Depois de quase três meses de tremores, explosões e dispersão de lava e cinzas, a erupção do vulcão Cumbre Vieja, nas Ilhas Canárias, pode finalmente ter chegado ao fim, segundo análises mais recentes das autoridades geológicas.

Na última segunda-feira (13), o vulcão localizado na ilha de La Palma, ao noroeste da África, completou 85 dias de atividade vulcânica, superando um recorde que perdurava há 436 anos. Desde então, porém, as atividades na região do vulcão e de sua caldeira têm sido cada vez mais reduzidas – as autoridades chegaram a dizer que as atualizações do vulcão são “negligenciáveis”.

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Imagem mostra erupção do vulcão Cumbre Vieja
O vulcão Cumbre Vieja, cuja erupção vem durando mais de 85 dias, pode estar finalmente “adormecendo”, segundo autoridades locais (Imagem: @EugenioNicotra, via Twitter/Reprodução)

“Nós não podemos afirmar com 100% de certeza, já que o vulcão tem nos pregado algumas peças ao longo das últimas semanas”, disse Valentin Troll, expert em geologia vulcânica pela Universidade de Uppsala (Suécia) e autor de um estudo sobre vulcanismo nas Ilhas Canárias, à Associated Press. “Entretanto, muitos de seus parâmetros parecem ter se acalmado, e eu acho que a atividade do vulcão está de fato em declínio”.

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Por “peças”, Troll se refere às três ou quatro semanas mais recentes das atividades após a erupção do Cumbre Vieja: ao contrário da maioria dos vulcões – que apresentam ritmos mais ou menos previsíveis de ação -, o monte na ilha de La Palma teve altos e baixos, com momentos de pouca ou nenhuma dispersão de lava meramente antecedendo terremotos que reacendiam a sua caldeira.

Nesta quarta-feira (15), pequenas plumas de fumaça branca apareceram no vulcão, mas nada que preocupasse as autoridades locais, que disseram que “a atividade vulcânica caiu para praticamente zero”.

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A erupção do Cumbre Vieja começou em 19 de setembro, rapidamente tornando-se uma das mais intensas da região (e até acendendo um alerta sobre um improvável tsunami no Brasil, que desmentimos aqui no Olhar Digital). Ao longo de três meses, mais de 3 mil edifícios foram destruídos por rios de lava e milhares de pessoas foram evacuadas e realocadas. Felizmente, os danos foram apenas às estruturas e terras e, embora exista a suspeita de uma morte, ainda está pendente a confirmação de que ela tenha relação com o evento.

Por ora, a população insular de La Palma espera ansiosamente a retomada de suas vidas normais. A região, que é majoritariamente agrária e sobrevive do cultivo e da agricultura, terá que promover uma readaptação mais intensa a fim de compensar o dano que sofreram suas terras. Lamentavelmente, alguns moradores estão divididos entre celebrar a redução da atividade vulcânica e criticar o governo por uma ajuda que, a grosso modo, nunca chegou.

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“Ser capaz de ver o Sol nascer apropriadamente pela primeira vez em três meses, dormir em uma noite sem tremores, isso muda totalmente a sua perspectiva”, disse à AP Francisco Javier López, um morador de 61 anos da vila de Todoque, uma das mais afetadas da ilha. “Mas o futuro ainda é desolador”.

López morava próximo ao monte, onde mantinha, junto de sua esposa, um serviço de parapente para turistas. Entretanto, a descida de rios de lava destruiu completamente as pistas de decolagem e pouso de aviões localizadas próximas ao topo do Cumbre Vieja.

Segundo o morador, o governo fez promessas de acomodação, subsídios e auxílio financeiro em todas as esferas – nacional, estadual e municipal – mas praticamente nada disso se concretizou: “o vulcão nos tirou nossas casas, nosso passado e nossas memórias”, ele comentou. “Mas são os políticos que estão tirando o nosso futuro e a nossa esperança”.

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