Entre as descobertas mais emocionantes do rover Curiosity, que está em operação em Marte desde 2012, estão as periódicas e até agora inexplicáveis altas na concentração de metano na atmosfera do planeta. Nos últimos sete anos, o Curiosity estabeleceu um sinal de fundo de metano de cerca de 0,41 parte por bilhão por volume (ppbv), e esses picos periódicos podem aumentar para até 21 ppbv.
Um novo estudo, publicado na revista Earth and Space Science, indica que esses picos de metano podem “ter profundas implicações para a geologia e a astrobiologia”.
Na Terra, quase todas as emissões de metano têm origens biológicas, desde a flatulência das vacas até a decomposição do material vegetal. Em Marte, o metano pode ser uma potencial bioassinatura, um traço químico produzido pela vida. No entanto, primeiro, os cientistas devem descartar as origens não biológicas do metano.
Leia mais:
- Curiosity pode ter localizado misteriosa fonte de metano em Marte
- Satélite da ESA não encontrou metano em Marte, mas o gás ainda pode estar lá
- Professor de Harvard corrige Elon Musk por erro sobre órbita de Marte
Como funciona a “máquina do tempo” que estuda a origem do metano em Marte
Para investigar de onde as emissões de metano poderiam se originar, os pesquisadores utilizaram um método chamado “análise de retrotrajetória”. Sim, como se fosse uma “máquina do tempo”, a técnica envolve o uso de modelos baseados no que os cientistas já sabem sobre a atmosfera de Marte para resgatar informações “do passado” a partir do momento de sua medição.
Os pesquisadores estudaram todos os sete eventos de pico de metano que foram detectados até agora e usaram um modelo climático global existente de Marte para simular como o vento poderia transportar metano viajando ao redor do planeta.
Simulando a retrotrajetória de cada pico de metano com base nos padrões de vento de várias estações e épocas do dia, os autores do estudo descobriram que os picos provavelmente se originaram da mesma área geral: a parte noroeste da cratera Gale, uma grande cratera de impacto que os cientistas supõem que já comportou água líquida, onde o Curiosity está explorando atualmente.
No entanto, as detecções de metano do rover em Marte foram questionadas por especialistas. Por exemplo, o ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO), que investiga o Planeta Vermelho desde o fim de 2016, não detectou a mesma abundância de metano na atmosfera que o Curiosity identificou observando da superfície.
Segundo os cientistas, pode haver um mecanismo geológico que rapidamente sequestre metano da atmosfera ou um mecanismo atmosférico prendendo-o perto da superfície.
Para esclarecer essa questão, novas pesquisas precisam ser feitas, para confirmar que onde o metano se origina, e o Curiosity deve continuar fazendo medições da abundância de metano ambiente para capturar mais eventos de pico do gás.
Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!