Tudo tem o seu fim, até mesmo as estações espaciais. A Nasa divulgou nesta segunda-feira (31) o “plano de transição para a Estação Espacial Internacional (ISS)”, que inclui os principais objetivos para o laboratório orbital na próxima década, além do que será feito com ela quando chegar ao fim de sua vida útil.

Eles contemplam a operação da ISS até setembro de 2030, quando ela completará 30 anos de ocupação ininterrupta. E embora boa parte dela, como os sistemas de geração de energia, controle ambiental, suporte de vida e comunicação possam ser reparados ou substituídos em órbita, sua estrutura primária, incluindo os principais módulos, radiadores e estruturas de suporte, não são.

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Eles estão sujeitos a fadiga, seja causada por manobras, pela chegada e partida de espaçonaves, ou pela expansão e contração do material devido à variação na temperatura à medida que a estação gira ao redor da Terra. E por mais resistente que seja o material, uma hora ele vai ceder. Isso já pode ser percebido no módulo russo, por exemplo, onde rachaduras já foram encontradas.

Os membros responsáveis pela operação da ISS, entre eles as agências espaciais dos EUA (Nasa), Canadá (CSA), Europa (ESA) e Japão (Jaxa) já completaram análises da extensão da vida útil da estação até 2028, e a agência espacial russa (Roscosmos) já fez a análise até 2024 e está trabalhando na análise até 2030.

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A Estação Espacial Internacional é retratada de uma janela a bordo da SpaceX Crew Dragon Endeavour, durante um sobrevoo ao redor do laboratório orbital que ocorreu após sua separação do módulo Harmony, em 8 de novembro de 2021. Imagem: Centro Espacial Johnson — Nasa

Mas além deste período, não há muito mais esperança. E quando a ISS não puder mais ser habitada, o que fazer com uma estrutura de 73 metros de comprimento, 109 metros de largura e 444 toneladas? Ora, arremessá-la contra a Terra, é claro!

Obviamente, existe um termo técnico para isso: “deórbita”. E também existe um plano para isso ser feito de forma segura e controlada, sem colocar em risco os habitantes de nosso planeta. Ao contrário do que fizeram recentemente os chineses e russos.

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O plano consiste em iniciar uma série de manobras “retrógradas” para baixar gradualmente a altitude da estação, que normalmente orbita a 420 km acima do nível do mar. A data de início dessas manobras depende da atividade solar no ciclo atual.

Isso porque uma atividade solar mais intensa tende a expandir a atmosfera, o que aumenta o arrasto e causa uma redução natural na altitude da estação. Ou seja, menos esforço é necessário para baixá-la. As manobras poderiam começar já em outubro de 2026, ou no mais tardar em março de 2028. 

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As últimas tripulações seriam enviadas entre junho e novembro de 2030 em três naves russas Progress. Elas teriam como função recolher equipamentos e experimentos e desconectar módulos, para que a estação possa se “desmontar” com mais facilidade na reentrada.

Em novembro de 2030 a estação atingirá uma altitude de apenas 280 km acima do solo, o “ponto sem retorno”. A partir daí, a única direção possível é “para baixo”. Após manobras para alinhar sua trajetória para passar sobre a “Área Inabitada do Oceano Pacífico Sul” (SPOUA), os operadores da ISS irão acionar os propulsores uma última vez.

Este “empurrão final” fará com que ela reentre nossa atmosfera de forma segura em janeiro de 2031 como uma gloriosa bola de fogo, caindo em um local conhecido como “Ponto Nemo“, no Oceano Pacífico, o local mais distante de qualquer continente ou ilha em nosso planeta. Basicamente, “no meio de lugar nenhum”.

As manobras de deórbita serão realizadas usando os propulsores da própria ISS e de veículos visitantes, sendo que o processo exigirá veículos extras além do ritmo normal de chegadas e partidas da estação.

Segundo análise feita pela Nasa e seus parceiros, três espaçonaves russas Progress, usadas para transporte de carga, são suficientes para a manobra. Além disso, a Northrop Grumman está expandindo a capacidade de propulsão de suas espaçonaves de carga Cygnus, e a Nasa está avaliando se elas também poderão ser capazes de auxiliar na déorbita da ISS.

A Nasa não tem planos para construir uma nova estação espacial. Em vez disso, pretende trabalhar com a iniciativa privada na construção de uma ou mais estações espaciais comerciais, que poderão continuar, e expandir, as atividades realizadas hoje pela ISS na órbita da Terra.

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