Nesta sexta-feira (20), pouco mais de 24 horas depois do lançamento, a cápsula Starliner, da Boeing, chegou à Estação Espacial Internacional (ISS). A espaçonave permanecerá ancorada com o complexo orbital por quatro ou cinco dias, depois voltará à Terra para um pouso de paraquedas no Novo México.

O acoplamento com o laboratório orbital, que estava programado para às 20h10 (pelo horário de Brasília), acabou acontecendo às 21h28. Isso porque, pouco antes das 18h50, quando a espaçonave estava a 180 metros de distância da ISS, os controladores avaliaram os dados de rastreamento e desempenho da cápsula e acreditaram que ela estaria em uma posição inadequada, precisando fazer uma manobra de recuo.

Segundo a Boeing, isso foi oportuno para demonstrar a capacidade de controle de manobra da espaçonave.

“Depois de chegar dentro de 180 metros de ISS, a Starliner realizou um recuo automático de 200 metros. A cápsula mostrou sua capacidade de se afastar da estação de forma controlada e oportuna e se manter em um local esperado”, diz o tweet da Boeing.

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Às 20h08, a Boeing comunicou que a cápsula estava a 10 metros de distância do complexo orbital, e que a equipe faria uma reunião para “garantir que ambas as naves estão preparadas para a aproximação final”.

Às 20h52, depois de informarem uma nova previsão para às 21h01, os controladores relataram “um pequeno problema” com o sistema de acoplamento, o que adiou ainda mais o processo. Segundo a NASA, foi necessário retirar o anel de acoplamento da Starliner e redefini-lo para entender o problema.

Starliner também enfrentou problemas no processo de inserção orbital

A cápsula Starliner, da Boeing, foi lançada na noite desta quinta-feira (19), no topo de um foguete Atlas V, da United Launch Alliance (ULA), a partir do Complexo de Lançamento-41, uma plataforma da Estação da Força Espacial dos EUA, em Cabo Canaveral, na Flórida.

Cápsula Starliner sendo lançada no topo de um foguete Atlas V, da ULA. Crédito: United Launch Alliance

O lançamento aconteceu no horário previsto, às 19h54 (horário de Brasília), dando início ao Teste de Voo Orbital-2 (OFT-2), uma missão crucial para provar a capacidade da espaçonave.

A Starliner se separou do estágio superior do foguete pouco menos de 15 minutos depois do lançamento. Após 16 minutos, a cápsula iniciou o processo de inserção orbital.

Durante esse momento, dois dos propulsores da Starliner não dispararam como esperado. O primeiro falhou depois de apenas um segundo. Seu backup imediatamente foi acionado, mas também apresentou falha, após 25 segundos. Isso ativou um backup terciário do grupo de propulsores, e a cápsula foi capaz de completar a queimadura crucial sem incidentes.

A espaçonave da Boeing é equipada com quatro desses grupos de propulsores em sua seção de popa, referida na nomenclatura da indústria como “doghouses”, cada um contendo três motores de manobra orbital e controle de atitude (OMAC), que são usados para realizar queimaduras de manobra significativas como as que alcançam a inserção orbital. Os dois propulsores OMAC que não funcionaram, e o terceiro que entrou para compensar, estavam todos na mesma doghouse na popa da Starliner, segundo representantes da Boeing.

“Temos uma boa queima de inserção orbital”, disse Josh Barrett, assessor de comunicação da Boeing, durante o webcast da Nasa TV sobre o lançamento de hoje, após superados esses percalços. “A Starliner está em uma órbita circular estável, a caminho da Estação Espacial Internacional (ISS)”.

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Atraso de quase um ano

OFT-2 é uma missão não tripulada para a ISS para demonstrar a aptidão da cápsula Crew Space Transportation (CST)-100 Starliner em transportar astronautas para a estação e trazê-los de volta à Terra. Porém, o projeto, capitaneado pela Boeing por encomenda da Nasa, foi repleto de problemas durante suas fases de testes.

Originalmente, o lançamento estava previsto para o início do segundo semestre de 2021, porém, precisou ser adiado. Durante uma revisão de prontidão de voo (FRR), foi descoberto um problema de válvula na plataforma de lançamento da Starliner, que exigiu uma investigação a fundo.

Os técnicos descobriram que a principal causa da anomalia tem relação com as interações de umidade com o oxidante, produzindo ácido nítrico, que reagiu com o alumínio das válvulas. Esse processo gerou corrosão, que impediu o funcionamento da válvula. Com a busca contínua pela solução do problema, juntamente com uma agenda de lançamentos lotada para a ISS, a missão foi suspensa até 2022.

A missão OFT-2 foi uma tentativa de compensar o fracasso da OFT original em chegar à ISS. Na ocasião, em dezembro de 2019, a Starliner sofreu com falhas de software e acabou presa na órbita errada, caindo no oceano dois dias depois. Com isso, a missão foi encerrada prematuramente, sem um encontro entre a cápsula e o posto avançado.

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