A sexta-feira (4) marcou o fim de uma era para inúmeros trabalhadores do Twitter no mundo todo. Conforme adiantado na quinta-feira (3), diversos funcionários do pássaro azul amanheceram sem seus empregos.

Entre os demitidos, indignação, raiva, choro e ataques a Elon Musk. Entre os que seguem contratados pela empresa, tensão e incerteza marcaram o dia e devem seguir como pauta nas próximas semanas.

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Os agora ex-funcionários da plataforma subiram no próprio Twitter as hashtags #LoveWhereYouWorked e #OneTeam, informando que foram desligados da empresa.

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Já se sabe de cortes nos EUA, França e Brasil, com previsões de cortes no mundo todo. Segundo o The New York Times, pelo menos 3,7 mil pessoas, metade da massa operária da empresa, foram dispensadas.

Entre os demitidos, estão pessoas que participaram da criação da rede social, como o diretor geral na França, Damien Viel. “Todos os meus pensamentos, respeito, energia e amor a todos os tweeps [como os funcionários do Twitter se chamam] ao redor do mundo hoje. Construímos juntos o aplicativo mais incrível do planeta. Vamos nos orgulhar de tudo que fizemos e como fizemos #lovewhereyouwork”, tuitou.

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“Rolar (a tag) #LoveWhereYouWork é de partir o coração. Esta empresa foi feita dos seres humanos mais talentosos, orientados para a missão e atenciosos. Essas pessoas fizeram dele um lugar tão especial”, postou a diretora de comunicação externa e relações públicas, Audrey Herblin.

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Uma boa parte dos dispensados eram das áreas de moderação de conteúdo, ética, transparência, responsabilidade e inteligência artificial. O enfraquecimento nessas áreas pode vir a comprometer o trabalho para minimizar discursos de ódio e outros posts ofensivos e falsos que são escritos na plataforma.

“Sim, a equipe se foi. A equipe que estava pesquisando e pressionando por transparência algorítmica e escolha algorítmica. A equipe que estava estudando amplificação algorítmica. A equipe que estava inventando e construindo ferramentas e metodologias de IA éticas. Tudo isso se foi”, lamentou a engenheira de software, Joan Deitchman.

https://twitter.com/JoanDeitchman/status/1588430085035474944

“Estou oficialmente fora. Foi o maior prazer fazer parte da família de pesquisa de ML Responsável no Twitter no último ano e meio – mais anúncios estão por vir”, afirmou a analista de experiência do usuário (UX) Irene Font Peradejordi.

Entre os brasileiros dispensados, Edson Caldas foi um que se lamentou. “Trabalhar no Twitter mudou completamente minha vida. Por mais de 4,5 anos, trabalhei com o grupo mais talentoso de pessoas (em vários países). E sempre terei orgulho do impacto que tivemos na plataforma. Se você precisa de profissionais altamente qualificados, basta #HireATweep !”

Críticas à gestão de Musk também foram vistas no Twitter. Segundo o jornalista Andy Ngô, o engenheiro de software Enrique Rueda postou a seguinte mensagem em seu perfil:

“A aquisição do Twitter por Elon não é pela liberdade de expressão. É literalmente uma tentativa de criar uma caixa de ressonância para ele e seus amigos, cujas visões e retórica conservadoras não foram toleradas em nenhum outro lugar. Veja sua resposta ao AOC, sua abordagem de comunicação com os funcionários, os sentimentos que ele expressa em sua página, sua abordagem para ‘melhorar o aplicativo’. O Twitter está prestes a perder toda a sua moderação de conteúdo, suporte de infraestrutura e metade de sua força de trabalho. Se você mantiver ou excluir o aplicativo, apenas entenda como usuário, como consumidor, para onde estão indo seus dados, seu dinheiro e sua energia quando você participa da praça global do Elon.” Minutos depois, ele teria excluído sua conta.

A forma como os funcionários do Twitter tem recebido suas demissões é motivo de polêmica. Isso porque os primeiros demitidos se deram conta disso ainda na noite de quinta-feira (3), quando tentaram acessar seus e-mails corporativos, Slacks, entre outros, e perceberam não terem mais acesso.

Um deles foi Chris Younie, que trabalhava na filial de Londres, Inglaterra, que checou seu computador às 3h e descobriu que havia sido demitido. “Bem, isso não parece promissor. Não é possível fazer login em e-mails. Mac não liga. Mas tão grato que isso está acontecendo às 3h da manhã. Realmente aprecio a consideração dos caras quanto ao timing. Enquanto isso, para todos no Twitter, vocês são os melhores”, escreveu sarcasticamente em sua conta no Twitter.

Às 9h, horário de entrada dos funcionários, foi a “Hora H”, pois quem recebeu um e-mail do Twitter em sua conta corporativa, permanecerá na empresa (ao menos por ora), enquanto quem recebeu somente em seu e-mail particular, está fora da companhia.

Will Oremus, jornalista do The Washington Post, teve acesso ao comunicado oficial da empresa sobre o assunto do parágrafo acima:

“Aqui está a primeira comunicação oficial da nova liderança do Twitter para sua equipe, uma semana depois que Musk assumiu: um jogo divertido onde você descobre se foi demitido ou não às 9h de amanhã, com base em se o e-mail aparece em sua conta do Twitter ou conta pessoal”, comentou.

Nos EUA, um grupo de recém-desligados da empresa já estaria se mobilizando ação contra a empresa, alegando não ter recebido aviso prévio da rescisão contratual, ferindo as leis trabalhistas locais.

Com informações de UOL e The New York Times

Imagem destacada: Alexander Shatov/Unsplash

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