso.

Coordenada pela Fundação Nacional de Ciências Naturais (NSFC), a China quer transformar suas instalações no espaço em…bem…uma versão espacial dela própria, com todas as benesses imagináveis tanto para o consumidor como para empresas e o governo, indo desde plataformas de energia solar, estações de turismo, postos de combustível e uma base para mineração de recursos do espaço.

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Imagem mostra uma série de maquetes de foguetes que participam do programa espacial da China
Expansão de programa espacial chinês prevê vários lançamentos de estruturas ao espaço, a fim de montar estações com várias finalidades, incluindo mineração, captação de energia e até turismo. Imagem: testing/Shutterstock.com

A informação vem da própria NSFC, que confirmou as ideias em um novo plano de cinco anos divulgado pela instituição ligada ao governo chinês, pedindo que pesquisadores comecem a estudar técnicas de desenvolvimento e materiais necessários. De acordo com as autoridades, isso corresponde a uma “demanda urgente por mega projetos no espaço que exigirão espaçonaves ‘ultra grandes’ para mantê-los em órbita”.

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O primeiro projeto, porém, corresponde a uma reformulação da matriz energética da China. Hoje amplamente movida a combustíveis fósseis, a nação asiática quer se converter para fontes mais limpas, construindo uma estação de energia solar instalada na órbita da Terra. A energia captada por ela será retransmitida a uma subestação na Terra, ampliando a capacidade elétrica da China para um megawatt (1 MW) de energia até 2050.

O programa espacial da China já conta com o princípio de uma estação espacial – a Tiangong, que está sendo montada em partes e tem, hoje, apenas o seu módulo principal em órbita. O mesmo processo levou ao nascimento da Estação Espacial Internacional (ISS), mas o projeto chinês ambiciona ser maior: onde a ISS chega a meros “metros” de extensão, a China pensa em “quilômetros”, anexando ao longo dos anos vários outros módulos, de pesquisa a convivência turística e até um telescópio de grande porte para observação astronômica – este, já em desenvolvimento: estima-se que a abertura de sua lente será de 9,75 metros.

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Um documento divulgado pela NSFC e direcionado aos seus pesquisadores lhes orienta sobre como acessar os fundos para financiar esses projetos, mas também afirma uma série de condutas de direcionamento de estudos – especificamente, ele pede que os especialistas se concentrem em desenvolver “equipamentos aero espaciais de estratégia majoritária para o futuro do uso de recursos espaciais”, além de “tecnologias focadas na exploração dos mistérios do universo e habitação em órbita a longo prazo”.

Outra parte do documento pede urgência no desenvolvimento de materiais mais leves e duráveis para foguetes e estruturas primárias. Ao que tudo indica, a ideia de colocar isso tudo em órbita virá em uma fase posterior: o desenvolvimento de materiais de fabricação mais sustentáveis pode levar a China a economizar recursos próprios, como reduzir o número de lançamentos, que por sua vez serão usados no posicionamento de estruturas fixas no espaço.

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A curto prazo, pouco mudará no senso prático: o programa espacial da China deve desenvolver materiais e tecnologias apenas para que estes sejam instalados em embarcações e estações em uma segunda fase, em um plano que deve se expandir por décadas.

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