O pager, também conhecido no Brasil como bipe, foi um dispositivo muito popular em diversos países nas décadas de 1980 e 1990, época em que os celulares ainda começavam a ganhar força no mercado. Cada gadget tinha um código próprio utilizado para receber mensagens.

Em mais um artigo sobre tecnologias antigas, você confere tudo sobre esse curioso aparelho.

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Quem inventou o pager?

O pager foi inventado em 1949 pelo canadense Alfred J. Gross. Seu sistema de rádio, similar a um Walkie Talkie (também inventado por Gross, em 1938), foi aprimorado com o passar do tempo.

Em 1956, a Motorola apresentou o primeiro pager portátil capaz de exibir mensagens de texto em uma pequena tela de LCD. Em pouco tempo, a novidade foi adotada principalmente em hospitais e fábricas.

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Mensagem de texto exibida na tela de um pager
O pager só começou a ser comercializado para o grande público no início da década de 1960. Imagem: kasarp studio/Shutterstock

Mais a frente, em 1996, a empresa Skytel apresentou um modelo mais moderno, capaz de enviar e receber e-mails. No mesmo ano, a rival Research in Motion lançou o ‘Inter@ctive Pager’, um dispositivo com o mesmo recurso que mais tarde evoluiu para o Blackberry.

Como funcionava?

Basicamente, um pager era um pequeno receptor de rádio que o usuário carregava no bolso. Por meio de um código pessoal, qualquer pessoa podia enviar uma mensagem discando esse número e citando a mensagem que desejava enviar. 

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As mensagens eram recebidas em uma central telefônica ou escritório de transmissão, onde outro profissional as enviava imediatamente, como uma transmissão de rádio normal. 

Uma vez que a mensagem chegava, o pager vibrava ou emitia um bipe (daí o apelido entre os brasileiros), exibindo a mensagem seguida de data e hora. O gadget funcionava com uma pilha do tipo AAA, capaz de fornecer carga para cerca de um mês de uso.

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Haviam dois tipos de distribuição de sinal: a de alcance limitado e amplo. Como o nome sugere, a de alcance limitado enviava mensagens em uma área menor através de um transmissor de baixa potência. O que funcionava muito bem em hospitais, por exemplo. 

Já a de área ampla, era similar a uma transmissão de rádio em nível nacional. O sistema de transmissores conseguia enviar mensagens para todo o país com a ajuda de diversas antenas. No Reino Unido, por exemplo, a rede pager de longa distância usava cerca de 500 antenas para conseguir cobrir toda a região.

Quando o pager foi lançado no Brasil

No Brasil, o bipe chegou ao varejo em 1992 com custo médio em torno de US$ 400, o que hoje daria algo em torno de R$ 2,1 mil. No ano de estreia, já conquistou mais de 10 mil assinantes.

Em 1993, o número de clientes cresceu para 100 mil e três anos depois chegou a marca de 800 mil. Dentre as operadoras de telecomunicações que ofereciam o serviço no país, as mais populares eram a Teletrim e PageNet.

O pager/bipe ainda é utilizado?

Apesar de ter perdido espaço para os celulares, ainda existem alguns serviços que utilizam o pager. É o caso da saúde pública do Reino Unido (NHS). Até 2019, cerca de 130 mil pessoas ainda utilizavam o bipe no trabalho.

Ainda que o resultado seja curioso, há um motivo para isso. Segundo os profissionais de saúde, a recepção do dispositivo funciona muito bem mesmo em situações adversas, como em salas de raio-x, por exemplo. Contudo, como se trata de uma tecnologia obsoleta, a NHS começou a descontinuar o seu uso no ano passado.

O pager também continuava em uso no Japão até outubro de 2019, mês em que a última provedora no país (Tokyo Telemessage) decidiu descontinuar o serviço, na época com cerca de 1,5 mil clientes ativos.

Pager x celular

Vale ressaltar que os pagers não foram feitos para competir diretamente com os telefones celulares da época. Ambos tinham finalidades diferentes. A do bipe era receber mensagens rápidas e instantâneas de forma eficiente, o que nem sempre era viável nos celulares.

Uma vantagem do pager é que eles enviavam mensagens através de sinais de rádio VHF (semelhante aos programas de rádio FM), o que significa que a recepção chegava mais longe, precisava de menos transmissores e sofria com menos interferência do que os sinais de telefonia celular. 

Era mais fácil receber uma mensagem de pager em uma área remota, por exemplo, do que efetuar uma chamada de celular no mesmo local, onde muitas vezes nem mesmo era possível captar um sinal. Por isso, até hoje, o sistema dos pagers ainda é usado ​​por equipes de resgate. 

Outra vantagem dos pagers é que eles eram mais simples de usar do que os telefones celulares, além de pequenos, leves, e com bateria de longa duração. Por fim, como vimos até aqui, a sua simplicidade e confiabilidade também os tornaram o aparelho ideal para monitoramento médico.

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