Em janeiro de 2022, o norte da ilha de Tongatapu, no Reino de Tonga, foi palco da maior erupção vulcânica submarina deste século. Porém, cientistas descobriram que o fenômeno, frequentemente ligado à devastação, teve benefícios para o meio ambiente.
De acordo com uma equipe de pesquisadores das universidades do Havaí, em Mānoa, e do estado de Oregon, o vulcão foi responsável pelo florescimento rápido e massivo de fitoplâncton oceânico em apenas 48h após a erupção. Segundo eles, a vida marinha microscópica cobriu uma área quase 40 vezes o tamanho da ilha de O’ahu, no Havaí.
“Ficamos impressionados ao observar a grande região com altas concentrações de clorofila em tão pouco tempo após a erupção”, disse Dave Karl, coautor do estudo.
A equipe analisou imagens de satélite de vários tipos – cor verdadeira, emissão de radiação vermelha e infravermelha e reflexão de luz na superfície do mar – e determinou que a deposição das cinzas foram provavelmente a fonte mais importante de nutrientes responsáveis pelo crescimento do fitoplâncton.
“Nossas observações ilustram a ampla interconectividade e interdependência de diferentes aspectos do meio ambiente, talvez até indicando uma ligação subestimada entre o vulcanismo e os ecossistemas marinhos rasos globalmente”, acrescentou Ken Rubin, coautor do estudo e vulcanologista.
Três dos autores do estudo já haviam avaliado e amostrado uma floração de fitoplâncton menor que estava ligada à erupção do Kilauea, em 2018. Na ocasião, já ficou evidente os potenciais impactos das erupções vulcânicas nos ecossistemas oceânicos.
“Quando ouvi falar da erupção de Tonga, foi bastante simples modificar o código de computador que escrevi para analisar as medições de satélite ao redor do Havaí para determinar o impacto da erupção de Tonga no ecossistema oceânico próximo”, disse Barone. “Desde o primeiro momento de ver os resultados da análise, ficou claro que houve uma resposta rápida do fitoplâncton em uma grande região”.
Por que importa?
Fitoplâncton é um minúsculo organismo fotossintético que serve como base alimentar da vida marinha. Ele também produz oxigênio e retira da atmosfera o dióxido de carbono, responsável pelo aquecimento global.
Apesar desse papel importante, o crescimento dessas algas microscópicas é limitado pelas baixas concentrações de nutrientes dissolvidos na superfície do oceano. No entanto, o estudo mostrou que sua concentração pode aumentar rapidamente quando há disponibilidade de nutrientes no ambiente.
“Embora a erupção de Hunga Tonga-Hunga Ha’apai tenha sido submarina, uma grande nuvem de cinzas atingiu uma altura de dezenas de quilômetros na atmosfera. A precipitação de cinzas forneceu nutrientes que estimularam o crescimento do fitoplâncton, que atingiu concentrações muito além dos valores típicos observados na região”, explicou Benedetto Barone, principal autor do estudo e oceanógrafo da Universidade do Havaí.
A descoberta pode ajudar a prever como determinados ambientes marinhos reagirão quando nutrientes forem adicionados a eles. Além disso, abre caminho para se discutir como a tecnologia pode ajudar a remover dióxido de carbono da atmosfera com a fertilização oceânica.
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Via Phys.org
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