Fontes de energia renováveis, como a eólica (pelo vento) e a solar (pela luz do Sol), representam alternativas mais econômicas e ambientalmente mais amigáveis do que, por exemplo, as termelétricas, que são movidas por combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão – que liberam gases altamente danosos à atmosfera, como o carbono.

Edifícios altos de grandes centros urbanos podem ser usados como fonte de energia sustentável, segundo estudo austríaco. podem Imagem: MyCreative – Shutterstock

De acordo com a Agência Internacional de Energia, as fontes renováveis devem responder por quase 95% do aumento da capacidade global de energia até 2026, com a solar fotovoltaica fornecendo mais da metade. A transição para uma sociedade de baixo ou zero carbono, no entanto, requer soluções inovadoras e uma maneira diferente de armazenar e consumir energia do que os sistemas tradicionais.

Para garantir uma relação equilibrada de oferta e demanda de eletricidade, no entanto, há uma necessidade cada vez mais crescente de tecnologias de reserva de energia. Pensando nisso, pesquisadores do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (IIASA), em Viena, na Áustria, criaram um novo conceito de armazenamento energético que poderia transformar edifícios altos em baterias para melhorar a qualidade da energia em ambientes urbanos.

Elevadores e apartamentos vazios usados na geração de energia sustentável

O processo proposto por eles, descrito em um artigo científico publicado na revista Energy, usa o deslocamento dos elevadores dos prédios e apartamentos vazios para armazenar energia. Assim, os edifícios conseguem reduzir a dependência de uma rede central de eletricidade e passam a usar a energia sustentável de elevação.

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Chamado LEST (sigla em inglês para Tecnologia de Armazenamento de Energia do Elevador), o mecanismo armazena energia transportando recipientes com areia molhada ou outros materiais de alta densidade, que são carregados remotamente dentro e fora de um elevador por dispositivos de reboque autônomos. 

Segundo os autores do projeto, uma das coisas que tornam o LEST uma opção interessante, é que os elevadores já estão instalados em edifícios altos, o que significa que não há necessidade de investimento adicional ou ocupação espacial, bastando usar de uma maneira diferente algo que já está lá. 

Diagrama detalha o mecanismo proposto no estudo do IIASA. Crédito: Hunt, J.D., Nascimento, A., Zakeri, B., Jurasz, J., Dąbek, P.B., Franco Barbosa, P.S., Brandão, R., José de Castro, N., Filho, W.L., Riahi, K.

“Há mais de 18 milhões de elevadores em operação globalmente, e muitos deles passam um tempo significativo parado”, diz o autor principal do estudo, Julian Hunt. “A ideia é que quando os elevadores não estão sendo usados para transportar pessoas, eles podem ser usados para armazenar ou gerar eletricidade”.

Em um comunicado do IIASA, Hunt revelou que a ideia do LEST surgiu quando ele passou um período subindo e descendo de elevador diariamente quando foi morar em um apartamento no 14º andar de um prédio. “Sempre fui fascinado por temas que envolvem energia potencial, ou seja, geração de energia com mudança de altitude, como hidrelétricas, bombeamento, flutuabilidade e armazenamento de energia por gravidade”, disse o cientista.

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De acordo com Benham Zakeri, coautor do estudo, tecnologias de armazenamento sustentáveis e flexíveis como essa “devem se tornar cada vez mais valiosas para a sociedade em um futuro em que grande parte de sua eletricidade vem de fontes renováveis”.

Os cientistas disseram que, no momento, o maior desafio para que o projeto de possa sair do papel e ser implantado em larga escala é o custo da capacidade de energia. Além disso, mais testes ainda precisam ser feitos para que os arranha-céus possam ser usados como baterias gigantes. Por fim, também precisam pensar em uma forma de armazenar os pesos na cobertura dos prédios sem que desabem sobre as cabeças dos moradores.

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