Iniciamos esta semana o mês de outubro, período dedicado à campanhas de conscientização e prevenção ao câncer de mama. Criado nos EUA, em 1990, o chamado Outubro Rosa visa compartilhar informações a fim de contribuir para a redução da incidência e da mortalidade pela doença

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo, com aproximadamente 2,3 milhões de casos novos estimados em 2020, o que representa 24,5% dos casos novos por câncer em mulheres. É também a causa mais frequente de morte por câncer nessa população.

Para 2022, estima-se que ocorrerão 66.280 casos novos de câncer de mama e 684.996 óbitos.

Imagem mostra o torso de uma mulher ao fundo, à frente ela segura um laço rosa, símbolo da campanha Outubro Rosa, de prevenção ao câncer de mama
Crédito: Alejandro_Munoz/Shutterstock

Câncer de mama e a prevenção 

Estudos da Associação Americana de Câncer mostram que, se descoberto no início, o câncer de mama tem chances de cura de até 95%. Esse índice cai para até 50% se a neoplasia estiver em um estágio mais avançado. 

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“Por isso, é fundamental que as mulheres tenham o devido esclarecimento sobre a importância da avaliação periódica e dos exames preventivos”, reforça Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP e médico nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre. 

Segundo o especialista, os principais sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas). 

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Entre os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da doença estão:  

  • Hereditários/Genéticos: histórico familiar de câncer de ovário, de câncer de mama em mulheres, principalmente antes dos 50 anos, e caso de câncer de mama em homem; alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2. 
  • Aspectos da vida reprodutiva/hormonais: primeira menstruação (menarca) antes de 12 anos; não ter filhos; primeira gravidez após os 30 anos; parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos; uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona); ter feito terapia de reposição hormonal (estrogênio-progesterona) por mais de cinco anos. 
  • Comportamentais/Ambientais: obesidade e sobrepeso, após a menopausa; atividade física insuficiente (menos de 150 minutos de atividade física moderada por semana); consumo excessivo de bebida alcoólica; história de tratamento prévio com radioterapia no tórax. 
mulher idosa deitada com roupa de hospital
Imagem: shutterstock

Quais são os principais exames e quando fazer? 

Mamografia 

Segundo o ginecologista Carlos Moraes, o exame de rastreio por imagem tem como finalidade estudar o tecido mamário, podendo detectar um nódulo, mesmo que este ainda não seja palpável. O INCA indica que a mamografia deva ser feita a cada dois anos, a partir dos 50 anos, caso não seja encontrada nenhuma alteração. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) defende que as mamografias comecem a partir dos 40 anos. 

Ultrassom das mamas 

Atuando com ondas sonoras de alta frequência, o exame proporciona imagens da estrutura interna para caracterizar alterações palpáveis ou detectadas à mamografia (geralmente nódulos e assimetrias), assim como para o rastreamento complementar à mamografia em mulheres com mamas densas. 

Também possibilita distinguir lesões que não podem ser palpadas, como lesões sólidas e císticas, que exigirão uma biópsia percutânea. 

Ressonância magnética 

Diferente do raio-x, a ressonância magnética não utiliza radiação e pode ser utilizada como exame complementar. As imagens tridimensionais, muitas vezes, ajudam no diagnóstico da neoplasia. Para realizar a ressonância, pode ser preciso injetar um contraste e, para isso, estar com os rins sem complicações. 

Exame de sangue 

Quando o corpo desenvolve algum tipo de câncer, é comum que algumas proteínas como a CA 125, a CA 19.9, a CEA, e outras aumentem sua concentração no sangue. Por isso, o exame sanguíneo pode ser importante para detectar a presença de marcadores tumorais e para avaliar a evolução do tratamento. 

Imagem mostra duas mulheres, uma médica e outra paciente, analisando exame de câncer de mama
Crédito: Lordn/Shutterstock

Exame genético 

Estima-se que 10% dos casos de câncer de mama possuem origem hereditária. Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 são responsáveis por grande parte dos casos de cânceres de mama hereditários (tanto que eles possuem esse nome por serem abreviaturas de “BReast CAncer” – câncer de mama, em inglês). 

Recentemente, o Olhar Digital elaborou uma reportagem completa sobre testes genéticos, a qual você pode acessar aqui. 

“A análise genética, feita com amostras de sangue e usando técnicas de sequenciamento de próxima geração (NGS) ou Amplificação Multiplex de Sondas Dependente de Ligação (MLPA), é capaz de detectar alterações genéticas patogênicas nesses dois genes, indicando uma pré-disposição ao surgimento tanto do câncer de mama como de ovário”, explica o Dr. Moraes. 

Autoexame das mamas 

O método é realizado pela própria mulher, através da palpação dos seios, que pode ser feito em frente ao espelho, em pé e deitada. O autoexame ajuda no diagnóstico de tumores maiores, palpáveis, que já apresentam metástases. Vale destacar, no entanto, que o ele não substitui os demais exames, já que o objetivo atual da detecção do câncer de mama é justamente fazer o diagnóstico precoce e evitar a evolução de um possível tumor em estágio inicial.

“Embora os exames devam ser realizados rotineiramente, com o objetivo de preservar a saúde da mulher, muitas pacientes só marcam consulta quando já estão com os sintomas, correndo o risco desnecessário de não tratar a doença logo no início”, finalizou o ginecologista. 

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