Imagem: Nazarii_Neshcherenskyi - Shutterstock
Entre as descobertas mais emocionantes do rover Curiosity, que está em operação em Marte desde 2012, estão as periódicas e até agora inexplicáveis altas na concentração de metano na atmosfera do planeta. Nos últimos sete anos, o Curiosity estabeleceu um sinal de fundo de metano de cerca de 0,41 parte por bilhão por volume (ppbv), e esses picos periódicos podem aumentar para até 21 ppbv.
Um novo estudo, publicado na revista Earth and Space Science, indica que esses picos de metano podem “ter profundas implicações para a geologia e a astrobiologia”.
Na Terra, quase todas as emissões de metano têm origens biológicas, desde a flatulência das vacas até a decomposição do material vegetal. Em Marte, o metano pode ser uma potencial bioassinatura, um traço químico produzido pela vida. No entanto, primeiro, os cientistas devem descartar as origens não biológicas do metano.
Leia mais:
Para investigar de onde as emissões de metano poderiam se originar, os pesquisadores utilizaram um método chamado “análise de retrotrajetória”. Sim, como se fosse uma “máquina do tempo”, a técnica envolve o uso de modelos baseados no que os cientistas já sabem sobre a atmosfera de Marte para resgatar informações “do passado” a partir do momento de sua medição.
Os pesquisadores estudaram todos os sete eventos de pico de metano que foram detectados até agora e usaram um modelo climático global existente de Marte para simular como o vento poderia transportar metano viajando ao redor do planeta.
Simulando a retrotrajetória de cada pico de metano com base nos padrões de vento de várias estações e épocas do dia, os autores do estudo descobriram que os picos provavelmente se originaram da mesma área geral: a parte noroeste da cratera Gale, uma grande cratera de impacto que os cientistas supõem que já comportou água líquida, onde o Curiosity está explorando atualmente.
No entanto, as detecções de metano do rover em Marte foram questionadas por especialistas. Por exemplo, o ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO), que investiga o Planeta Vermelho desde o fim de 2016, não detectou a mesma abundância de metano na atmosfera que o Curiosity identificou observando da superfície.
Segundo os cientistas, pode haver um mecanismo geológico que rapidamente sequestre metano da atmosfera ou um mecanismo atmosférico prendendo-o perto da superfície.
Para esclarecer essa questão, novas pesquisas precisam ser feitas, para confirmar que onde o metano se origina, e o Curiosity deve continuar fazendo medições da abundância de metano ambiente para capturar mais eventos de pico do gás.
Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!
Esta post foi modificado pela última vez em 18 de janeiro de 2022 10:55