Em uma sessão de perguntas e respostas em seu site oficial, a agência espacial americana (NASA) respondeu a questões sobre o que aconteceria caso a Rússia decidisse – sem aviso prévio – deixar a Estação Espacial Internacional (ISS). Spoiler: não seria nada bom, mas não da forma que você imagina.

A ISS foi lançada em novembro de 1998, como símbolo de um esforço conjunto entre EUA e Rússia e, mais tarde, vários outros países. Mais de 20 anos depois, a guerra russo-ucraniana iniciada pela liderança de Vladimir Putin (em resposta, segundo muitos, a uma ação dos EUA na Ucrânia) vem estremecendo essa longeva parceria, com o líder da agência russa Roscosmos, Dmitry Rogozin, ameaçando até abandonar um astronauta americano na estação e “deixar” a estrutura “cair” nos EUA.

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Imagem da ISS, que conta com módulos da Rússia e dos EUA
A ISS depende de uma cooperação irrestrita entre EUA e Rússia: se uma dessas partes faltar, as consequências podem ser desastrosas (Imagem: Centro Espacial Johnson/Nasa)

A Roscosmos já veio a público para amenizar a situação acalorada e dizer que, apesar da situação conturbada na Terra, a colaboração entre os dois países no espaço segue sem alteração. Entretanto, o sentimento de incerteza ainda paira no ar, levando muitos a questionar a agência americana quanto à possibilidade de cisão da parceria.

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Segundo a NASA, a Rússia não pode simplesmente fechar as malas e sair da ISS. Da forma como a estação é configurada hoje, os dois países dependem um do outro para manter as coisas funcionando normalmente.

Isso porque não há um treinamento geral para todos os tripulantes da ISS em caso de cenários catastróficos: diante de uma situação adversa, astronautas americanos sabem lidar com os módulos americanos da estrutura – o mesmo vale para os cosmonautas russos e sua parte da ISS.

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Essa divisão de deveres permeia toda a ISS: a Rússia, por exemplo, é responsável pela propulsão para manter a estação em seu estado devido, além de assegurar desvios contra objetos em direção contrária ou ainda o controle de altitude. Já os EUA fornecem energia para toda a estação por meio de seus painéis solares – incluindo uma boa parte do sistema secundário de suporte à vida. Esses comandos, no entanto, são controlados separadamente pela NASA e pela Roscosmos.

Ainda assim, todos os sistemas da ISS são interdependentes, então a Rússia não conseguiria “levantar e sair” sem ter alguma perda do lado deles. Entretanto, as ameaças de Rogozin trazem certo peso: a Estação Espacial Internacional depende de um fornecimento constante de propulsão e, sem isso, ela corre o risco de sair de órbita e cair na Terra.

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Inclusive, a própria ação de “cair na Terra” dependeria do trabalho conjunto das duas nações: um plano divulgado pela NASA é o de que a ISS seja descontinuada a partir de 2031, mas a estrutura de quase 500 toneladas foi feita para ser montada, mas não “desmontada”. Quando ela vier abaixo, isso deverá ser feito de forma coordenada, a fim de que o que sobrasse da estação após a reentrada na atmosfera da Terra caísse no mar.

Vale lembrar que, de sua posição em órbita geocêntrica (ou seja, a ISS acompanha o movimento da Terra), a estação não sobrevoa a Rússia – mas sobrevoa os EUA. Uma queda livre – proposital ou não – em um momento de extremo ataque militar e crise humanitária global certamente deixaria as coisas no mínimo desagradáveis.

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