Com mais de 2 mil satélites em sua megaconstelação Starlink, e com perspectiva de aumento para mais 42 mil deles até 2025, a SpaceX é uma das maiores responsáveis pela “superpopulação” da órbita baixa da Terra. Isso tem gerado grandes preocupações entre os cientistas espaciais, à medida que esses equipamentos prejudicam as observações astronômicas, além do fato de contribuírem com o crescimento do lixo espacial conforme forem se tornando inoperantes.

Segundo a empresa, no entanto, providências já vêm sendo tomadas nesse sentido, com “recursos significativos” para alcançar as melhores práticas em relação aos satélites Starlink. Em um comunicado publicado no site da empresa em 22 de fevereiro e atualizado na última segunda-feira (28), a SpaceX apresentou um protocolo de sustentabilidade e segurança.
Essa medida da SpaceX vem em meio a preocupações recentes levantadas pela Nasa sobre o impacto que mais satélites Starlink irão causar. A preocupação da agência segue críticas em relação ao aumento exorbitante da taxa de quase colisões entre os satélites Starlink no espaço, incluindo riscos à Estação Espacial Internacional (ISS), e por interferir em observações de astronomia.
O protocolo apresentado pela SpaceX foca mais especificamente na questão dos riscos de colisões e nos detritos. Nele, a empresa se compromete a contribuir com “um ambiente orbital seguro, protegendo o voo espacial humano e garantindo que ele seja mantido sustentável para futuras missões à órbita da Terra e além”.
Principais práticas a serem adotadas em relação aos satélites Starlink
No longo documento está exposto o plano de abordagem da SpaceX para lançamentos atuais e futuros dos satélites Starlink, incluindo alta manobrabilidade, compartilhamento de dados abertos com outras empresas espaciais, agências e autoridades e um sistema de prevenção de colisões no espaço para ser usado como último recurso.
Nas palavras da SpaceX, estas são as principais práticas que a empresa vai adotar com a Starlink:
- Projetar e construir satélites altamente confiáveis e manobráveis que demonstraram confiabilidade superior a 99%;
- Operar em baixas altitudes (abaixo de 600 km) para garantir que não haja detritos persistentes, mesmo no caso improvável de um satélite falhar em órbita;
- Inserir satélites em uma altitude especialmente baixa para verificar a saúde antes de levá-los à sua órbita operacional;
- Compartilhar de forma transparente informações orbitais com outros proprietários/operadores de satélites;
- Desenvolver um sistema avançado de prevenção de colisão para tomar medidas eficazes quando os riscos de encontro excederem os limites seguros.

Para sua constelação de satélites de internet banda larga, a SpaceX está se apoiando em tecnologias avançadas, como comunicações ópticas ou a laser entre satélites para tornar possíveis essas melhores práticas.
Além de apresentar suas propostas, a SpaceX também convidou outros operadores a se juntarem a ela em práticas como o compartilhamento de dados orbitais e a atualização das principais partes interessadas do governo, especialmente a Comissão Federal de Comunicações (FCC), que rege as atividades de telecomunicações em órbita.
“A SpaceX continua a inovar para acelerar as tecnologias espaciais, e atualmente estamos fornecendo conectividade de internet muito necessária para pessoas em todo o planeta, incluindo partes carentes e remotas do mundo, com nossa constelação Starlink”, diz o comunicado.
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SpaceX quer incentivar outras empresas a adotar medidas
A empresa apontou outros fatores que, segundo ela, fazem da Starlink um sistema altamente adaptável, incluindo uma baixa taxa de falha individual de satélites (1%), um compromisso com satélites desorbitados considerados em risco de falha, além de escudos especiais e equipamentos para reduzir as chances de micrometeoritos ou falhas de bateria causarem problemas catastróficos. Para completar, dentro dessas práticas, todos os satélites são desorbitados dentro de quatro semanas após o término de sua vida operacional.
A SpaceX também indicou práticas de transparência de dados que gostaria que outras operadoras fizessem, como compartilhar parâmetros orbitais na plataforma pública Space-Track.org e fornecer “relatórios de rotina de saúde do sistema” à FCC, que incluem manobras orbitais para reduzir o risco de colisão.
No documento, a empresa de Elon Musk reconheceu que seus satélites chegaram perto de grandes hardwares, como a ISS e a estação espacial chinesa Tiangong, mas disse que seu sistema de risco de colisão foi verificado com o programa de Avaliação de Conjunção e Análise de Risco (CARA) da Nasa, sob um Acordo de Ato Espacial com a agência.
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