A Covid-19 é uma doença predominantemente respiratória, porém, não é incomum encontrar vestígios do vírus nos tecidos de outros órgãos que não os pulmões e as mucosas. Estudos mostram, por exemplo, alterações no sistema circulatório, onde o vírus danifica uma membrana importantíssima conhecida como endotélio.

Essa membrana envolve o interior do coração e os vasos sanguíneos, desempenhando papel crucial para que o sangue seja irrigado da maneira adequada aos outros órgãos. Para investigar melhor como a Covid-19 pode atingir o sistema circulatório, uma equipe internacional de pesquisadores montou um estudo amplo e inédito.

No estudo, os pesquisadores monitoram o endotélio de pacientes com Covid-19 que haviam sido internados em diferentes unidades de terapia intensiva (UTI) em diferentes lugares do mundo. Para isso, eles usaram um dispositivo óptico infravermelho portátil, não invasivo e movido a bateria para observar a saúde microvascular.

Estudo envolveu o Brasil

Mapa dos locais onde o projeto Hemocovid foi realizado
Projeto contou com institutos de pesquisa de diferentes locais, como Brasil, México e Espanha. Crédito: Hemocovid/Divulgação

Os dados foram coletados em seis hospitais diferentes de três países, incluindo o Brasil. Os pesquisadores usaram um método conhecido como espectroscopia de infravermelho próximo (Nirs) para estudar a saturação de oxigênio nos tecidos dos órgãos e na corrente sanguínea, além da gravidade da doença.

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No Brasil, o estudo foi conduzido por pesquisadores do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Instituto de Física Gleb Wataghin, também da Unicamp, e do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).

Comprometimento do sistema circulatório está ligado à gravidade da doença

Após a coleta de dados de mais de 100 indivíduos, a equipe encontrou alterações no sistema circulatório de pacientes com Covid-19 grave, principalmente no processo de circulação dentro dos microvasos de tecido. O grau dessas alterações estava diretamente associado à gravidade da doença.

“Esses resultados preliminares são altamente relevantes em vários aspectos”, diz Jaume Mesquida, clínico do Hospital Parc Tauli, em Barcelona, na Espanha. “Em primeiro lugar, reforçamos a ideia de que as formas graves de Covid-19 são uma doença sistêmica que afeta os microvasos do corpo”, completa.

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Os pesquisadores também reforçaram que as formas graves de Covid-19 são determinadas principalmente pelo envolvimento pulmonar. Isso se correlaciona com o comprometimento da resposta do sistema circulatório em algumas partes dos músculos.

Via: Medical Xpress

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