Pela terceira vez em décadas, uma cidade da Flórida é acometida pela invasão de lesmas gigantes africanas (Lissachatina fulica), forçando as autoridades municipais a realizarem mapeamentos de maior incidência dos animais no intuito de recolhê-los.

Se o assunto lhe parece familiar, parabéns pela boa memória: essas mesmas lesmas foram notícia aqui no Olhar Digital em outubro de 2021. Que ninguém as acuse de serem impacientes ou de não insistirem em um objetivo.

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Uma lesma gigante africana, claramente fazendo deboche para a foto: exemplares da espécie podem crescer até 20 centímetros e comem praticamente tudo o que verem pela frente
Uma lesma gigante africana, claramente fazendo deboche para a foto: exemplares da espécie podem crescer até 20 centímetros e comem praticamente tudo o que verem pela frente (Imagem: Dave Montreuil/Shutterstock)

Segundo as informações divulgadas pelo Departamento de Serviços de Consumo e Agricultura da Flórida, as lesmas gigantes parecem estar mais concentradas na região de New Port Richey, onde as autoridades sanitárias e de controle de zoonoses armaram uma zona de quarentena.

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Ao todo, cerca de 30 oficiais recolheram 1.016 lesmas encontradas em 29 propriedades, que vão desde pequenas fazendas até casas mais urbanizadas – porque ameaçar a produção agrícola não é suficiente para uma lesma que, teoricamente, consegue até comer a sua casa.

“Nós temos muita sorte em termos um time experiente que previne, detecta e trata de ameaças invasivas”, disse a comissária do departamento, Nikki Fried, fazendo uso mais flexível do verbo “prevenir”. “Deixe-me garantir a vocês, nós vamos erradicar essas lesmas gigantes. Já fizemos isso duas vezes antes, e vamos fazer isso de novo – não é uma questão de ‘se’, mas de ‘quando’”.

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Naturalmente, uma questão de honra para a comissária.

Segundo o doutor Greg Hodges, diretor assistente da Divisão de Indústria de Plantas da autoridade, essa celeuma começou em 1966, quando três indivíduos da espécie da lesma gigante africana foram contrabandeados para Miami. Três anos depois, veio o primeiro “surto”, que deu início ao programa de erradicação. Ao longo de vários anos, cerca de 17 mil lesmas foram encontradas – um custo de US$ 1 milhão (R$ 5,30 milhões).

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Um segundo programa de erradicação foi lançado em 2011, com custo de incríveis US$ 23 milhões (R$ 122 milhões). Entretanto, este programa foi mais perene, permanecendo em vigilância por vários anos até a última erradicação noticiada, em 2021. A segurança, enfim, estava assegurada.

Só que não: em 23 de junho, novos exemplares da lesma gigante foram identificados no Condado de Pasco, onde a atual quarentena está em efeito.

Segundo Hodges, é proibido, por todo o território dos Estados Unidos, ter uma lesma gigante exceto em casos de permissão especial. Por se tratar de um animal que dá origem a pragas, seu controle é extremamente dificultado, e o fato de elas comerem, bem, qualquer coisa que lhes apareça na frente, traz vários riscos não somente à indústria local, mas também à segurança das pessoas. Em pelo menos dois casos nas primeiras erradicações, fundações de casas tiveram que ser reforçadas pois as lesmas viram colunas centrais e pensaram “opa, banquete!”

E se engana quem pensa que o programa de erradicação é simples: apesar de serem pragas, as lesmas gigantes ainda são removidas uma por uma, à mão. E como se isso não fosse suficiente, unidades caninas são especialmente treinadas para avistar os insetos e…sentar.

“Não queremos os cães colocando as lesmas na boca pela mesma razão pela qual não queremos as pessoas pegando-as com as mãos desprotegidas”, disse Hodges.

De qualquer forma, a situação parece estar sob controle e nenhum dano muito grave foi reportado. Mas não se surpreenda se acabarmos escrevendo sobre isso de novo ano que vem.

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