Em uma atividade extraveicular (EVA) na Estação Espacial Internacional (ISS), ocorrida em 23 de março, o astronauta da Agência Espacial Europeia (ESA) Matthias Maurer foi surpreendido por um acúmulo de água dentro de seu capacete. Para investigar as causas do incidente, a NASA anunciou que todas as caminhadas espaciais que não fossem urgentes estavam temporariamente suspensas.
Após um hiato de sete meses, a agência concluiu uma revisão do episódio, descobrindo que não foi um vazamento causado por problemas de hardware. Na verdade, a água foi condensada em consequência dos altos níveis de esforço de Maurer e o ajuste de resfriamento no traje espacial da Unidade de Mobilidade Extraveicular (UEM) do astronauta, segundo um comunicado emitido na terça-feira (18). Os uniformes da UEM são as roupas e acessórios usados durante as funções executadas do lado de fora da ISS.
Como se sabe, a condensação ocorre quando o vapor ou gás atinge uma temperatura inferior ao do seu ponto de ebulição. No caso do vapor de água, por exemplo, a condensação começa quando a temperatura está abaixo dos 100 graus Celsius. Assim, o estado gasoso da água vai se transformando em gotículas líquidas.
Com essas informações em mãos, a agência aprovou a retomada das caminhadas espaciais de rotina, com a próxima marcada para acontecer em meados de novembro. “A segurança da tripulação é nossa prioridade máxima e de nossos parceiros internacionais”, disse Kathy Lueders, administradora associada de operações espaciais da NASA. “Estou orgulhosa do trabalho da estação espacial e das equipes terrestres para manter nossos tripulantes seguros, por levar o tempo necessário para encerrar a investigação e para encontrar continuamente maneiras de mitigar riscos em voos espaciais humanos”.
Segundo Lueders, a investigação, em si, não foi tão demorada. O que levou um pouco mais de tempo foi trazer o equipamento de Maurer de volta à Terra para análise. Uma parte do traje chegou junto com a missão Crew-3, da SpaceX, em 6 de maio. O restante, só foi trazido de volta em 20 de agosto, no retorno da cápsula Dragon responsável pela missão de carga CRS-25, também conduzida pela empresa de Elon Musk.
Após um estudo detalhado fornecer o diagnóstico, a equipe de técnicos e engenheiros da NASA pôde fazer as correções adequadas. “Com base nas descobertas, a equipe atualizou os procedimentos operacionais e desenvolveu novos hardwares de mitigação para minimizar cenários em que o desempenho integrado resulta no acúmulo de água”, explicou a agência em nota. “Essas medidas ajudarão a conter qualquer líquido no capacete para continuar a manter a tripulação segura”.
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Na ocasião do incidente, Maurer trabalhava em parceria com o astronauta Raja Chari para preparar o laboratório orbital para a instalação de novas matrizes solares ISS Roll-Out Solar Array (iROSA, sigla em inglês para algo do tipo “Matriz Solar de Implantação da ISS”).
A próxima caminhada espacial vai continuar o trabalho de instalação e configuração dos painéis solares, sendo necessárias outras duas EVAs posteriores para concluir.
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