Um planeta anão existente na borda do Sistema Solar externo, chamado Haumea, teve suas origens investigadas por cientistas da NASA, a agência espacial norte-americana. Os resultados do estudo foram publicados recentemente no Planetry Science Journal.

Haumea é do tamanho de Plutão e está localizado no Cinturão de Kuiper, uma coleção de detritos gelados e corpos cometários além da órbita de Netuno — o último planeta do Sistema Solar.

Representação artística do planeta anão Haumea com seus aníes e duas luas. Imagem: Diego Barucco/Shutterstock

Ele gira mais rápido do que qualquer outro objeto de tamanho semelhante na nossa vizinhança estelar, completando uma rotação em torno de seu eixo (um “dia”) em apenas quatro horas.

Este giro rápido resultou em seu formato oval, em vez de esférico. E sua forma não é a única coisa incomum sobre o planeta anão Haumea. Ele também tem uma superfície feita, principalmente, de um tipo de gelo de água, diferentemente da maioria dos outros corpos no Cinturão de Kuiper. Tal característica é compartilhada por alguns de seus irmãos, que também parecem ter a mesma órbita. 

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Isso levou os cientistas a concluir que Haumea e esses outros corpos teriam a mesma origem, formando uma única família de objetos relacionados encontrados no Cinturão de Kuiper: a “família Haumeana”.

Os pesquisadores usaram simulações computadorizadas, principalmente em razão de Haumea estar muito longe para ser medido de forma precisa por telescópios baseados na Terra.

Essas simulações permitiram que a equipe ‘desmontasse’ o planeta anão e, em seguida, o reconstruísse do zero. O objetivo desse procedimento era entender os processos químicos e físicos que moldaram o Haumea.

O modelo desenvolvido pela equipe começou com a entrada de três dados sobre o objeto: seu tamanho estimado, a massa presumida e seu curto dia de quatro horas de duração. Isso forneceu uma previsão revisada do tamanho, massa e densidade do planeta anão e também de seu núcleo.

Usando essa informação, a equipe, liderada pela cientista Jessica Noviello, do Goddard Space Flight Center, foi capaz de determinar como a massa de Haumea é distribuída e como essa distribuição influenciou seu giro. A partir disso, eles começaram a simular bilhões de anos de evolução para Haumea em busca do conjunto certo de características que teriam resultado na atual configuração do planeta anão.

A equipe supõe que o bebê Haumea era cerca de 3% maior do que seu tamanho atual, com essa diferença contabilizando a criação de seus irmãos do Cinturão de Kuiper. Os cientistas também determinaram que o jovem planeta anão girava a uma velocidade diferente e que seu volume era maior do que é hoje.

As modelagens de Noviello e sua equipe revelaram que, em seus primeiros anos e durante uma época do Sistema Solar marcada por condições caóticas, Haumea colidiu com outro corpo em um poderoso impacto, que o estilhaçou.

No entanto, os pedaços que se separaram do jovem planeta anão não teriam se tornado objetos da família Haumeana. Isso porque o choque foi tão forte que atirou os pedaços para órbitas muito mais dispersas.

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Para os pesquisadores, os objetos que compõem a família provavelmente teriam se formado mais tarde, à medida que a estrutura do planeta anão foi se desenvolvendo. Neste período posterior da evolução de sua densidade, materiais rochosos afundavam no núcleo, enquanto o gelo, mais leve, subia à sua superfície.

“Quando você concentra toda a massa em direção ao eixo, ela diminui o momento da inércia, então Haumea acabou girando ainda mais rápido do que hoje”, disse Steve Desch, astrofísico da Universidade Estadual do Arizona e membro da equipe de Novielle, em entrevista ao site Space.com. “Isso resultaria em velocidades rotacionais rápidas o suficiente para jogar fora o gelo da superfície que passou a se tornar a família Haumeana”.

Este momento de inércia teria aumentado ainda mais, diminuindo a taxa de rotação do planeta anão como resultado da radioatividade das rochas do gelo de sua superfície derretida. A água alojada no centro de Haumea fez com que o material rochoso inchasse, formando um grande, mas menos denso, núcleo de argila.

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