Quem inova vale mais

Por Valter Pieracciani, editado por André Lucena 22/03/2022 18h07, atualizada em 30/03/2022 15h56
Na imagem, duas teclas de um teclado de computador estão mofificadas, uma com a bandeira do Brasil e a outra escrito 'innovation', que é inovação em tradução
xtock/Shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

O reconhecimento de uma empresa como inovadora traduz-se em valor. É estratégico, portanto, trabalhar na construção dessa imagem

Todo ano, a cada vez que se aproxima um novo ciclo de premiação à inovação, um conjunto restrito de empresas se debruça sobre os regulamentos e se empenha ao máximo para mostrar suas melhores facetas no quesito inovação. Elas não fazem isso por marketing ou por vaidade. Buscam, de maneira consciente e sistemática, ranquear-se entre as mais inovadoras porque sabem que esse esforço acabará influenciando a determinação de seu valor.

O conceito de ganhos associados à imagem de empresa inovadora é relativamente novo e vem ganhando cada vez mais força. O Crédit Suisse, um dos grandes bancos da Europa, publicou estudos mostrando o aumento do valor das ações de empresas que se destacaram pela inovação. Comparou o preço dos papéis de companhias concorrentes ao longo do tempo, parte delas reconhecidas como inovadoras, parte não, e mostrou que as inovadoras valem mais. Atribuiu a esse acréscimo de valor o nome de Innovation Premium. É possível afirmar que o mesmo raciocínio se aplica a empresas que não tenham ações negociadas em bolsas.

Leia mais:

Isso explicaria, por exemplo, a supervalorização das ações da Magazine Luiza frente a competidores com fundamentos melhores e lucros maiores. Houve um momento em que as ações da Magalu chegaram a valer o dobro dos papéis da Via Varejo, mesmo a Magalu lucrando a metade.

Além disso, empresas inovadoras atraem e retêm os melhores talentos. São capazes de assegurar margens crescentes derivadas do lançamento de produtos e serviços inovadores e são amadas por clientes, pelas start-ups, por parceiros e pela sociedade de maneira geral. Afinal, são elas os motores do desenvolvimento econômico.

Se a característica inovadora faz o ponteiro do valor de uma companhia mover-se para o alto, a questão ganha contornos estratégicos, e deveria ter o máximo de atenção e engajamento da alta liderança.

Mas o que faz com que uma empresa seja inovadora? É suficiente criar novos produtos e serviços de maneira sistemática? A resposta é não. Para ser reconhecida, uma empresa tem que mostrar-se inovadora. Em outras palavras: tem que estar presente no ecossistema correspondente, cooperando ativamente, comunicar suas inovações e, por fim, estar ranqueada no topo nos prêmios sobre o tema. No que se refere aos prêmios, precisa comprovar uma gestão da inovação robusta e auditável. No Brasil temos as premiações da agência Finep, do jornal Valor Econômico e o Prêmio Nacional de Inovação da CNI (Confederação Nacional da Indústria), entre outros. Todos prestigiosos e estruturados por especialistas que levam em conta a intenção, os esforços e os resultados.

Um artigo de Scott D. Anthony publicado na Harvard Business Review traz uma abordagem mais financista à importância da inovação. Segundo o autor, é possível calcular o retorno sobre a inovação como uma espécie de ROII, sigla inglesa para Retorno sobre o Investimento em Inovação. O caminho seria estabelecer e medir indicadores como a magnitude da inovação (contribuição financeira dividida pelo número de ideias bem-sucedidas), a taxa de sucesso da inovação (ideias bem-sucedidas divididas pelo total de ideias exploradas), ou até mesmo a eficiência do investimento em inovação (ideias exploradas divididas por capital total e investimento operacional). Por meio de números fica mais fácil convencer os céticos da tese de que ser e parecer inovadora faz uma empresa valer mais.

Uma vez que seja ponto pacífico, é hora de arregaçar as mangas e trabalhar para obter esse reconhecimento. Afinal, construir valor é um dos principais focos de muitas companhias e de seus gestores.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Colunista

Empresário, pesquisador, consultor, investidor-anjo e escritor. É especialista em modelos inovadores de gestão e startups. Fundador da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas (1992). Iniciou carreira em 1977 na área de P&D. Autor dos livros: 'Império da Inovação', 'Usina de Inovações', 'A verdadeira mágica e Qualidade não é mito e dá certo'. Engenheiro, administrador, mestre em Administração de Empresas e pós-graduado em Administração Industrial.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.

Ícone tagsTags: