O zoológico de São Paulo iniciou seu processo de modernização e o primeiro ambiente imersivo, concebido sob o moderno conceito de “Habitat Interpretativo”, o espaço “Xochimilco”, será apresentado ao público a partir de sábado (1).

A novidade irá proporcionar experiência educativa e, ao mesmo tempo, divertida, sobre os axolotes, espécie de salamandra nativa do México ameaçada de extinção pela captura ilegal para comercialização e pela urbanização desordenada na região de seu habitat natural, o Lago Xochimilco, próximo à Cidade do México, no México.

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“Essa importante inauguração marca não só o início da modernização do Zoo de SP, mas também o início de parceria com a Secretaria de Meio Ambiente da Cidade do México (SEDEMA) para promover intercâmbio de expertise nos cuidados com a espécie, levantar fundos para apoiar ações de pesquisa e conservação no habitat natural da espécie, além de divulgar a cultura do México em relação a esses animais”, diz Eduardo Rigotto, sócio gestor da Reserva Paulista, concessionária responsável pela gestão e modernização do Zoo, Zoo Safári e Jardim Botânico de São Paulo.

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A Secretaria do Meio Ambiente do México é a responsável pela gestão do Zoo de Chapultepec, na Cidade do México, o qual possui Centro de Conservação de Anfíbios e o Museu do Axolote. A parceria permitirá, aos visitantes do Zoo de SP, acesso aos conteúdos e informações técnicas dos pesquisadores mexicanos nos painéis temáticos e demais elementos interpretativos da experiência imersiva.

O que é um axolote

Conhecidos também como “monstros da água”, os axolotes são anfíbios peculiares, a começar pelo fato de serem encontrados apenas em lagos na Cidade do México, possuírem três pares de brânquias externas e terem alta capacidade regenerativa.

Infelizmente, poucos exemplares ainda são encontrados na natureza. A captura para o comércio ilegal, juntamente com a perda de habitats e poluição são fatores que contribuíram para que a espécie fosse classificada como criticamente ameaçada.
Para dar visibilidade ao projeto e amplificar as mensagens de conservação, a Reserva Paulista fechou parceria também com o youtuber Marco Tulio, o “Authentic” do canal “Authentic Games”, famoso pelo game “Minecraft”, para que seja o embaixador do projeto. No jogo, os axolotes são aliados dos jogadores nas batalhas aquáticas.

Axolote (Imagem: Vladimir Wrangel/Shutterstock)

“Este é o primeiro espaço sob o conceito chamado de ‘Edutainment’ (education + enterteinment), inédito em zoológicos brasileiros e já aplicado em zoos modernos dos Estados Unidos e alguns lugares na Europa. Iniciamos a jornada de modernização do Zoo, do Zoo Safári e do Jardim Botânico de São Paulo e estamos felizes em unir, pela primeira vez, em único projeto, infraestrutura moderna, educação, entretenimento e conservação”, finaliza Rigotto.

A experiência

A experiência inicia na parte externa do espaço, onde os visitantes poderão começar a imersão com aparatos educativos interativos (hands-on), contendo informações sobre a biologia da espécie. Com mais de 230 m², o espaço “Xochimilco” terá três ambientes, sendo que cada um abordará diferentes temáticas.

A cenografia do ambiente apresentará a temática México, com elementos interativos e educativos que abordarão os assuntos: Local nativo, aspectos biológicos e conservação; os elementos de comunicação e educação contarão com estruturas visuais, táteis e auditivas, em formas de painéis, textos e vídeos. Confira abaixo cada temática:

Ambiente 1: Uma viagem ao México: Os axolotes e a cultura mexicana. Painéis temáticos e elementos cenográficos transportarão os visitantes até a Cidade do México, especialmente ao Lago Xochimilco, local onde os Axolotes ocorrem naturalmente. Sendo espécie com grande presença na cultura e mitologia mexicana, esse espaço também irá promover a conexão dos visitantes com elementos culturais, lendas e histórias que fazem parte do conhecimento tradicional mexicano.

