Embora Marte tenha hoje uma superfície árida e empoeirada, há cerca de 3 bilhões de anos provavelmente era um planeta frio e úmido, que poderia, inclusive, ter abrigado um oceano, segundo um novo estudo que usou simulações climáticas 3D.

Marte teria um oceano ao norte, há 3 bilhões de anos, segundo estudo. Imagem: WR Studios – Shutterstock

Essas simulações da antiga atmosfera marciana sugerem que um oceano líquido já existiu na bacia das planícies do norte do planeta. Esse oceano potencialmente persistiu mesmo quando as temperaturas médias da superfície global estavam abaixo do ponto de congelamento da água, sugere o trabalho, revisado por pares e publicado no jornal científico Proceedings of the National Academy of Sciences, na última segunda-feira (17).

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Oceano em Marte pode ter suportado vida?

Atualmente, Marte é um lugar frio e seco, no entanto, décadas de evidências sugerem que a superfície antiga estava coberta de rios, córregos, lagoas e lagos. Como a água na Terra geralmente aponta para a vida, esses velhos sinais de água levantam a possibilidade de que o Planeta Vermelho já teve alguma forma de vida – e ainda poderia ter.

De acordo com o novo estudo, Terra e Marte potencialmente tiveram climas semelhantes há cerca de três bilhões de anos, quando a vida estava se espalhando em nosso planeta. No entanto, os cientistas debatem se Marte era temperado o suficiente para hospedar um oceano de água, uma questão que poderia esclarecer se o planeta era habitável o suficiente para suportar a vida. 

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Conforme destaca o site Space.com, as novas descobertas contradizem pesquisas anteriores que sugerem que Marte não poderia apoiar tal oceano.

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Há relativamente poucos vales fluviais ramificados que datam daquela época em Marte, por exemplo, sugerindo uma falta de chuvas intensas e generalizadas esperadas de um clima quente e úmido.

No entanto, nem todas as evidências apontam para um mundo seco; outras evidências de detritos de tsunami contemporâneos argumentam contra a versão de que o clima marciano era muito frio e seco para um oceano.

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Pesquisadores explicam como o oceano líquido teria sido possível

Para os autores do novo estudo, um oceano líquido no norte teria sido possível porque os padrões de circulação oceânica podem ter aquecido a superfície daquela região até 4,5 graus Celsius, bem acima do ponto de congelamento da água.

Ainda de acordo com a pesquisa, o oceano norte poderia ter experimentado chuvas moderadas, assim como suas costas. Outra fonte potencial foram as geleiras fluídas das terras altas do sul do Planeta Vermelho, que hospedavam mantos de gelo.

Uma atmosfera marciana amigável ao oceano se parece um pouco com a versão cheia de dióxido de carbono que vemos hoje, com um porém: cerca de 10% da atmosfera era composta de 10% de gás hidrogênio, potencialmente sendo liberada por vulcões, impactos cósmicos ou interações químicas entre água e rocha. Hoje, em contraste, o hidrogênio só está presente em quantidades de traços.

Essa combinação atmosférica de dióxido de carbono e hidrogênio poderia ter retido calor suficiente do Sol para manter as temperaturas da superfície quentes o bastante para um oceano de água líquida, sugere o estudo.

Permanece incerto, no entanto, se o oceano poderia ter suportado a vida. “Estamos apenas estudando as condições em que a vida pode aparecer”, disse o autor principal do estudo, Frédéric Schmidt, cientista planetário da Universidade de Paris-Saclay. “Um grande corpo de água em pé estável por um longo tempo é importante, provavelmente necessário, mas talvez não suficiente para a vida aparecer”.

Schmidt revelou que os cientistas também não têm certeza para onde a água foi. “Grande parte pode ser congelada como gelo sob a superfície de Marte, ou quimicamente trancada em minerais. A radiação solar também pode ter quebrado moléculas de água em hidrogênio e gás oxigênio, com o hidrogênio finalmente escapando para o espaço”.

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