Prós
  • Autonomia enorme
  • Conforto e luxo de sobra
  • Assistência de direção mais completa do mercado
  • Tela gigante no meio, parece Tesla
Contras
  • Carregador tipo 2 muito lento
  • Tela enorme tem uso (muito) limitado

A BYD é uma empresa novata no Brasil para muita gente, mas de certa forma ela não é não. A marca vem gradualmente movendo os pauzinhos para conseguir abrir espaço no mercado nacional de veículos elétricos, envolvendo até mesmo ônibus municipais de algumas cidades. Neste meio tempo ela também traz carros, especialmente seus modelos conhecidos como os “Tesla da China”.

E antes que você levante pontos duvidosos sobre veículos ou tecnologias chinesas, saiba que a própria Tesla está comprando baterias de carros elétricos da BYD, a mesma que equipa o Tan.

publicidade

Leia também

Bom, eu passei alguns dias com o BYD Tan, um SUV de sete lugares, com dois motores com quase a mesma potência do Porsche Taycan GTS, mas que por dentro entrega luxo e requinte, com espaço para toda a família viajar junto. Vem comigo que te conto minha experiência, mas antes eu preciso agradecer a Movida que emprestou esse carro.

publicidade

Review do BYD Tan em vídeo

BYD Tan tem bigode de dragão e radar high-tech

Começando pela frente, ela é bem imponente em uma grade grande, com bigode do dragão chinês e um símbolo que não é da marca BYD, mas sim um ideograma com significado de Tang e que é a representação dessa dinastia na China.

Por aqui o carro oferece radar do piloto automático adaptativo, no modo anda e para. Faróis em LED e em três projetores que conseguem iluminar para o lado sempre que você começa a fazer curva. Curti!

publicidade

Abrindo o capô…nada! Neste local você pouco vê um dos dois motores, cada um em um eixo e isso faz dele um SUV enorme e com tração nas quatro rodas. São 517 cavalos somados, com torque de 69,3 kgf. Não é muito distante do Porsche Taycan GTS que eu testei não faz muito tempo. Pense: é praticamente a força de um superesportivo em um SUV alto, nada aerodinâmico e que pesa quase 2,5 toneladas. É surpreendente.

BYD Tan (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
BYD Tan (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

A bateria é um dos pontos importantes do BYD Tan. Ela tem 86,4 kW de capacidade e entrega cerca de 430 quilômetros, que variam conforme o seu pé pisa no acelerador. Ela é feita em lâminas, que podem ser perfuradas e ainda assim não entram em combustão tão facilmente. O conjunto ocupa mais espaço que algumas concorrentes para autonomia que oferece, mas essa segurança extra foi o que fez Elon Musk encomendar esse tipo de componente para os carros da Tesla.

publicidade

Ela não tem a maior densidade de carga da indústria e dos concorrentes, mas é mais segura. Isso se reflete na recarga. O Tan usa um conector do tipo 2 para até 8 kW e isso é muito, mas muito pouco. Nos meus testes eu não passei de 6,5 kW e o resultado foi decepcionante. Eram longas horas, até 15 delas para recuperar a bateria por completo.

BYD Tan com carregador lento para tanta bateria (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
BYD Tan com carregador lento para tanta bateria (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

A fabricante diz que ela aguenta até 110 kWh entrando e eu testei em dois carregadores turbo, dos pouquíssimos que existem no Brasil e ambos eram de 150 kWh, mas eu só consegui 14 kW entrando pelo cabo e isso tornou a experiência muito, mas muito ruim. Precisei de cinco horas para sair de 13% e chegar perto de 80% na estrada, neste carregador.

Tem um agravante extra: esse carro não vem com carregador de tomada, daqueles de emergência e que estão presentes em carros que custam muito menos que o BYD Tan. Eu fui até o interior paulista no final de semana e na casa eu poderia deixar o veículo plugado na tomada a noite toda, mas não. Não deu. Esta recarga é lenta, mas é melhor pouco do que nada.