Ambiente 2: Axolotes: quem são e quais existem no mundo?; Ameaças e conservação: o que está acontecendo com as espécies?; Mudando a realidade: O que vem sendo feito no México para ajudar a salvar essa espécie? Após mergulhar na relação da cultura mexicana com os axolotes, os visitantes poderão conhecer características do ciclo de vida desses animais, informações sobre o grupo dos anfíbios, se conectar com conteúdos sobre as 17 espécies de axolote existentes no mundo, além de descobrir as características biológicas desses animais.

Storytelling ajudará crianças e adolescentes no entendimento (Imagem: Ilustração/Zoo de SP)

Ainda nesse ambiente, terão a oportunidade de tocar e compreender o ambiente e as características do animal por meio de diorama tátil em totem central e elementos táteis do ciclo de vida. Ao conhecer características da espécie, o visitante será transportado para o questionamento sobre quais ameaças que tornam a espécie em perigo de se extinguir na natureza por meio de painéis temáticos.

Para finalizar o Ambiente 2, os visitantes poderão encontrar informações sobre ações que instituições do México, como profissionais e pesquisadores do Zoológico de Chapultepec, na Cidade do México, realizam para mudar a realidade de inúmeras espécies de axolote.

Ambiente 3, temáticas abordadas:  Minha atitude ajuda os axolotes: O que EU posso fazer para ajudar a salvar as espécies?; Se conectando com os animais: experiência imersiva nos aquários dos axolotes. Dois elementos interpretativos serão contemplados nesse espaço: Um totem contendo conteúdos de ações que os visitantes, especialmente crianças e adolescentes, podem realizar para ajudar a conservação a espécie, trazendo o elemento do engajamento e protagonismo para a experiência, e espaço com dois aquários para promover a conexão das pessoas com os indivíduos sob cuidados humanos no Zoo de São Paulo.

Os visitantes serão guiados por narrativa educativa e lúdica presente em painéis educativos e aparatos interativos. O objetivo do storytelling criado é que cada um dos três ambientes possa provocar a seguinte reflexão: “O que nós, que moramos tão distantes do ambiente natural dos axolotes, podemos fazer para impedir que a espécie entre em extinção?”.

O Plano Educativo da Experiência Imersiva dos Axolotes, bem como os objetivos educativos, as temáticas de cada ambiente, a jornada do visitante no espaço e estratégias educativas para conectar públicos de diversas idades, incluindo grupos escolares, pertence ao Programa de Educação para Conservação do Zoológico de São Paulo, o qual segue as diretrizes propostas nos documentos oficiais da Associação Mundial de Zoológicos e Aquários (WAZA) e Associação Internacional de Educadores de Zoológicos e Aquários (IZE).

Espaços lúdicos terão elementos hand-on (Imagem: Ilustração/Zoo de SP)

Conexão de grupos escolares na experiência imersiva

O Zoo de São Paulo possui programa de visitas escolares intitulado “Programa Reconecta”, destinado a crianças e adolescentes e adolescentes de quatro a 17 anos.

Nesse sentido, a nova experiência imersiva será contemplada em dois roteiros educativos existentes, sendo eles: Roteiro “Qual é o bicho?” para Ensino Infantil, roteiro “Vida de Bicho” para o Fundamental I, Fundamental II e Ensino Médio. Educadores irão realizar a mediação educativa com as escolas, potencializando os conteúdos e elementos interativos do espaço.

Avaliação do projeto

Para avaliar o alcance dos objetivos propostos pelo novo ambiente imersivo, serão realizadas aplicações de questionários avaliativos com público escolar e visitantes espontâneos do zoo, especialmente famílias, seguindo diretrizes das ciências sociais e da avaliação e práticas em educação para conservação em zoos e aquários apresentados pela WAZA e IZE.

Imagem destacada: Ilustração/Zoo de SP

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