Hoje disponível em mais de 30 idiomas e 190 países, a Netflix é pioneira no mercado de streamings, e alterou a forma como as pessoas consomem produtos de entretenimento em todo o mundo. Mas, apesar de hoje ser um grande império midiático global, a companhia começou como apenas uma ideia bem diferente do que é hoje.
No dia 29 de agosto de 1997, Marc Randolph e Reed Hastings fundaram a Netflix em Scotts Valley, na Califórnia. Randolph era um diretor de marketing, enquanto Hastings tinha formação como cientista da computação e matemático.
Mas, em 1997, o streaming ainda estava longe de virar uma realidade, e o mercado de aluguel de filmes ainda funcionava à base do VHS. A ideia da dupla era fazer vendas ou alugueis de filmes pela internet, mas as fitas VHS eram muito delicadas para que fossem enviadas.
Só que em 1997, outra tecnologia surgia e se expandia: os DVDs. Para ver se a ideia de vendas e alugueis de filmes em DVD pela internet funcionaria, a dupla fez o processo de compra e enviou uma cópia em DVD para as suas próprias casas. Ao receber o produto de forma intacta, a dupla resolveu investir na fundação da Netflix.
Em 1998, a Netflix lançou o primeiro site de venda e aluguel de DVDs, o Netflix.com, com menos de mil títulos disponíveis e cerca de 30 funcionários. Jeff Bezos, dono da Amazon, chegou a fazer uma oferta para comprar a Netflix, com valor entre US$ 14 e US$ 16 milhões, mas apesar de Randolph ter ficado interessado, Hastings recusou a proposta.
O modelo de aluguel de DVDs evoluiu em 1999 para um conceito de assinatura mensal, com o fim dos alugueis avulsos ocorrendo no início do ano 2000. Assim, a Netflix passou a focar em um modelo de aluguéis sem limites, com taxa fixa, sem data de vencimento, multas por atraso ou taxas de envio.
No entanto, durante o fenômeno da Bolha da Internet, que gerou grande especulação na época em empresas de tecnologia, a Netflix estava sofrendo perdas. Isto resultou na dupla de fundadores fazerem uma oferta à gigante dos alugueis de filmes, a Blockbuster. No entanto, a oferta de US$ 50 milhões pela compra da empresa foi recusada e o CEO da Blockbuster chegou a zombar da oferta.
A Netflix sofreu grandes perdas com o colapso da bolha e os ataques às Torres Gêmeas de 11 de setembro, o que causou demissões em massa e fez com que os Hastings e Randolph adiassem os planos para uma oferta pública de ações (IPO).
Em 2002, a Netflix fez a sua oferta pública de ações (IPO). As ações da companhia tiveram valor de venda inicial de US$ 1 por ação na NASDAQ, com o código NFLX.
Em 2003, a empresa ganhou uma patente do U.S. Patent & Trademark Office, que cobria seu serviço de aluguel de assinatura e várias extensões. O ano também foi marcante em termos financeiros, pois a Netflix registrou lucro pela primeira vez, com faturamento de US$ 6,5 milhões, sobre US$ 272 milhões de receitas.
Isto porque a Netflix estava em amplo crescimento, e já alcançava a marca de um milhão de assinaturas em 2003. O número cresceria bastante nos anos seguintes, chegando a 5,6 milhões de pessoas em 2006 e a 14 milhões em 2010. O motivo do grande crescimento foi a tecnologia escolhida inicialmente, os DVDs, que se tornavam cada vez mais populares nos Estados Unidos.
Em 2004, o lucro da empresa chegava a US$ 49 milhões sobre US$ 500 milhões em receitas, e em 2005, a Netflix oferecia mais de 35 mil filmes diferentes em seu catálogo, e 1 milhão de DVDs eram enviados diariamente.
Em meio ao sucesso com as assinaturas de DVDs, a Netflix inaugurou em 2007 um novo mercado: o de streaming. Assim, os usuários da Netflix passavam a poder assistir filmes e séries online de forma instantânea, sem ter que esperar pelo frete dos DVDs.
A ideia de lançar o serviço de assinatura de filmes diretamente pela internet já existia há anos na empresa, mas só foi lançada quando a oferta de velocidade de internet nos Estados Unidos foi elevada e os custos reduzidos, o que passou a permitir que os assinantes conseguissem fazer o streaming de conteúdos via internet.
A oferta inicial era de apenas mil filmes via streaming, e era gratuita para membros do serviço de DVDs, enquanto o catálogo de DVDs na época já era de 70 mil. Inicialmente, a Netflix pretendia lançar um dispositivo para que as pessoas fizessem download dos conteúdos durante a noite para assistir no dia seguinte. Mas, com o sucesso de plataformas como o YouTube, mesmo sem alta qualidade de imagens, a empresa decidiu seguir com o streaming online.
