“Obra-prima” do Egito Antigo mostra detalhes impressionantes

Uma pintura na cidade Amarna no Egito retrata pássaros em uma região pantanosa, agora cientistas identificaram as espécies representadas
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 16/12/2022 20h00, atualizada em 19/12/2022 09h53
Pombos-da-rocha retrados em copia de mural egípcio[imagem: Domínio público; The Metropolitan Museum of Art, Nova York; Antiquity Publications Ltd.]
(Crédito da imagem: Domínio público; The Metropolitan Museum of Art, Nova York; Antiquity Publications Ltd.)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma pintura egípcia datada de mais de 3300 anos atrás mostra pássaros voando e uma vegetação pantanosa. O interessante, é que mesmo muito tempo depois os cientistas ainda sim podem nomear as espécies presente na “obra-prima”. A pintura está localizada na atual cidade de Amarna, a 300 quilômetros da capital Cairo.

A obra pintada nas paredes da antiga capital egípcia de Akhetaton, atual Amarna, já havia sido estudada anteriormente e chegaram até a examinar os animais e plantas retratados. Entretanto, na nova pesquisa, os arqueólogos foram mais fundo na investigação das formas de vida.

Entre as aves retratadas estão pombos-das-rochas (Columba livia), martim-pescador-de-coleira (Ceryle rudis), um picanço (Lanius collurio) e uma alvéola branca (Motacilla alba). Os pesquisadores usaram pesquisas ornitológicas e taxonômica anteriores para definir as espécies. Além disso, ela também retrata pântanos de papiro e nenúfares, plantas aquáticas da família da flor de lótus e vitória régia.

Os pássaros martin-pescador e pombos-da-rocha retratados nas pinturas podem ser encontrados até os dias atuais no Egito. Os pombos-da-rocha são aves selvagens dos penhascos desérticos da região, e não aos pântanos de papiro como retratados. Os pesquisadores acreditam que a escolha de representar esse pássaro na obra, foi simplesmente para deixar mais bonito.

Entretanto, o picanço e a alvéola branca são espécies migratórias do país, sendo comuns de agosto a novembro e outubro a abril, respectivamente. A retratação dessas aves são um pouco diferentes da realidade, suas caudas são retratadas em formas triangulares. Os egiptólogos acreditam que essa estética é justamente para indicar que elas eram espécies sazonais do Egito.

Pombos-da-rocha retrados em copia de mural egípcio[imagem: Domínio público; The Metropolitan Museum of Art, Nova York; Antiquity Publications Ltd.]
(Crédito da imagem: Domínio público; The Metropolitan Museum of Art, Nova York; Antiquity Publications Ltd.)

Leia mais:

Obras do Egito foram descobertas no século passado

As pinturas foram descobertas entre 1923 e 1925 e a obra original não existe mais. As representações que se encontravam no local que hoje é conhecido como Quarto Verde, eram frágeis e na tentativa de preservá-las em 1926, os pesquisadores acabaram estragando. O consolidante usado para fortalecer a pintura acabou descolorindo e escurecendo as figuras. O estudo recente é feito com base em uma das fac-símiles, cópias, das obras.

Os pesquisadores acreditam que o Quarto Verde foi construído para que a família real pudesse relaxar. Eles ainda vão além, ao teorizar que ele também possuía plantas e música tocada. “Uma sala adornada com, em qualquer medida, uma obra-prima da arte naturalista, cheia de música e perfumada por plantas cortadas, teria sido uma experiência sensorial notável” escreveram eles no artigo.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.