Um artigo publicado nesta quarta-feira (28) na revista Science Advances descreve uma pesquisa conduzida por cientistas do Centro de Ciência e Tecnologia Espacial (SSTC) da Universidade de Curtin, na Austrália, que traz revelações surpreendentes sobre o asteroide que matou os dinossauros. De acordo com o estudo, há evidências de impactos na Lua que correspondem ao mesmo evento aqui na Terra.

Mapeamento por fotos pode aumentar a segurança de pousos na Lua e em Marte
Ataques de asteroides na pré-história da Terra foram acompanhados por pequenos impactos tanto aqui quanto na Lua, cuja superfície apresenta cerca de nove mil crateras. Imagem: Divulgação: NASA/Goddard Space Flight Center Scientific Visualization Studio/JAXA/Selene

Os principais ataques de asteroides na pré-história do nosso planeta foram acompanhados por uma série de pequenos impactos aqui e na Lua, cuja superfície contém cerca de nove mil crateras formadas por essas colisões.

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Essa pesquisa pode ajudar os astrônomos a entender melhor a dinâmica do Sistema Solar interior (o trecho da nossa vizinhança que vai até Marte) e ajudar a calcular a probabilidade de nosso planeta ser atingido por rochas espaciais massivas potencialmente devastadoras no futuro.

Os cientistas chegaram a esses resultados analisando tectitos – contas de vidro microscópicas dentro de amostras de solo lunar, trazidas à Terra pela missão Chang’e-5, da China, em 2020. Esses vidrilhos são criados pelo calor intenso e pressão gerada por ataques de asteroides. 

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Amostras de solo lunar trazidas à Terra pela missão chinesa Chang’e-5, em 2020, foram analisadas pelos pesquisadores australianos durante o estudo sobre as crateras de impacto formadas por ataques de asteroides. Imagem: Administração Espacial Nacional da China (CNSA)

A partir dessa análise, os pesquisadores podem construir uma linha do tempo de colisões na Lua ao avaliar as idades dessas contas. Assim, a equipe do SSTC descobriu que tanto o tempo quanto a frequência dos impactos de asteroides na Lua são concomitantes a ataques de rochas espaciais na Terra, o que quer dizer que a linha do tempo construída também poderia fornecer uma visão da evolução do nosso planeta.

“Combinamos uma ampla gama de técnicas analíticas microscópicas, modelagem numérica e levantamentos geológicos para determinar como e quando essas contas de vidro microscópicas da Lua foram formadas”, disse o principal autor do estudo, Alexander Nemchin, professor do SSTC, em comunicado.

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Segundo Nemchin, as idades de algumas das contas de vidro lunares indicam que elas foram criadas há cerca de 66 milhões de anos, na época em que o asteroide Chicxulub atingiu a Terra no que hoje é o Golfo do México, perto da Península de Yucatán, no México, acabando com 75% da vida em nosso planeta, incluindo os dinossauros.

Medindo cerca de 10 km de largura, essa rocha espacial atingiu a Terra a cerca de 70 mil km/h, deixando uma cratera de impacto de aproximadamente 180 km de largura e 19 km de profundidade. 

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Além das ondas de choque geradas pelo choque inicial, o asteroide teria causado uma série de efeitos de impacto significativos, incluindo o lançamento de espessas nuvens de poeira que bloquearam a luz do Sol.

De acordo com o site Space.com, a equipe agora pretende comparar dados coletados das amostras da missão Chang’e-5 com outras amostras de solo lunar e com as idades das crateras da superfície lunar. Tal análise pode revelar outros eventos de impacto em toda a Lua e, por sua vez, ajudar a descobrir sinais de impactos de asteroides aqui na Terra que podem ter afetado a evolução da vida.

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