Cachorros são os melhores amigos do homem, diz a sabedoria popular (embora os amantes de gatos contestem essa afirmação). Mas, desde quando essa amizade existe? Na América Central, isso é pré-histórico. Pelo menos, é o que indica um estudo da Costa Rica, que descobriu um fóssil canino de cerca de 12 mil anos.

De acordo com o site Phys, o fóssil é de um osso mandibular, que foi encontrado em uma escavação realizada no início da década de 1990, em Nacaome, nordeste da Costa Rica.

Pesquisadores acreditam que este fóssil de um osso da mandíbula encontrado na Costa Rica pertence a um cachorro que viveu há 12 mil anos. Imagem: Guilhermo Vargas

Restos de ossos ali descobertos, que datam do período Pleistoceno Superior, pertenciam a um cavalo, um tatu, um mastodonte e, pelo que se acreditava inicialmente, a um coiote.

“Achamos muito estranho ter um coiote no Pleistoceno, ou seja, há 12 mil anos”, disse à AFP o pesquisador costarriquenho Guillermo Vargas. Segundo Vargas, os coiotes só chegaram à Costa Rica no século 20, por isso a ossada levantou suspeitas.

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“Quando começamos a examinar os fragmentos ósseos, começamos a ver características que poderiam ser de um cachorro. Então, continuamos procurando e escaneando, até que vimos que era um cachorro que vivia com humanos”.

Cachorros migraram para a América junto com os primeiros homens

Vargas diz que o cachorro come as sobras da comida humana, e que seus dentes não são tão determinantes para sua sobrevivência. “Ele caça presas grandes com seus companheiros humanos. Esta amostra reflete essa diferença”, diz o pesquisador.

Acredita-se que os humanos migraram para as Américas através do estreito de Bering, durante a última grande era do gelo. (Essa tese, no entanto, vem sendo contestada).

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“Os primeiros cães domesticados entraram no continente há cerca de 15 mil anos, um produto da migração dos asiáticos pelo Estreito de Bering”, disse Raul Valadez, biólogo e zooarqueólogo da Universidade Nacional Autônoma do México. “Nunca houve cães sem pessoas””.

A presença de humanos durante o Pleistoceno foi atestada no México, Chile e Patagônia, mas nunca na América Central, até agora. “Este pode ser o cão mais velho das Américas”, disse Vargas.

Antes desse, os restos mortais mais antigos de cães eram exemplares encontrados no Alasca, que têm 10.150 anos.

A Universidade de Oxford se ofereceu para realizar testes de DNA e datação por carbono na amostra, para descobrir mais informações genéticas sobre o animal e sua real idade. “Esta descoberta canina seria a primeira evidência de humanos na Costa Rica durante um período muito anterior do que se pensava”, disse Vargas. “Isso nos mostraria que havia sociedades que podiam manter cães, que tinham sobras de comida, que tinham cães por desejo e que esses não eram cães de guerra que podiam causar danos”.

Atualmente, o fóssil está guardado no Museu Nacional da Costa Rica, mas não pode ser definitivamente  identificado como um cão sem a publicação do estudo por uma revista científica.

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