Pequenos pedaços do asteroide Itokawa, trazidos à Terra por uma missão da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), foram analisados por cientistas australianos, que descobriram dados importantes que podem auxiliar nas pesquisas de defesa planetária e de objetos espaciais potencialmente perigosos ao nosso planeta.

Asteroide Itokawa registrado por estudo anterior sob ângulos variados. Créditos: Saito, J; Miyamoto, H.; Nakamura, R. et al

Eles examinaram três fragmentos que foram coletados durante a missão Hayabusa, que retornou à Terra em junho de 2010. Embora sejam pedacinhos muito pequenos (menores que um grão de arroz), isso não foi um empecilho para o grupo de pesquisadores. 

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Segundo os autores, o asteroide, que está a dois milhões de quilômetros da Terra e tem aproximadamente 500 metros de comprimento, é um corpo extremamente difícil de destruir e bastante resistente a colisões.

Ao analisar o impacto de partículas minúsculas que deixaram marcas na superfície dos grãos, os cientistas descobriram que a rocha espacial foi formada nos primórdios do Sistema Solar, há cerca de 4,2 bilhões de anos.

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Um dos fragmentos minúsculos do asteroide Itokawa analisados pelos cientistas australianos. Crédito: Celia Mayers/Curtin University

Publicado nesta segunda-feira (23) no Proceedings of the National Academy of Sciences, o estudo também confirma a teoria de que o asteroide Itokawa se originou de um objeto maior que foi estilhaçado por uma colisão, se transformando numa pilha de fragmentos agregados.

“Esse tempo de sobrevivência tão surpreendentemente longo para um asteroide do tamanho de Itokawa é atribuído à essa natureza de choque absorvente que é característica do material que forma essa pilha de escombros”, disse o principal autor do estudo, Fred Jourdan, professor da Escola de Ciências da Terra e Planetárias da Universidade Curtin, na Austrália

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“Ao contrário dos asteroides monolíticos, o Itokawa não é formado por um único pedaço de rocha, mas pertence à família de pilhas de escombros, o que significa que ele é inteiramente feito de pedras e rochas soltas, com quase metade sendo espaço vazio”, acrescentou o professor.

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O estudo sugere que a durabilidade de corpos celestes do mesmo tipo pode ser muito maior do que se imaginava. Como a formação do nosso Sistema Solar foi há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, mais asteroides formados por fragmentos agregados podem estar vagando pelo cinturão de asteroides, uma região entre as órbitas de Marte e Júpiter.

“A boa notícia é que também podemos usar essa informação a nosso favor”, disse o coautor do estudo, Nick Timms, também da Escola de Ciências da Terra e Planetárias da Curtin. “Se um asteroide for detectado tarde demais para um impulso cinético, podemos usar uma abordagem mais agressiva, como uma onda de choque de uma explosão nuclear para empurrar esse asteroide de pilha de escombros fora do seu curso, e sem destruí-lo”.

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