Porta-malas pode ter 235 ou 1.655 litros

Última fileira espreme o porta-malas (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Última fileira espreme o porta-malas (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Com a fileira deitada, porta-malas é grande (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Com a fileira deitada, porta-malas é grande (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Enfim, indo para traseira, fiquei surpreso. Uma faixa iluminada liga as duas lanternas e é tudo em LED para todo lado. Até o pisca faz um efeito bacana de movimento. No porta-malas são 940 litros se você baixar os bancos da última fileira. Com eles de pé o volume cai para 235 litros. Ou você leva a família e amigos, ou bagagem. Precisa escolher, mas se a viagem contar somente com o motorista e um passageiro, a segunda linha também pode ser deitada e a capacidade sobe 1.655 litros. É quase uma van.

Todo o porta-malas é forrado, nenhum plástico aparente e ele conta com tomada capaz de liberar 12 volts. Não tem estepe, mas sim kit para reparo. As rodas são aro 22 e bem bonitas. Fechando a parte externa, o vão entre o solo e o carro é de 15 centímetros, mas as baterias deixam a entrada dele bem alta.

Entrar na última fileira é uma tarefa complicada, até para os mais magros. O espaço dela é basicamente para dois adultos bem apertados, ou para duas crianças com alguma folga. Achei chato não ter nada para quem vai lá, como uma uma porta USB que seja ou saída de ar.

BYD Tan (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
BYD Tan (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

É possível empurrar a segunda fileira para frente ou para trás e dar mais conforto para quem está lá no fundo. Todo o acabamento dos bancos é em couro e o teto solar cobre até quem está por lá. Todas as portas têm arremate em camurça e com couro costurado – nada de plástico.

Banco e volante abrem espaço para você

Já na frente o conforto é ainda maior. Os ajustes dos bancos são todos elétricos e eles contam com motores até no volante. Existe resfriamento e aquecimento nos assentos deste local e onde o motorista senta, com o banco e volante se afastando sempre que você abre a porta para entrar ou sair, voltando quando o usuário senta e tranca o carro ou fecha a porta.

BYD Tan (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Tela deitada (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

O acabamento do painel é um misto de camurça, couro e black piano, requinte que só, mas o que mais chama atenção é a central multimídia. São 15,6 polegadas de tela, que gira!

BYD Tan (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Tela de pé (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Ela é grande como num Tesla, mas acredito que pega aquele sentimento dos celulares chineses: a ideia é ótima, a execução dela vai bem no hardware, mas no software a empolgação está longe de acompanhar os outros pontos. Primeiro por não ter muito o que fazer aqui, já que não existe Apple CarPlay, nem Android Auto e nem mesmo espelhamento do celular em outra tecnologia. Ao menos tem Waze e Spotify em apps, pois atrás dessa interface existe um Android controlando o sistema.

A tela enorme é um deleite, mas com uso limitado

O problema é que ele não tem acesso para a Play Store, então esse Waze e o Spotify foram instalados pelo APKMirror, que exige um conhecimento considerável sobre o sistema operacional para manter os apps atualizados, já que eles não recebem os updates de forma automática.

No geral, eu senti que o Waze poderia ao menos ter integração com o carro, como tem o Google Maps nos Volvo mais recentes e que mostram até a autonomia da bateria prevista para quando o motorista chegar no destino. Por fim, a internet para estes aplicativos precisa sair do seu celular, via um Wi-Fi em um ponto de acesso criado pelo usuário.

BYD Tan (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
BYD Tan (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Resumindo: esse carro custa R$ 530 mil, a tela enorme é bacana e chama muita, mas muita atenção, mas imagine se nem o Waze estivesse aqui. Você usaria para que? Tem YouTube, mas ele não abriu em momento algum dos testes. Então seria sei lá, um telão para ver qual rádio está selecionada, e só.

