“Parente perdido” do tricerátops é encontrado em rancho de fundador da CNN

Fóssil escavado há mais de 20 anos na fazenda de Ted Turner foi analisado por cientistas, que chamaram a espécie de “Sierracerátops”
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 05/10/2021 16h17, atualizada em 06/10/2021 12h19
Sierracerátops
Imagem: Universidade de Bath/Divulgação
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Cientistas concluíram a análise de um fóssil de dinossauro – um parente perdido do tricerátops – encontrado há mais de 20 anos no rancho de Ted Turner, fundador da emissora americana CNN, no Novo México. A nova espécie foi chamada de “Sierraceratops turneri” e o animal era vivo há cerca de 72 milhões de anos.

O nome levou em consideração três fatores: o primeiro refere-se à região onde o fóssil foi encontrado – condado de Sierra, no Novo México. O segundo faz menção ao sufixo “ceratops”, grupo ao qual essa espécie pertence. Finalmente, o “turneri” é uma homenagem a Turner, que criou a “Cable News Network” em 1º de junho de 1980, em Atlanta.

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Comparativo mostrando o sierracerátops, primo perdido do tricerátops, em comparação com um tiranossauro e um alamossauro
Comparado a outros animais, o sierracerátops era consideravelmente pequeno, mas sua convivência em amplos rebanhos o prevenia de ataques de predadores (Imagem: Universidade de Bath/Divulgação)

O time de pesquisadores que recolheu os restos do animal faz parte do Museu de Ciências e História Natural do Novo México, mas também incluiu o paleontólogo Nick Longrich, um doutor da Universidade de Bach, na Inglaterra – é ele quem assina o paper publicado no jornal Cretaceous Research.

Durante muito tempo, pensava-se que o fóssil – basicamente, a maior parte do crânio e uma parte do esqueleto – pertencesse a um torossauro (muito parecido com o tricerátops, embora um pouquinho menor). Análises conduzidas ao longo das duas últimas décadas, porém, apontaram para diferenças adicionais, o que levou à conclusão de que se tratava de uma nova espécie.

A grosso modo, tais diferenças incluem: chifres menores, porém bem evidentes, bem como um osso que dava suporte ao pescoço do animal. Em comparação com seus dois primos distantes, o sierracerátops era consideravelmente menor, com algo em torno de 4,5 metros de comprimento. Tal qual os parentes, porém, ele era um quadrúpede herbívoro que se alimentava de vegetação rasteira.

No que tange à sua linha do tempo, ele surgiu cerca de seis milhões de anos antes do tricerátops, o que o coloca no começo do fim do período cretáceo. Como era o caso da maioria dos herbívoros dotados de chifres, o sierracerátops também andava em amplos rebanhos a fim de não se ver sozinho contra predadores maiores.

Ilustração digital mostra como seria o sierracerátops quando vivo: os chifres pequenos e seu comprimento o colocam em uma posição abaixo do tricerátops comum
Ilustração digital mostra como seria o sierracerátops quando vivo: os chifres pequenos e seu comprimento o colocam em uma posição abaixo do tricerátops comum (Imagem: Universidade de Bath/Divulgação)

A nova descoberta vem de um aumento nas atividades de paleontólogos, que começaram a se afastar de parques e sítios mais conhecidos pela presença de fósseis em direção a áreas mais pobres de pesquisa. Com isso, novas espécies vêm sendo escavadas em diversos países: recentemente, nós falamos sobre dois novos espinossauros no Reino Unido e um novo anquilossauro africano.

“Esses eram animais imensos, e você poderia pensar que eles fossem mais espalhados”, disse o Dr. Nick Longrich. “Mas na verdade, não são as mesmas espécies vivendo em vários locais. Diferentes espécies provavelmente se adaptaram aos climas locais, plantas, predadores e doenças, o que lhes conferia uma vantagem em relação a invasores que viessem de fora”.

O especialista também aponta para uma virada climática de grande porte que denuncia como a Terra era diferente naquela época. Ele explica que a região onde o “primo perdido do tricerátops” viveu e morreu (Texas e outras áreas do sudoeste americano), consiste, hoje, de um deserto com vegetação rígida, mas no fim do cretáceo, abrigava florestas densas e muita vegetação rasteira.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital