Arqueólogos do Departamento de Antiguidades de Dohuk, no Iraque, revelaram no domingo (24) a descoberta de uma fábrica de vinho em grande escala da época do Império Assírio. A vinícola data de, pelo menos, 2.700 anos atrás, e foi identificada junto com impressionantes relevos reais esculpidos na rocha.

Segundo o site Phys, os baixos-relevos de pedra, com ilustrações como reis orando aos deuses, foram cortados nas paredes de um canal de irrigação de quase nove quilômetros em Faida, no norte do país.

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Esculturas em relevo na parede de vinícola da Idade Antiga no Iraque. Imagem: Departamento de Antiguidades de Dohuk

A equipe afirma que as esculturas, com 12 painéis medindo cinco metros de largura e dois metros de altura, mostram deuses, reis e animais sagrados. Eles datam dos reinados de Sargão II (721-705 a.C.) e seu filho Senaqueribe.

“Existem outros lugares com relevos rochosos no Iraque, especialmente no Curdistão, mas nenhum é tão grande e monumental como este”, disse o arqueólogo italiano Daniele Morandi Bonacossi, que ajudou nos estudos.

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Segundo ele, os sete deuses principais são todos vistos nessas obras, incluindo Ishtar, a deusa do amor e da guerra, que está representada em cima de um leão. Ainda de acordo com os estudos, o canal de irrigação foi cortado em calcário para transportar água das colinas para os campos dos fazendeiros, e as esculturas foram feitas para lembrar às pessoas o rei que ordenou sua construção.

“Não foi apenas uma cena religiosa de oração, foi também política, uma espécie de cena de propaganda”, acrescentou Bonacossi. “O rei, dessa forma, queria mostrar às pessoas que vivem na área que foi ele quem criou esses enormes sistemas de irrigação, então, o povo devia se lembrar disso e permanecer leal”.

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Fábrica de vinho industrial antiga contém 14 instalações

Em Khinis, também perto de Dohuk, a equipe desenterrou bacias gigantes de pedra cortadas em rocha branca que foram usadas na produção comercial de vinho durante o reinado de Senaqueribe, no final do século 8 ou início do século 7 a.C.

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“Era uma espécie de fábrica de vinho industrial”, disse Bonacossi, que é professor de arqueologia na Universidade de Udine, na Itália, acrescentando que esta foi a primeira descoberta desse tipo no Iraque. “Encontramos 14 instalações, que serviam para prensar as uvas e extrair o suco, que depois era transformado em vinho”.

Arqueólogos no Iraque descobriram poços cortados em pedra usados ​​para prensar as uvas e extrair o suco, que era então processado em vinho. Imagem: Departamento de Antiguidades de Dohuk

Algumas das esculturas mais famosas que sobreviveram do período assírio são os míticos touros alados, com exemplos dos relevos monumentais vistos no Museu do Iraque em Bagdá, bem como no Louvre em Paris e no Museu Britânico em Londres.

O Iraque foi o berço de algumas das primeiras cidades do mundo. Além dos assírios, já foi o lar de sumérios e babilônios, e são de lá alguns dos primeiros exemplos de escrita da humanidade. Mas, agora, também é um local para contrabandistas de artefatos antigos.

De acordo com a publicação, os saqueadores dizimaram o passado antigo do país, inclusive após a invasão de 2003 liderada pelos EUA. Entre 2014 e 2017, o grupo do Estado Islâmico demoliu dezenas de tesouros pré-islâmicos com escavadeiras, picaretas e explosivos. Eles também usaram o contrabando para financiar suas operações.

Atualmente, alguns países estão lentamente devolvendo itens roubados. No início deste ano, os EUA devolveram cerca de 17 mil artefatos ao Iraque, peças que datavam principalmente do período sumério, há cerca de 4 mil anos.

No mês passado, uma tábua de 3,5 mil anos contando o épico de Gilgamesh foi devolvida ao Iraque após ter sido roubada há três décadas e importada ilegalmente para os EUA.

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