Cabos submarinos estão se tornando cada vez mais comuns para conectarem partes diferentes do mundo. Em países isolados geograficamente, como os da Oceania, eles são particularmente importantes para a comunicação com outros continentes. No entanto, apesar do número de conexões na região ter aumentado, algumas ilhas continuam sem cabos, o que começou a causar uma disputa política.
Em parceria com os Estados Unidos e o Japão, a Austrália desenvolve um cabo para Palau. O país também financiou o Sistema de Cabo do Mar de Coral para Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão, lançado em dezembro de 2019. Também são planejadas rotas para o Timor-Leste. Em setembro do ano passado, a Nova Zelândia também ajudou a financiar um cabo nas Ilhas Cook.
No entanto, uma parte do pacífico ainda não está conectada e é aí que começou a polêmica. A Micronésia Oriental abriu um processo de licitação para ter seu próprio cabo submarino e o financiamento ficou com o Banco de Desenvolvimento Asiático. A atitude desagradou os EUA, que investem em cabos na região e não querem a China interferindo no negócio. As informações são de Amanda HA Watson, pesquisadora do Departamento de Assuntos do Pacífico da Australian National University ao The Conversation.
O governo dos EUA disse que o cabo pode gerar “ameaças à segurança representadas por uma empresa chinesa com um lance de preço reduzido”. Por conta disso, os Estados Federados da Micronésia recuaram e desistiram por ora de usar o financiamento do banco asiático. No entanto, os países da região ainda pretendem ter o cabo e buscam soluções para isso.

Tensão em cabos submarinos no pacífico
As Ilhas Salomão também se aliaram com empresas chinesas para a construção de cabos submarinos, que ligariam as ilhas com a Austrália. No entanto, o governo australiano não aprovou o financiamento da China. Há preocupações na Austrália e entre os aliados sobre os riscos potenciais associados ao fato de a China ter acesso ou controle de cabos de internet.
O governo de Taiwan também soltou uma nota dizendo estar preocupado. “Taiwan afirmou que a China está apoiando o investimento privado nas redes de cabo submarino do Pacífico como uma forma de espionar nações estrangeiras e roubar dados”, diz um trecho.
A principal preocupação começou após a chinesa Huawei, que enfrenta sanções dos EUA, começar a instalar cabos no mundo. Negociações com a empresa também podem estar por trás do cancelamento de projetos financiados pelo Google e pelo Facebook, que deveriam chegar em Hong Kong.
“Uma conexão direta a cabo entre os Estados Unidos e Hong Kong representaria um risco inaceitável para a segurança nacional e os interesses de aplicação da lei dos Estados Unidos”, disse o Departamento de Justiça dos EUA.
Do outro lado, os EUA são acusados de dominarem o controle de internet no mundo, já que empresas americanas controlam boa parte dos cabos submarinos existentes. Até o momento, a tensão no pacífico sobre os cabos ainda está longe de ter um fim.
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