Um ataque cibernético maciço em sites importantes do governo da Ucrânia foi relatado pelas autoridades locais nesta sexta-feira (14/01). Apesar de, até o momento, não ter sido revelada a autoria, a Rússia está sendo apontada como possível responsável pelo ocorrido.

“É muito cedo para tirar conclusões, mas há um longo histórico de ataques russos contra a Ucrânia”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano. O ataque de agora traz um tempero a mais para as tensões entre a Rússia e o Ocidente, que vêm aumentando bastante, tendo como núcleo a Ucrânia, um país estratégico ex-soviético.

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Ataque foi acompanhado de mensagem ameaçadora

O site do Ministério das Relações Exteriores exibiu temporariamente uma mensagem em ucraniano, russo e polonês que parecia sugerir que o ataque foi uma resposta à posição pró-ocidente da Ucrânia. “Ucraniano! Todos os seus dados pessoais foram enviados para a rede pública. Todos os dados dos computadores serão destruídos, é impossível restaurá-los”, diz a mensagem.

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“Todas as informações sobre você se tornaram públicas, tenha medo e espere o pior. Isto é para o seu passado, presente e futuro. Para Volyn, OUN, UPA, Galitsia, Polesye e para terras históricas”, apontou a mensagem do ataque cibernético, se referindo a organizações e regiões ultranacionalistas da Ucrânia.

Sites do gabinete do governo ucraniano, conselhos de segurança e defesa e ministério da educação estavam entre os afetados. O porta-voz disse que especialistas já estão trabalhando para restaurar o funcionamento dos sistemas e que a polícia cibernética abriu uma investigação. Segundo ele, nenhum conteúdo dos sites foi alterado e nenhum dado pessoal foi vazado.

Tensões entre o Ocidente e a Rússia

O chefe de relações exteriores da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse não ter provas de quem foi o responsável pelo ataque cibernético, mas “podemos imaginar quem está por trás disso”. O Ocidente acusou a Rússia de enviar tanques, artilharia e cerca de 100 mil soldados à fronteira leste da Ucrânia, devastada pela guerra nas últimas semanas.

Enquanto a Otan diz ser uma preparação para uma invasão, Moscou diz que não tem planos de invadir o país. Esta semana, os Estados Unidos e seus aliados da Otan conversaram com a Rússia na tentativa de aliviar as tensões, mas todas as três rodadas de negociações – em Genebra, Bruxelas e Viena – não tiveram sucesso.

Na quinta-feira, o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, disse que Moscou não vê motivo para realizar uma nova rodada de negociações de segurança com o Ocidente devido à falta de progresso. As agências de inteligência ocidentais alertam que uma invasão total pode ser iminente. Segundo a Sky News, a UE convocou uma reunião de emergência para responder aos ataques de agora.

A Rússia já havia implantado ataques cibernéticos como um prelúdio para a guerra terrestre, como durante sua invasão da Geórgia em 2008. Semanas antes das tropas russas entrarem no país, sites do governo georgiano e infraestrutura da web foram atacados. Durante a anexação russa da Crimeia em 2014, também houve esse tipo de procedimento. Nesses casos, a intenção dos ataques pode ser tanto confundir quanto desativar serviços críticos.

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Via The Verge

Imagem: АЛЕКСАНДР Кит/Pixabay/CC