Em 2008, a Netflix firmou parcerias com marcas de eletrônicos, o que permitiu o streaming no console de games da Microsoft da época, o Xbox 360, além de aparelhos Blu-ray e decodificadores de TV. Já em 2009, tais parcerias chegam a TVs com conexão à internet. Além disso, a empresa ultrapassou 10 milhões de assinaturas. O ano também marcou a primeira vez que as transmissões de conteúdos online da companhia ultrapassou as remessas de DVDs.
Em 2010, a Netflix ampliou o mercado de streaming para aparelhos móveis e criou uma área dedicada a conteúdos infantis. Mas a expansão também foi geográfica, com o ano marcando a chegada da Netflix ao Canadá, saindo pela primeira vez dos Estados Unidos.
O ano seguinte marcou uma expansão maior ainda, e a Netflix foi lançada na América Latina e no Caribe. No Brasil, o serviço chegou no dia 5 de setembro de 2011, com custo de R$ 15 reais mensais e primeiro mês grátis.
Já em 2012, a Netflix alcançou a marca de 25 milhões de assinantes e expandiu para o Reino Unido, Irlanda e demais países do norte europeu. Dois anos depois, o número de assinantes dobrou para 50 milhões, e a expansão continuou par Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo e Suíça. Austrália, Cuba, Itália, Japão, Espanha e Nova Zelândia receberam a Netflix em 2015.
Em 2016, a Netflix chegou a 130 novos países. Assim, a Netflix passou a oferecer seu serviço de assinatura para mais de 190 países e 21 idiomas espalhados pelo mundo. Em 2017 o número de assinantes chegava a 100 milhões. Já em 2021, este número duplica para 200 milhões de assinantes em todo o mundo.
Os recursos que conhecemos hoje na Netflix sofreram grandes evoluções ao longo dos anos, e alguns deles já tiveram sua base criada ainda quando a empresa começava com alugueis de DVDs. Em 2000, a Netflix já tinha em seu site um sistema de recomendações personalizadas, que previa as escolhas futuras dos assinantes a partir de avaliações de títulos alugados previamente.
Já em 2005, foi lançado o recurso de Perfis, permitindo que os assinantes criassem listas para usuários diferentes. 2010 viu a chegada de uma área dedicada para títulos infantis, enquanto os primeiros controles remotos com o botão Netflix surgiram em 2011.
Em 2013, o recurso de Perfis chegou ao streaming, ao lado do Minha Lista. A evolução na qualidade da imagem ganhou um novo patamar em 2014, quando a Netflix passou a fazer streaming 4K Ultra HD. Outro recurso muito importante foi o de download, que passou a permitir acesso offline a partir de 2016.
A introdução do recurso interativo e do botão para pular a abertura aconteceu em 2017, oferecendo aos assinantes mais opções personalizadas. A proteção com código PIN foi implementada em 2018, como parte dos novos recursos para controles dos pais.
Já em 2020, a Netflix inaugurou o recurso da lista Top 10, o que permite aos assinantes passarem a ver quais os títulos mais assistidos da plataforma. Jogos para aparelhos móveis chegaram à Netflix em 2021.
Se hoje a Netflix é conhecida por seu grande catálogo de conteúdos originais, isto não era verdade há 10 anos. Em 2012 a Netflix passou a produzir especiais de stand-up e em 2013, as primeiras séries originais chegaram à plataforma, com títulos como “House of Cards”, “Hemlock Grove”, “Arrested Development” e “Orange Is the New Black”.
“Beasts of No Nation” chegou em 2015 como o primeiro filme original Netflix. O ano também teve a chegada da primeira série original Netflix em outra língua além do inglês, com “Clube dos Corvos”, e a estreia do primeiro original Netflix asiático, com “Terrace House”. A evolução em acessibilidade também chegou, com a estreia de “Demolidor”, que inaugurou o recurso de descrição em áudio para pessoas com dificuldades auditivas.
O investimento em produções originais foi coroado em 2017, quando a Netflix ganhou seu primeiro Oscar pelo documentário “Os Capacetes Brancos”. Em 2018 o streaming liderou o número de indicações ao Emmy, com 23 vitórias para suas séries como “GLOW”, “Godless” e “Queer Eye”.
Em 2019, a Netflix estreou sua primeira animação original, “Klaus”, e “ROMA” e “Absorvendo o Tabu” rendem quatro Oscars para o estúdio. Em 2020, a Netflix foi o estúdio com mais indicações ao Oscar e ao Emmy.
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Já em 2022, após toda esta trajetória, a Netflix completa 25 anos e já comentou sobre o assunto nas redes sociais.
Além disso, a Netflix americana lançou um vídeo sobre a trajetória da empresa, agradecendo aos assinantes pelos 25 anos:
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