Um estudo recente revelou que 1,35 bilhão de adolescentes e jovens adultos correm risco de perda auditiva devido ao uso de fones de ouvido com música alta e a frequência em ambientes com a mesma característica, como shows e baladas. A pesquisa, uma revisão sistemática que reuniu outros 33 estudos, envolveu quase 20 mil participantes com idades entre 12 e 34 anos. 

O artigo explicou que a chamada ‘escuta insegura’ são sons com níveis acima de 80 decibéis ouvidos por mais de 40 horas por semana. Para pontuar o risco, os pesquisadores destacaram que esse nível está acima do que a maioria dos estados australianos exige nas indústrias para pedir a proteção contra ruídos, com o uso de protetores auditivos — conhecidos como EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). 

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O levantamento mostrou que a maioria ouve sons com níveis a 105 dB nos fones, confirmando que a taxa de práticas inseguras está consideravelmente alta: 24% deles ouvem música em dispositivos pessoais em níveis inseguros e 48% em locais de entretenimento barulhentos. Os decibéis em boates, eventos ou shows ao vivo podem alcançar 112 dB. 

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Os resultados coincidem com estudos anteriores, conduzidos pelos Laboratórios Acústicos Nacionais da Austrália e pelo Centro de Pesquisa Cooperativa de Audição, e reforçam as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) — o órgão estima que mais de 430 milhões de pessoas em todo o mundo já tenham uma perda auditiva incapacitante e a prevalência pode dobrar se a prevenção da condição não for priorizada. 

Pensando nisso, em 2015, a organização até lançou a iniciativa Make listening Safe para encorajar os jovens a proteger sua audição. 

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celular tocando música
Imagem: Alexeysun/iStock

Então não posso ouvir música alta? 

Quem não ama música, não é mesmo? E para os pesquisadores, se as pessoas quiseram continuar desfrutando do prazer de um bom hit ou um show ao vivo por muito mais tempo, o ideal é proteger a audição agora e se adequar aos níveis de segurança.  

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Ruídos ou músicas em decibéis muito elevados podem matar células ciliadas e membranas no ouvido interno (diagnóstico chamado de sinaptopatia coclear) e, uma vez que nesse progresso a audição é perdida, não há como recuperar essas células. O artigo ainda ressaltou que os danos auditivos são cumulativos ao longo do tempo, ou seja, é se importar com o você do futuro, já que as consequências não serão sentidas agora, mas nos próximos anos. 

“Assim como o sol e a pele, precisamos estar cientes dos riscos à nossa audição e tomar as medidas necessárias para nos proteger”, comparou Robert Cowan, Pesquisador Professorial de Audiologia e Fonoaudiologia da Universidade de Melbourne, em artigo no The Conversation

A tecnologia ajudando na audição segura

Como sugestão, o especialista recomendou o uso de protetores auriculares em alguns momentos durante shows, eventos que geralmente ficamos por horas. Vale lembrar também que, hoje, com o avanço da tecnologia, os celulares possuem softwares de alerta para quando o volume está acima do recomendado, seja Android ou iOS; no iPhone, por exemplo, é possível não apenas controlar o volume e criar alertas, como editar a luminosidade, que pode ser desconfortável aos olhos — um recente levantamento indicou que o Brasil terá quase o dobro de míopes em 2040, grande parte serão as crianças de hoje ante ao uso excessivo de eletrônicos.

Um estudo publicado na iScience, inclusive, relacionou os AirPods Pro, da Apple, com aparelhos auditivos, tamanha sua qualidade. No entanto, especialistas fazem ressalvas, já que os dispositivos de uso recreativo não devem ser misturados — ou substituir — aos de uso clínico. Saiba mais sobre esse tema aqui!

“As práticas auditivas inseguras são altamente prevalentes em todo o mundo e podem colocar mais de 1 bilhão de jovens em risco de perda auditiva. Há uma necessidade urgente de priorizar políticas focadas na escuta segura. A Organização Mundial da Saúde fornece materiais abrangentes para auxiliar no desenvolvimento e implementação de políticas”, concluiu os pesquisadores. O estudo foi originalmente publicado na BMJ Global Health.

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