É comum que negacionistas do aquecimento global argumentem que os problemas climáticos “só ficaram conhecidos hoje”, mas segundo historiadores e outros estudiosos, isso é mais uma falácia: cientistas vêm nos avisando sobre o aquecimento global – e seus potenciais efeitos – desde pelo menos o início da década de 1950.

De acordo com Spencer Weart, historiador e diretor do Centro de História da Física para o Instituto Americano de Física em Maryland, naquela época, as preocupações eram mais abstratas, mas elas definitivamente existiam: “era só uma possibilidade para o século XXI que parecia muito distante, mas era enxergada como um perigo para o qual devíamos nos preparar”.

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Cientistas mostram que aquecimento global ataca as regiões polares, amplamente afetando seu ecossistema
Enorme pedaço de gelo se desprende de uma geleira no Ártico: as regiões polares estão entre as mais afetadas pelo aquecimento global (Imagem: Bernhard Staehli/Shutterstock)

Há séculos, porém, gregos antigos debateram se a dragagem de lagos (a remoção de água) e o desmatamento influencia no aumento ou redução da ocorrência de chuvas, mas eles não tinham a compreensão problemática dessas ações, além de elas serem ponderadas em escala local. Foi apenas em 1896 que um cientista – Svante Arrhenius (1859-1927) – considerou a capacidade humana de alterar o clima em uma escala global.

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Foi nessa mesma época que os cálculos de Arrhenius foram publicados no jornal The London, Edinburgh, and Dublin Philosophical Magazine and Journal of Science – o primeiro registro oficial a afirmar que a adição de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera poderia aquecer a temperatura média da Terra.

Como já sabemos hoje, Arrhenius acertou em cheio: um dos principais fatores de avanço do aquecimento global é a atividade humana – a industrialização acelerada e o uso contínuo de combustíveis fósseis não renováveis, bem como ações anti ecológicas (desmatamentos e queimadas, grilagem de terras e mineração irregular) contribuem não apenas para o acúmulo de gases do efeito estufa na atmosfera, como também para a redução da nossa capacidade natural de nos defendermos.

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O problema: a pesquisa de Arrhenius não foi amplamente divulgada, e aqueles que tiveram acesso à ela, na época, pensavam no aquecimento global como algo benéfico.

Apenas 60 anos depois, quando dois estudos foram publicados no jornal científico Tellus, que essa percepção começou a mudar: o primeiro, assinado por Roger Revelle, foi publicado em 1957 e provou que o oceano não seria capaz de absorver todo o CO2 que produzimos, o que levaria ao aumento da nossa temperatura. O segundo, assinado por Charles Keeling em 1960, detectou aumentos anuais do volume de CO2 na atmosfera.

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A partir daí, a comunidade científica começou a levar mais a sério a questão nociva do aquecimento global: “cientistas começaram, em 1988, a insistir que uma ação mais realista deveria ser tomada”, disse Weart. “Nos anos 1990, a maioria dos cientistas pensavam que o aquecimento global deveria ser atacado, mas a oposição de empresas petrolíferas e ideólogos contrários a ações governamentais foram eficazes em esconder os fatos como eles são, barrando qualquer tomada de atitude”. 

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