Tem uma coisa até chata, ao menos para mim: o controle do ar condicionado está todo dentro da tela, em interface gráfica. Esta parte do BYD Tan poderia ganhar controles físicos, até para o ajuste mais facilitado pelo motorista, enquanto dirige.

Enfim, é possível fazer uma coisa extra aqui que é controlar a câmera em 360 graus, que projeta o carro na central multimídia, como num jogo. Mudando para a tela do motorista, ela informa o que você precisa, como velocidade, autonomia e os sistemas de assistência de direção, que estão entre os melhores que já usei até hoje, mas eu esperava que essa telinha fosse mais personalizável. Falta opção para colocar algo aqui, como faz bem a Volkswagen.

BYD Tan (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Câmera em 360 graus por fora (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

BYD Tan quase dá direção autônoma

Já nas assistências para direção, o BYD Tan tem piloto automático adaptativo com para e anda, com assistente de permanência em faixa. Ele consegue manter o carro no meio dela e virar o volante para acompanhar a estrada, ou a rua.

Em alguns carros o assistente para manutenção de faixa funciona só na estrada, mas esse vai até na rua da cidade mesmo. Basta ter pintura correta, mesmo que não em sua totalidade e pronto, a câmera do retrovisor vai ver, entender e agir. A direção não é exatamente autônoma, já que você ainda precisa tocar no volante de tempos em tempos para dizer para o carro que você não dormiu na viagem.

BYD Tan (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Câmera interna do carro (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Falando em câmera, tem outra dentro do carro para você filmar e fotografar quem tá andando nele. Se privacidade for um problema, tem uma portinha física de plástico opaco e é só fechar. Ao menos é possível filmar o lado de fora ou fotografar e fica tudo salvo na memória interna de mais de 100 GB, mas também é possível colocar um cartão microSD e jogar tudo para lá.

Em assistência, tem até um recurso bacana que fecha o vidro se o limpador de para-brisa automático detectar chuva.

BYD Tan: vale a pena?

Voltando para a parte de “motor”, saiba que o BYD Tan consegue ir de 0 até 100 km/h em menos de 4,8 segundos, com retomadas de 60 até 100 km/h em 3,5 segundos. São números impressionantes para um SUV de sete lugares, que tende a não ter muita força. Jogando tudo isso na conta, vale a pena levar este carro? Vale.

BYD Tan (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
BYD Tan (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

O acabamento é impecável, com itens de luxo esperados em marcas como Audi, Porsche e BMW. O sistema de assistência de direção é o mais completo que já usei, o gerenciamento de autonomia das baterias também funciona bem. A tela imensa no meio do carro dá a sensação de um Tesla, mas ela tem seu uso muito limitado.

Eu sei que usar Android com acesso completo para a Play Store tem custo, mas este é um carro com valor superior ao de meio milhões de reais. Custo não é exatamente um problema, né? O Waze funciona bem, mas poderia ser a versão feita para carros, que exibe até a autonomia da bateria quando o destino for alcançado.

Outro ponto que me desagradou foi a recarga, muito lenta para uma bateria tão grande. A modalidade rápida é suficiente para o cotidiano, mas não ultrapassar 6 kWh no tipo 2 é doloroso. Certamente o carro que testei tinha problemas para o padrão CCS, então não vou levantar como ponto negativo neste momento.

Mesmo assim, mesmo com esses tropeços, fica claro que a BYD chegou forte com o Tan. Ela entrega carro de luxo, com preço de luxo, requintes de luxo e motor com potência próxima de um Porsche, mas com a capacidade de levar a família toda. Ele é, ao menos até o momento da publicação deste review, o melhor SUV elétrico para quem precisa levar muita gente no rolê.

Nossa avaliação
Nota Final
9.7
  • Design
    9.0
  • Conforto
    10.0
  • Estabilidade
    10.0
  • Potência
    10.0
  • Custo-benefício
    9.0
  • Acessórios
    10.0