Composta principalmente por nitrogênio, metano e monóxido de carbono, a atmosfera de Plutão está, gradualmente, desaparecendo. Isso é o que indica um novo estudo, que aponta que esses gases estão reduzindo e voltando a formar gelo, à medida que o planeta anão se afasta cada vez mais do Sol.

De acordo com a pesquisa, que foi publicada na seção American Astronomical Society do periódico Planetary Sciences Annual Meeting, conforme as temperaturas caem na superfície, o nitrogênio vai congelando, o que está fazendo a atmosfera esvanecer.

Segundo estudo, os gases na atmosfera de Plutão estariam reduzindo. Imagem: AleksandrMorrisovich – Shutterstock

A avaliação foi feita usando o método conhecido como ocultação (que já abordamos aqui), que consiste em usar uma estrela distante como luz de fundo para os telescópios na Terra darem uma olhada no que está acontecendo no objeto alvo – neste caso, Plutão. 

“Cientistas têm usado ocultações para monitorar mudanças na atmosfera de Plutão desde 1988″, disse o cientista planetário Eliot Young, pesquisador do Southwest Research Institute (SwRI), no Texas.

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“A missão New Horizons obteve um perfil de densidade excelente em seu sobrevoo de 2015, consistente com a atmosfera volumosa de Plutão dobrando a cada década, mas nossas observações de 2018 não mostram essa tendência continuando a partir de 2015”, explicou Young.

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De acordo com o Science Alert, a atmosfera de Plutão é criada a partir do gelo vaporizado na superfície, com pequenas mudanças na temperatura levando a mudanças significativas em sua densidade aparente. A maior geleira de nitrogênio conhecida é a Sputnik Planitia, a parte ocidental da área em forma de coração de Tombaugh Regio, visível na superfície de Plutão.

Plutão está cada vez mais distante do Sol

Atualmente, o planeta anão leva 248 anos terrestres para fazer uma órbita ao redor do Sol, em um ponto chegando a 30 unidades astronômicas (UAs) do Sol – o que representa 30 vezes a distância entre nossa estrela e a Terra.

Essa distância está crescendo, deixando Plutão com menos luz solar e temperaturas mais baixas. O aumento na densidade da atmosfera observado em 2015 é provavelmente devido à inércia térmica – calor residual aprisionado nas geleiras de nitrogênio que tem uma reação retardada ao aumento da distância entre Plutão e o Sol.

“Uma analogia a isso é a maneira como o Sol aquece a areia na praia”, diz a cientista planetária do SwRI, Leslie Young. “A luz solar é mais intensa ao meio-dia, mas a areia continua absorvendo o calor ao longo da tarde, por isso é mais quente no final da tarde”.

Nos últimos anos, astrônomos foram capazes de determinar que existem montanhas cobertas de neve em Plutão e oceanos líquidos sob sua superfície – duas descobertas que podem nos dizer mais sobre como a atmosfera do planeta anão opera (e ambas surgiram como resultado da missão New Horizons).

As observações de 2018 se beneficiaram de um ‘flash central’, indicando que os telescópios usados ​​olhavam diretamente para Plutão enquanto as medições atmosféricas eram calculadas, aumentando ainda mais sua credibilidade.

“O flash central visto em 2018 foi de longe o mais forte que alguém já viu na ocultação de Plutão”, diz Leslie. “O flash central nos dá um conhecimento muito preciso da trajetória da sombra de Plutão na Terra”.

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